24 maio, 2011

A CAPACIDADE ILIMITADA DE PERDOAR

Deus tornou-se homem e, em Seu viver humano, elevou todas as virtudes humanas. O propósito de Deus é que hoje, nós, seus filhos, possamos manifestar essas virtudes.
Sabemos que, ao longo dos anos, nosso relacionamento conjugal passa por momentos difíceis, momentos de ofensas e de atritos. Alguns chegam até a pensar: "Agora eu não agüento mais". Podemos comparar essa situação ao relacionamento da língua com os dentes. Por estarem muito próximos, é praticamente inevitável que os dentes mordam a língua. Se fosse possível, talvez os dentes pudessem argumentar dizendo que a língua entrou em seu caminho. A língua, por sua vez, poderia dizer que estava tentando ajudar os dentes,  empurrando a comida para mais perto deles. Mas o que acontece é que, por estarem muito próximos, involuntariamente, isso pode vir a acontecer e não apenas uma vez, mas várias. Que fazer? Cortar a língua ou arrancar os dentes?
Certa vez o apóstolo Pedro aproximou-se do Senhor Jesus e Lhe perguntou: "Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?" (Mateus 18:21). O Senhor então lhe respondeu: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete! (v.22).
Em nossa jornada conjugal, se estivermos ligados a nosso cabeça, que é Cristo, como "língua" sempre estaremos dispostos a perdoar os "dentes" e não apenas sete vezes.  Se nossa unidade é proveniente da mesma vida e estamos ligados à mesma cabeça, podemos perdoar setenta vezes sete! Se você acha isso impossível, lembre-se de que não conseguimos enumerar quantas vezes o  Senhor Jesus já nos perdoou. De fato, a capacidade de perdoar do Senhor é ilimitada e precisamos saber que recebemos essa capacidade quando fomos regenerados ao crer  Nele.
Pedro, por meio de suas experiências, aprendeu a valorizar o valor da fé. Em sua segunda epístola, nos encorajou dizendo que, por meio do novo nascimento, recebemos uma fé igualmente preciosa (2 Pedro 1:1). Essa fé foi implantada em nós mediante a Palavra de Deus (1 Pedro 1:23-25). A fé é como uma semente incorruptível que, ao entrar em nós, trouxe todas as "informações genéticas" de Deus. Sim, de fato a fé que entrou em nós produziu um milagre. Ela fez de pecadores filhos de Deus! Nós nascemos de Deus (João 1:13)! Podemos até dizer que recebemos pela fé o "DNA" de Deus. Tudo o que Deus é foi transmitido a nós no ato de crer (2 Pedro 1:3). Porém, assim como a semente precisa crescer para frutificar, a fé precisa desenvolver-se para que manifestemos a vida de nosso Pai.
Ele também nos encorajou a associar à fé, a virtude (2 Pedro 1:5). Essa virtude se refere ao viver humano de Jesus, que elevou o padrão moral do homem. Associá-la à fé significa que a capacidade do Senhor de perdoar, ser longânimo e manso está disponível a nós que cremos. Porém, a fim de nos apossarmos dessa virtude, é necessário reunirmos toda nossa diligência para viver de acordo com a natureza de Deus que está em nós. A melhor maneira para que experimentemos isso é invocar o nome do Senhor e acolher a Palavra de Deus com oração. Não é um esforço pessoal ou tentativa de autocorreção. Mas é permitir que o Nome e a Palavra do Senhor operem em nós e nos salvem. Em Romanos 10:13, lemos: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo", e Tiago 1:21 encoraja-nos  a acolher "com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma".
Se nosso perdão ainda é limitado, é sinal de que ainda não vivemos segundo essa nova natureza que recebemos ao crer. Se essa é nossa situação, tudo o que precisamos fazer  é nos arrepender por invocar pouco o nome do Senhor durante o dia e por não receber a Palavra de Deus de maneira adequada. Se alimentarmos a fé com o Nome e com a Palavra do Senhor, certamente iremos manifestar a capacidade ilimitada de perdoar. Iremos manifestar o próprio Deus!
"Visto como, pelo Seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" (2 Pedro 1:3).

