02 março, 2012

Como resolvemos nossos problemas?

Vigiar e Orar
O homem caído tem dificuldades para se envolver com as coisas de Deus (Mateus 26:36-45). Somos fortes demais para algumas coisas, mas muito fracos para outras. Quando o Senhor Jesus estava prestes a ir para a cruz, Ele chamou Seus mais íntimos discípulos para orar. Ele queria escoar um pouco Sua tristeza pela oração, queria sentir Seus principais discípulos a Seu lado. Ele imaginou que pudesse contar com Pedro e com os dois filhos de Zebedeu (Tiago e João).
Enquanto o Senhor, como uma azeitona, estava sendo pisado para virar azeite, Seu mais caloroso e empolgado discípulo dormia. Ele dormia enquanto o Senhor sofria. Por três vezes ele se achou dormindo até que o Senhor percebeu que não tinha em Pedro um companheiro na hora mais dura de sua vida terrenal: “Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima. Falava ele ainda, e eis que chegou Judas [...]”. Pedro não conseguia fazer aquilo que era mais básico, orar. Nossa alma não aprecia as coisas de Deus, ela não gosta de ler a Bíblia, pregar o evangelho, ofertar e outras coisas relacionadas com Deus. Mas tão logo os que iam prender Jesus chegaram, todos conduzidos por Judas, ele, Pedro “sacou da espada e, golpeando o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha” (vs. 47-51). A alma tem indisposição para as coisas de Deus, mas, quando é para agir com relação às coisas naturais, ela se levanta com muita força. Não sabemos se Pedro acertou a orelha ou errou a cabeça do servo do sumo sacerdote; a verdade é que, em nosso natural, somos muito fortes. Nossa alma é selvagem. Pedro avançou todos os “sinais vermelhos” e agiu por conta própria colocando em risco tudo o que o Senhor estava planejando.

O Senhor, que era cheio de amor, chamou ainda Judas de amigo e colocou a orelha do servo no lugar. Ele estava desfazendo o que Pedro fizera. O Senhor é assim, o tempo todo está desfazendo o que nossa alma precipitada faz. Quantas coisas negativas já fizemos e quantas dessas o Senhor teve de remendar?! Se o Senhor não remendasse a maioria das coisas que fazemos, enfrentaríamos muitos problemas em nossa vida, mas Ele, mesmo sem o sabermos, está continuamente colocando no lugar a “orelha do servo do sumo sacerdote que cortamos”.

Como você resolve seus problemas: com agressão, gritos, xingamento ou no Senhor e com o Senhor? Muitos cristãos resolvem suas demandas “sacando da espada”. Tome cuidado: nossa alma é forte e agressiva; ela é capaz de mais coisas do que imaginamos. A violência entre as pessoas cresce cada vez mais. Sem saber, muitos estão “cortando a orelha” das pessoas por onde passam. Essa é nossa alma e é por isso que ela precisa de transformação.

Um coração sensível à vontade de Deus

Dar-Ihes-eí um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne (Ez 11:19)
Ez 36:26; Mt 3:16; 24:51; 25:30; 1 Co 3:15

Por termos nascido de Deus, já recebemos Sua vida, de modo que, mesmo que o Senhor não nos aprove no tribunal de Cristo, não seremos lançados no lago de fogo, mas passaremos pela disciplina do reino. Deus disciplina o filho a quem ama (Hb 12:6-7). Isso significa que, mesmo quando fracassamos, Deus, como Pai, continua a nos amar e não desiste de nós. Por isso os filhos de Deus que forem reprovados serão lançados fora da presença do Senhor, onde haverá choro e ranger de dentes (Mt 8:12; 22:13; 24:51; 25:30). Essa disciplina os fará amadurecer de maneira forçada (1 Co 3:15).
Deus, porém, nos ama sobremaneira, por isso deseja algo bem melhor para nós. Sua intenção não é nos disciplinar por ocasião do julgamento, mas amolecer nosso coração, para que hoje nos arrependamos, deixando de lado a vida da alma (2 Pe 3:9b).

