23 agosto, 2012

Refletindo...

A importância dos grupos familiares de cuidado mútuo para o viver da igreja.
 
Comunhão sobre as Verdades Bíblicas

No santo lugar havia também o candelabro. A função do candelabro não é outra senão iluminar. O salmo 119:30 diz: "A exposição das tuas palavras dá luz" (VRC). Quando nos reunimos para ter comunhão sobre a Palavra de Deus, não devemos fazê-lo com o intuito de investigar doutrinas ou aumentar nosso conhecimento teológico; antes, devemos procurar receber luz divina. Segundo o salmista, não é a Palavra que dá luz, mas a exposição sobre ela. É o que vemos, por exemplo, em Atos 8:26-37. Nesse relato, há um eunuco lendo o profeta Isaías, mas sem receber nenhuma luz, nenhum entendimento. Foi preciso que Felipe explicasse a passagem ao eunuco para que este visse Cristo revelado. O resultado foi que creu no Senhor e foi batizado.

Por isso, as reuniões pequenas também devem ter o caráter de exposição das verdades bíblicas. Nessas reuniões devemos evitar conversas vãs, que muitas vezes, acabam por desviar-se para fofocas ou críticas. Devemos dar o lugar central de nossa comunhão à Palavra de Deus (cf. Sl 138:2). Essa exposição, no entanto, não deve ser feita por um "professor" ou "mestre", mas deve ser o resultado da comunhão entre todos. Na verdade, todos podem ensinar e todos podem falar.
Para evitar que haja dispersão durante a reunião, é recomendável a leitura de um bom livro espiritual, que apresente a economia eterna de Deus. Recomendamos a coleção Alimento Diário, que é um estudo de livros da Bíblia em fascículos. Cada fascículo traz mensagens para dois meses, divididas em pequenas porções para cada dia da semana. Na reunião, uma pessoa poderá ler uma frase, outra lê outro trecho, então alguém acrescenta um pequeno comentário ou conta alguma experiência que teve, relacionada com o que se leu. Desse modo, todos ganham suprimento espiritual, e a luz da Bíblia brilha para todos.

Se formos desse modo edificados e amadurecidos, a Palavra de Cristo estará habitando ricamente em nós (Cl 3:16) e seremos úteis para Deus, a fim de pregar o evangelho e edificar a igreja em várias cidades, cumprindo, assim, Sua economia.
A Palavra deve ser nosso "equipamento" para servir a Deus (2Tm 3:16), e com ela estaremos qualificados para ser enviados aos nossos parentes, amigos, vizinhos e, até mesmo, caso Deus assim o determine, para outras cidades e países.


Apascentar e Pastorear

Já que mencionamos o ensino das verdades bíblicas nas pequenas reuniões, devemos atentar para um fato: o dom de mestre sempre acompanha o dom de pastor. Na verdade, esses dois dons são um só. Quando ensinamos a alguém as verdades bíblicas estamos também apascentando essa pessoa. Isso só é possível quando ministramos a Palavra, não como doutrina ou conhecimento morto, mas como Espírito e vida (Jo 6:63). Assim, ao ensinarmos à verdade, estaremos também transmitindo vida. Em 1Ts 2:7, Paulo se compara a uma ama-de-leite que cuida com carinho de seus filhos. Nos versículos 11 e 12, todavia, Paulo se compara a um pai que exorta seus filhos. Ao cuidarmos dos irmãos, devemos ser tanto uma ama que alimenta com o alimento espiritual quanto um pai que ensina as verdades bíblicas.
Em João 21, o Senhor Jesus perguntou por três vezes a Pedro se ele O amava. Às respostas afirmativas de Pedro, o Senhor Jesus disse: "Apascenta os Meus cordeiros, pastoreia as Minhas ovelhas e apascenta as Minhas ovelhas".

