02 junho, 2012

A prioridade para quem quer ser aperfeiçoado.

E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim (Lc 22:19)
                                                                   Jó 42:5-6; 1 Jo 1:9

A vida da alma é a origem de todos os problemas do homem, principalmente no que diz respeito a fazer a vontade de Deus. No Antigo Testamento, por exemplo, vemos a história de Caim, que tentou agradar a Deus por seus próprios métodos, mas fracassou. Outro exemplo é Jó, um homem reto e íntegro que temia a Deus, mas ainda se deixava ser influenciado pela vida da alma. Quando, por fim, Deus se revelou a Jó, ele percebeu a própria condição e abominou a si mesmo, se arrependendo no pó e na cinza (Jó 42:5-6). Isso significa que nossa primeira reação ao nos deparar com a vida da alma deve ser o arrependimento. Para obter arrependimento, precisamos receber uma revelação diretamente do Senhor, que mostra quem nós realmente somos.

Quando pecamos ou nos deixamos ser influenciados pela vida da alma, podemos nos arrepender e confessar os nossos pecados perante o Senhor. Ao aproveitarmos a oportunidade de arrependimento, provamos que o Senhor é fiel e justo para nos perdoar e purificar de todo pecado pelo Seu precioso sangue, pois este é o sangue do Filho de Deus, cuja eficácia é eterna (1 Jo 1:9). Aleluia!

Como já vimos, além de nos perdoar os pecados, o Senhor Jesus crucificou o velho homem, eliminando, assim, na cruz, a fonte da vida da alma. No aspecto objetivo, o problema da vida da alma já foi resolvido pelo Senhor, mas, no aspecto subjetivo, ainda precisamos aplicar isso em nossa experiência cristã. Essa é nossa responsabilidade hoje. Negar a nós mesmos é uma prioridade para nós se queremos seguir o Senhor. Essa foi a principal exigência que o Senhor fez quando disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16:24). Notemos que Ele não mencionou o perdão de pecados, mas apenas a necessidade de negarmos o ego.

Logo, do ponto de vista divino, eliminar a vida da alma é até mais importante do que resolver os problemas dos pecados. Por exemplo, na mesa do Senhor, Ele nos ensina primeiro a dar graças pelo pão, que representa o Seu corpo, entregue por nós. Depois, damos graças pelo cálice, que é o sangue derramado em nosso favor. Primeiro, o Senhor morreu na cruz, isto é, Seu corpo foi partido por nós. Depois, Ele derramou sangue. Esse testemunho é verdadeiro e bastante significativo.

Já recebemos o cálice da bênção, o cálice da nova aliança, mas, se não negarmos o ego, não temos como crescer na vida de Deus. Infelizmente nem todos percebem como é prejudicial e quão danoso é preservar o ego, a vida da alma. Mas, graças ao Senhor, Ele nos tem revelado que podemos nos arrepender. Nós cremos nessa palavra e queremos praticá-la: negar a nós mesmos, tomar a cruz dia a dia e segui-Lo.

Aperfeiçoados por ouvir e praticar a Palavra.

Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo (Ap 1:3)
                                                  Jo 14:16-17, 26; Gl 5:18; Ef 4:1; 5:2, 8; 3 Jo 4

João escreveu em seu evangelho detalhes profundos que ainda não haviam sido registrados. Ele deu testemunho do sangue e da água que fluíram do lado do Senhor após Sua morte na cruz. Em razão desse importante relato, obtemos a revelação de que na cruz o Senhor Jesus gerou a igreja, assim como Adão gerou Eva de uma costela retirada de seu lado. Também vemos o cumprimento de uma profecia do Antigo Testamento, segundo a qual nenhum dos ossos do Senhor Jesus seria quebrado (Jo 19:36).

Provavelmente João não entendia muita coisa no momento em que testemunhou os fatos ocorridos com o Senhor na cruz. Mas, quando ele amadureceu, o Espírito da realidade o fez lembrar de tudo o que havia testemunhado na juventude. Graças a Deus por isso!
Paulo também havia recebido revelação acerca do propósito de Deus e escreveu essas palavras em sua Epístola aos Efésios. Infelizmente, os que receberam aquela carta se limitaram a estudá-la e deixaram de lado aquilo que promove a Fé, isto é, a prática da Palavra (1 Tm 1:3-4).

A Fé a que Paulo se referia em sua epístola é o próprio Espírito da realidade, que já havia sido mencionado pelo Senhor Jesus em Seu ministério terreno (Jo 14:16-17). Quando Paulo escreveu a epístola, sua intenção era que a Fé objetiva, o plano eterno de Deus, se tornasse a fé subjetiva dos irmãos. Em outras palavras, Paulo queria que, pelo Espírito da realidade, a igreja recebesse revelação acerca da vontade de Deus e praticasse Sua Palavra. Infelizmente, isso não ocorreu, porque os irmãos permaneceram influenciados pela alma e não se voltaram ao espírito.

No final do primeiro século, foi a vez de João ser utilizado pelo Senhor para aperfeiçoar os irmãos da igreja em Éfeso, levando-os, no espírito, a praticar a palavra que já havia sido ministrada por Paulo. João foi útil àquela igreja porque o Espírito da realidade o fez lembrar de todas as palavras que o Senhor Jesus havia dito (Jo 14:26).

No Espírito da realidade não está apenas o Espírito Santo, mas o Pai e também o Filho. No evangelho, João registrou a revelação de que Deus era inacessível a nós, mas um dia Ele Se encarnou na pessoa do Filho. O Filho, por sua vez, participou de carne e sangue, vivendo na terra com a semelhança da carne pecaminosa, para realizar a obra de redenção e, por meio de Sua morte e ressurreição, tornar-se o Espírito que dá vida. Como o Espírito da realidade, que é o outro Consolador, agora Deus pode estar para sempre conosco!

João confirmou o que já havia sido escrito por Paulo. Em Efésios, vemos que a obra do Pai é nos predestinar para a filiação, dispensando-nos Sua vida. A obra do Filho é nos redimir dos pecados pelo derramamento de Seu sangue. A obra do Espírito Santo, por sua vez, é nos selar, ou seja, todas as vezes que fazemos algo aprovado por Deus, o Espírito Santo nos sela. Que obra maravilhosa o Pai, o Filho e o Espírito fazem em nós!

Vamos valorizar o ministério do apóstolo João em sua maturidade, porque ele nos ajuda a andar na graça, amor, na luz, na verdade e no espírito (Ef 4:1; 5:2, 8; 3 Jo 4; Gl 5:18).