Certa vez, um irmão me confessou que tinha o coração duro como pedra, comparando sua situação àquela mina subterrânea do Chile na qual os mineiros ficaram presos por um longo período de tempo. A rocha ali existente era muito dura e difícil de ser perfurada, até mesmo por brocas feitas de diamante. Mesmo após uma rocha ser partida, aparecia outra embaixo, e o serviço de perfuração parecia não ter fim. O irmão desabafou que seu coração era desse jeito. Quando uma "rocha" era perfurada, logo aparecia outra.

Essa situação não é vivida somente por esse irmão, mas por todos nós. Para resolver esse tipo de problema, o conhecimento bíblico sobre a vontade de Deus não é suficiente. Podemos conhecer a Bíblia, mas ainda precisamos adotar a prática de negar a nós mesmos, nos arrependendo e confessando nossos pecados e falhas. Isso fará com que a "rocha" seja perfurada e removida. Quando, diante da luz que recebemos na comunhão com o Senhor, percebemos nossa dureza e a rejeitamos, pedindo a Ele que nos dê um coração "de carne", isto é, um coração sensível à vontade de Deus e ao sentimento do Espírito, Ele tem caminho em nós.

Vamos permitir que o Senhor inscreva Suas palavras em nosso coração e as imprima em nossa mente, nos ensinando a andar em Sua presença, pois Ele é o nosso Deus e nós somos o Seu povo. Cada um de nós precisa conhecê- Lo de uma maneira íntima, a tal ponto que Ele se agrade do nosso coração e nos aprove em Seu reino.

Glória e honra na revelação de Jesus Cristo

Eis aí está que reinará um rei com justiça, e em retidão governarão príncipes (Is 32:1). Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda (1 Jo 2:28)
Gn 1:28; Rm 14:17; 2 Co 5:10; Hb 2:5-8; Ap 11:15-18

Graças ao Senhor, Sua revelação tem sido progressiva, nos ajudando a avançar para entrarmos vitoriosos no reino. Por exemplo, antigamente não percebíamos a importância de Gênesis 1:28, mas o Senhor nos revelou que a bênção concedida ao homem e à mulher não era apenas terem sido criados à imagem e semelhança de Deus para expressá-Lo e representá-Lo, mas principalmente para sujeitar a terra exercendo Seu domínio. Isso é confirmado no Novo Testamento quando, em Hebreus 2:5-8, a Palavra nos diz que o mundo vindouro será sujeito a homens e não a anjos.
Sabemos que o mundo atual está sob a influência maligna de Satanás e dos anjos caídos (Ef 6:12; 1 Jo 5:19). Deus, porém, deseja restaurar o governo da terra a uma condição normal, sob Seu reino de justiça e paz (Is 32:1; Rm 14:17). Isso ocorrerá quando o reino desse mundo se tornar do Senhor Jesus. Naquele tempo o mundo não estará mais debaixo da influência maligna e será entregue a homens capazes de cumprir a perfeita vontade de Deus (Ap 11:15-18).

Embora, como criatura, o homem seja inferior aos anjos, ele pode alcançar uma posição superior por meio da regeneração e do processo de transformação pela vida divina. Se estamos inseridos nesse processo de renovação da mente e apuração da fé pelo fogo do Espírito, um dia seremos coroados de glória e de honra. Devemos ser ousados em permanecer nesse caminho até o fim. Se assim fizermos, negando a nós mesmos durante o tempo que nos resta, naquele dia estaremos de pé diante do tribunal de Cristo, não para sermos julgados e reprovados, mas para recebermos honra e entrarmos na glória do Senhor, que é a esfera onde desfrutamos Sua presença visível.

Se, por outro lado, não cedemos espaço em nossa alma para o crescimento da vida divina e nos sobrecarregamos com as preocupações deste mundo, naquele dia estaremos envergonhados diante do tribunal de Cristo, pois ali o Senhor não nos dará a recompensa, mas a disciplina do reino.

Por isso hoje precisamos nos arrepender, ou seja, permitir que o fogo do Espírito revele e elimine as impurezas de nossa alma, até que nossa fé apurada se torne mais preciosa que o ouro perecível. É melhor que hoje nos submetamos ao juízo de Deus, por meio do fogo purificador que arde interiormente, do que aguardar para receber a disciplina. Vamos eliminar as impurezas da alma, para que, quando o reino se manifestar, não nos afastemos Dele envergonhados, mas sejamos manifestados em glória (1 Jo 2:28).