Apascentar é alimentar os irmãos com a Palavra de Deus, e pastorear é cuidar de maneira pessoal e íntima. Na verdade, a melhor maneira de cuidar dos irmãos é alimentá-los com a Palavra viva, com a Palavra que se tornou nossa experiência e desfrute, não com mero conhecimento teórico.

Em 1 Tessalonicenses 2:9, Paulo pediu que os irmãos daquela igreja se lembrassem de seu labor e fadiga, de como, noite e dia, lhes proclamou o evangelho de Deus. Quando estivermos ensinando as verdades a alguém ou estivermos apascentando, devemos ter essa mesma disposição: fazê-lo com labor e fadiga, dia e noite. Se realmente desejamos que nossos irmãos cresçam espiritualmente, precisamos dar-nos por eles, precisamos gastar-nos, com labor e fadiga, para supri-los. Assim como a Pedro, um rebanho nos foi confiado e precisamos ser modelos para ele (1 Pe 5:2,3): por exemplo, se queremos que os irmãos orem e leiam a Bíblia, devemos ser os que oram e lêem. De nada adianta ordenar e exortar; precisamos, simplesmente, ser modelos para o rebanho.
Algumas Questões Práticas.

Sem dúvida, as reuniões pequenas são a melhor maneira de todos os irmãos desenvolverem seus dons. Por isso, há algumas questões práticas às quais devemos atentar, a fim de tirar o máximo proveito de tais reuniões.

O primeiro ponto importante a lembrar é que essas reuniões não são um tipo especial de igreja caseira nem são o embrião de uma nova denominação ou grupo cristão. Devemos posicionar-nos seriamente pela unidade do povo de Deus, observando a base bíblica da unidade: uma cidade, uma igreja. Desse modo, as pequenas reuniões devem ser apenas um instrumento auxiliar para a edificação da igreja em determinada cidade. Devemos rejeitar a idéia de ter um grupo sob nosso comando, mas devemos entregar-nos a ajudar cada irmão a crescer espiritualmente e a trabalhar ativamente pela unidade entre os filhos de Deus.
Os cristãos têm-se dividido pelas mais diversas razões. Há grupos que se originaram de divergências doutrinárias ou de discórdias pessoais. Mas dentro das divisões há também subdivisões: há "igrejas" que reúnem apenas pessoas de determinada nacionalidade, ou gostam de determinado tipo de música, ou pertencem à mesma classe social. Isso é totalmente contrário ao ensino da Bíblia. No novo homem, na igreja, não há qualquer tipo de divisão ou acepção de pessoas. O mesmo princípio deve ser observado nas pequenas reuniões: não pode haver preferência nem rejeição por nenhum tipo de pessoa.

As pequenas reuniões familiares são ideais para reunir pessoas que moram próximas. Há irmãos idosos que têm dificuldade de se locomover e há vizinhos que têm dificuldade de ir a um local de reuniões da igreja, por causa da distância. Mas é fácil aceitar um convite para uma reunião informal na casa de um vizinho. Pode-se, até mesmo, sugerir para essas pessoas que abram sua casa para uma reunião.
Reuniões assim são também o ambiente ideal para que irmãos novos sejam alimentados. Esses cristãos recém-convertidos que, muitas vezes, não têm ainda clareza do que ocorreu com eles, normalmente são cheios de amor e de interesse pelo Senhor, mas ainda são tímidos para falar de sua fé. Desse modo, numa pequena reunião eles se sentirão à vontade para falar e fazer perguntas quando tiverem dúvidas. O mesmo se aplica a cristãos que ainda não se reúnem na base da unidade. Se participarem dessas reuniões, onde podem perguntar, falar e ouvir, pouco a pouco eles verão o que Deus deseja para Seus filhos e certamente também optarão pela base da unidade.

