19 fevereiro, 2012

Quando nosso coração se torna uma boa terra

Para que, uma vez confirmado o valor da vossa , muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1 Pe 1:7)
Mt 3:11; 1 Co 12:4-6; Ef 4:11-12; Ap 21:18

Algumas epístolas de Paulo nos mostram situações em que ele negou a si mesmo diante de sofrimentos provindos de circunstâncias exteriores, e venceu uma série de obstáculos que podiam impedir o avanço da obra do Senhor em sua época. Isso é bom, mas não é suficiente, visto que a vida da alma costuma aparecer mesmo quando não temos problemas de ordem física, aparente.
Quando estudamos as epístolas de Pedro, recebemos mais ajuda. Por meio de sua primeira epístola, ele nos ajudou a ver que a melhor maneira de lidar com a vida da alma, isto é, com as impurezas da alma, é queimá-Ias, purificá-Ias com o fogo do Espírito assim como se purifica o ouro (1 Pe 1:6-7, 22; Mt 3:11). O ouro de 24 quilates que conhecemos possui percentual de pureza de 99,9%; ele não é 100% puro. Pedro veio nos mostrar como obter esse ouro mais precioso que o ouro perecível. Esse ouro totalmente puro é encontrado na nova Jerusalém, e é semelhante a vidro cristalino (Ap 21:18). Se fosse ouro perecível, sólido, não se poderia ver através dele. Mas ali diz que esse ouro é puro, transparente. Por meio de um constante queimar, o valor da nossa fé é confirmado e se torna muito mais precioso que o ouro perecível.

Aprendemos que, quando nossa vida da alma se manifestar, quer seja pelo orgulho, autossuficiência, ambição ou inveja, devemos colocá-Ia no fogo do Espírito, arrependendo-nos, para ser queimada, eliminada. Se ela vier a se manifestar novamente devemos submetê-Ia ao fogo do Espírito. Praticando assim, a boa terra será obtida, pois terá sido afofada e estará livre de pedras e espinhos para frutificar livremente.

Por isso, sempre que entoarmos o cântico S-38, mencionado ontem, nosso sentimento deve ser de queimar os espinhos que ocupam nosso coração e não somente retirá-los e deixá-los de lado, para não corrermos o risco deles brotarem novamente.

Deus deseja que nós governemos no mundo que há de vir. Para isso, precisamos negar a vida da alma a fim de crescermos em vida e sermos aperfeiçoados (Ef 4:11-12). Dons transformados em ministérios, e ministérios, em operações (1 Co 12:4-6). Uma vez aperfeiçoados assim, estaremos aptos para governar o mundo que há de vir.

O ponto principal da parábola do semeador é queimar a vida da alma, removendo de nosso coração todas as suas impurezas, para que a vida divina continue crescendo em nós e possamos dar frutos abundantes. Aleluia!

A semente que caiu entre os espinhos

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas (Mt 6:31-32)
Mt 13:7, 22

Ontem vimos que a terra à beira do caminho precisa ser afofada, e o solo rochoso tem de ser arado para se removerem as pedras. O resultado desse labor é uma terra abundante para receber as sementes de vida. A terceira condição do solo da parábola do semeador mostra que a terra está pronta (Mt 13:7, 22). A semente brotou e, para se desenvolver, ela precisa da luz solar.
O trigo, por exemplo, possui muitas variedades de sementes. O tipo de clima e terra determinam que variedade deve ser plantada. Além disso, as sementes são selecionadas de acordo com a necessidade de luz solar. Quanto mais luz recebida, maior será o crescimento. Semelhantemente, nós também precisamos da luz proveniente da Palavra de Deus para crescer e amadurecer.

A parábola de Mateus 13 nos mostra que a semente lançada entre os espinhos germinou e cresceu, mas os espinhos também cresceram e a sufocaram. O versículo 22 traz a seguinte explicação: "O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera". Em outras palavras, quando estamos prontos para frutificar, para ser úteis ao Senhor e ao Seu reino, os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam todo investimento feito em nós, toda palavra de Deus que foi armazenada em nós. Essas preocupações também são resultado de se viver para si mesmo. Precisamos dar um fim nisso para nos tornarmos uma boa terra e frutificarmos a cem, a sessenta e a trinta por um.

Em nosso Suplemento de hinos há um cântico chamado "O semeador saiu a semear" (S-38). Ele fala de arrancar os espinhos. Sabemos que os espinhos representam as preocupações provenientes da vida da alma. Os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas operam na esfera da alma independentemente de Deus. Apenas arrancar os espinhos ainda não é suficiente, pois estes podem brotar novamente e sufocar a planta.

Arrancar espinhos pode ser comparado a ter essas preocupações removidas por meio de sofrimentos causados por circunstâncias exteriores. Um irmão sofre um acidente e, então, no leito do hospital, ele ora: “Ó Jesus, tem misericórdia de mim! A partir de hoje vou dar mais tempo para Ti e para Tuas coisas". Entretanto, depois que é curado, se esquece de Jesus e volta para suas próprias coisas. Não é assim que acontece? Esse tipo de sofrimento não é suficiente para lidar com a origem dos espinhos: nossa vida da alma. Amanhã veremos que queimar os espinhos é o melhor caminho para lidar com aquilo que nos sufoca.