Outro objetivo das reuniões de casa é pregar o evangelho. Devemos sempre convidar nossos vizinhos, colegas e parentes a fim de apresentar-lhes Cristo como Senhor, Salvador e vida. Devemos, contudo, ter o cuidado de não fazer dessas pessoas o centro da reunião. A reunião deve ser normal, com a participação de todos, pela leitura de um livro especialmente escolhido para ela, ou comunhão sobre determinado assunto espiritual. Mas, vez por outra, convidamos as pessoas a lerem ou tecer algum comentário sobre a leitura. Pouco a pouco, elas irão abrindo o coração e poderão receber Cristo como seu Senhor.

Por fim, para que as reuniões de casa alcancem o maior número possível de pessoas, elas não devem ser sempre na mesma casa nem obedecer a um rodízio fixo entre os participantes. Isso impede que novas casas sejam abertas e que novas pessoas sejam alcançadas. O ideal é perguntar-se, ao final de cada reunião, quem gostaria de ter uma reunião como aquela em sua casa. Dessa forma, se um dos convidados foi tocado pela Palavra ou se genuinamente se converteu, provavelmente desejará ter uma reunião em sua casa, a fim de convidar outros. Quanto mais desfrutável e "apetitosa" for a comunhão nessa reunião, mais os irmãos novos e os convidados desejarão ter algo semelhante em suas próprias casas. Desse modo, a igreja crescerá espiritualmente e em número.


Tamanho Uniforme

Além de ter igual largura, todas as tábuas tinham o mesmo comprimento, dez côvados. Como elas representam os cristãos individualmente, o fato de serem da mesma altura indica que, aos olhos de Deus, todos os Seus filhos são iguais e igualmente importantes. Deus jamais desejou que apenas um pequeno e privilegiado grupo de cristãos O servisse, enquanto o restante permanecesse passivo, apenas assistindo ou ouvindo. A vida divina que recebemos na regeneração capacita-nos a servir ao Senhor, funcionando em Seu Corpo como membros vivos (cf. 1Co 14:31).

Por exemplo, quando nos reunimos com alguns irmãos numa casa, para uma comunhão informal, todos ali são iguais, não deve haver líderes e todos devem funcionar. Cada cristão recebeu do Senhor diferentes talentos; alguns receberam um talento, outros, dois, e outros, cinco talentos. De maneira geral, é suficiente usarmos apenas um talento nessas reuniões. Mesmo que sejamos pessoas de cinco talentos, devemos usar apenas um. Se usarmos todas as nossas capacidades e habilidades espirituais, inibiremos os de um talento de usarem o deles. A tradição cristã estabeleceu que os irmãos de dois e cinco talentos devem liderar as reuniões e que somente eles podem falar por Deus. No entanto, de acordo com a revelação da Bíblia, especialmente nas epístolas aos romanos, aos coríntios e aos efésios, vemos que essa prática é totalmente contrária à vontade de Deus.

É preciso ressaltar isto: a Bíblia revela que todos os cristãos podem falar por Deus. Talvez tenhamos dificuldade de compreender essa verdade por estarmos habituados apenas a ouvir os irmãos de cinco talentos. Sem dúvida, é muito bom que ouçamos o ministrar da Palavra de Deus por meio de cristãos maduros e experientes. Por falarem por Deus, tais irmãos recebem mais da sua graça. Mas e nós que ouvimos? Onde está o exercitar do dom que recebemos? Que graça receberemos, se não usarmos o dom que Deus nos deu? Cristo não deseja que em Seu Corpo haja alguns membros superdensenvolvidos, e outros atrofiados. Quem fala muito é como uma boca imensa, enquanto os que apenas ouvem são como ouvidos imensos. Isso não é normal, além de ser muito feio. Em vez disso, o Corpo de Cristo deve ser harmonioso e belo, edificado por meio do igual crescimento espiritual de cada membro.

Deus deseja que todos os membros se desenvolvam de maneira uniforme por meio de funcionar, falando por Deus, compartilhando experiências espirituais pessoais. As pequenas reuniões, que podemos chamar de reuniões de casa ou de grupos familiares, são uma oportunidade ideal para que todos os membros funcionem. Nessas reuniões, os irmãos de cinco talentos devem usar somente um deles. Que fazer com os quatros restantes? De maneira oculta utilizá-los para produzir o funcionamento e o aperfeiçoamento do membro de um talento.

Há um princípio a ser apresentado em Ezequiel 1 e em Isaías 6. Os querubins mencionados em Ezequiel 1 tinham quatro asas, mas não usavam todas para voar: com duas asas eles cobriam o corpo e com duas, voavam. Em Isaías 6:2 há serafins com seis asas, que voavam com duas, com duas cobriam o rosto e com as outras duas cobriam os pés. Dessa forma, eles ficavam totalmente ocultos, encobertos. Isso deve nortear nosso "funcionar" entre outros cristãos.

Há cristãos de "seis asas" que fazem questão de usar todas, não dando a outros nenhuma oportunidade de usar seus dons. Aparentemente, usar todos os talentos é ser espiritual, mas, na verdade, pode não passar de mera demonstração de individualismo, orgulho e egoísmo. Aos olhos de Deus, somos todos iguais, temos todos a mesma altura. Se houver um irmão com "sete côvados", temos de ajudá-lo a crescer até atingir dez côvados; se alguém tem "doze côvados", deve ser ajudado a funcionar como alguém de dez.


Fonte: Livro "A VISÃO DO TABERNÁCULO" capítulos 2 e 4 - Editora Árvore da Vida

Dar lugar à vida divina.

 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hb 4:15)

 
Mt 18:21-22; Rm 7:15-18
Árvore da Vida, Dong Yu Lan, Alimento Diário, Estudos Bíblicos
 
De acordo com as experiências de Pedro em sua maturidade, o Pai nos dá a vida e a piedade, o Filho nos chama para Sua própria glória e virtude, e o Espírito nos concede preciosas e mui grandes promessas. Louvamos ao Senhor, pelo dispensar do Deus Triúno, pelo Seu trabalhar em nós de maneira tão real e prática.

 Quando cremos no Senhor Jesus, recebemos a vida divina em nosso espírito. À medida que nos voltamos a Ele, invocando o Seu nome, somos conduzidos à Sua glória e virtude. Agora, por meio do Seu Espírito, ganhamos a realidade de Suas preciosas e mui grandes promessas e podemos, assim, nos livrar das corrupções e das paixões que há no mundo, por meio da natureza divina que está em nós. Dessa maneira, a Fé objetiva, aquilo em que cremos, pode ser trabalhada em nosso interior até tornar-se a fé subjetiva. Esse deve ser o alvo de todo cristão durante sua vida inteira.

 O desejo de Deus é que Sua natureza seja acrescentada à natureza humana e elevar assim o padrão das nossas virtudes. Embora a natureza humana tenha virtudes como a ética, a moral, a paciência, o amor, a humildade etc., elas são muito limitadas (Mt 18:20-21).

 Por isso o Senhor Jesus tornou-se um homem e experimentou as restrições do viver humano durante trinta e três anos e meio. Uma vez que participou da natureza humana, Ele conhece nossa situação e pode, assim, compadecer-se de nós (Hb 4:15; Jo 2:25). Além disso, Jesus experimentou, em Seu viver terreno, as virtudes humanas. Depois de Sua morte e de Sua ressurreição, entretanto, Ele acrescentou à natureza humana, a divina. Dessa maneira, os atributos divinos elevaram o padrão das virtudes humanas. Hoje, como o Espírito que dá vida, Sua natureza pode ser infundida em todo nosso ser.

 
Quando praticamos o que o Senhor Jesus disse em Mateus 16:24, negando nossa vida da alma, a vida natural corrompida que herdamos de Adão, damos lugar à vida divina e assim, por meio do Espírito, somos coparticipantes da natureza divina.

 Que nestes dias, que antecedem a volta do Senhor, possamos experimentar, assim como Pedro, essas preciosas e mui grandes promessas.