Deus chama Abraão (Gn 12:1-4)


Leitura bíblica: Jó 1:10, 22; 1 Co 15:45-48; 2 Co 2:4; 7:8
Ler com oração:
Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou (2 Co 5:15).
Viver pela vida de Deus
Como já vimos, Deus criou o homem de maneira especial, pois formou o espírito nele. A Palavra ensina que, como criaturas, somos gerados de Deus, ou seja, somos da linhagem de Deus (Lc 3:38; At 17:28-29). Ele nos fez a Sua imagem e semelhança, porque deseja nos encher com Sua vida, para nos entregar o governo da terra no mundo vindouro.
Adão foi o primeiro homem a quem Deus confiou a incumbência de governar sobre o mundo, mas ele falhou. Como resultado de sua desobediência, os descendentes de Adão se dividiram em duas linhas. De um lado, os que viviam de lavrar o solo; de outro, a descendência de Caim, formada por nômades que criavam gado.
Entre os descendentes de Caim provavelmente havia aqueles que, como ele, tentavam fazer o bem, porque o lado bom do fruto da árvore do conhecimento faz com que a alma do homem se esforce para agradar a Deus (Rm 7:22). O grande perigo disso é que nem sempre a tentativa de fazer o bem é segundo o que Ele quer. Então, quando o lado bom da alma é rejeitado, o lado mau se manifesta em palavras e ações. A Bíblia apresenta vários exemplos disso.
Jó, por exemplo, temia a Deus e procurava agradá-Lo, embora o fizesse mediante o lado bom de sua alma. Ele era íntegro e reto, temente a Deus e se desviava do mal. Deus, a princípio, aceitou que Jó agisse assim, concedendo-lhe muitas bênçãos terrenas. Mas a lição que o Senhor nos mostra na história de Jó é que mesmo um homem íntegro pode não conhecer a Deus verdadeiramente.
Houve um dia em que Satanás acusou Jó diante da presença do Senhor, afirmando que Jó só temia a Deus porque era uma pessoa abençoada. Deus, então, permitiu que Satanás lhe atacasse os bens e a família. Mesmo assim Jó não praguejou contra Ele (Jó 1:21-22).
Afligido por muitos males, Jó recebeu a visita de três amigos que, bem-intencionados, tinham vindo compadecer-se dele e consolá-lo (2:11). Contudo, por serem pessoas que também viviam sob o princípio da árvore do conhecimento do bem e do mal, logo passaram a discutir a respeito do motivo de toda a tribulação de Jó, insinuando que ele havia pecado contra Deus. Jó, por sua vez, se defendia e argumentava. Ao longo de muitos capítulos, vemos a discussão entre Jó e seus três amigos, cada um tentando fazer prevalecer a própria opinião.
Quando vivemos pela vida de Deus, a situação é bem diferente. O Espírito de Deus, que habita em nosso espírito humano, sempre nos mostra quando desagradamos ao Senhor. Assim, em vez de replicar e murmurar, conseguimos abrir mão de nossas razões, mesmo sendo elas boas, e nos arrependemos diante do Senhor (2 Co 7:8).
Por fim, Deus foi misericordioso e apareceu a Jó, que se prostrou e se arrependeu – não por ter pecado, mas por não conhecer, de fato, a Deus nem a si mesmo. Quando Jó viu a Deus, também percebeu sua própria condição e, arrependido, sujeitou-se totalmente a Ele (Jó 42:5-6).
A linhagem do primeiro Adão produziu pessoas que tentaram agradar a Deus. Com exceção de alguns, que foram citados em Hebreus 11:4-39, os demais não obtiveram Sua aprovação. Para que o homem tivesse uma nova chance, foi preciso que Cristo viesse à terra e morresse na cruz. Como o último Adão, Ele pôs fim à história de fracasso da geração adâmica, abrindo-nos um caminho de vitória ao tornar-se o Espírito que dá vida. Somente Ele capacita o homem a cumprir a vontade de Deus (1 Co 15:45).
Adão é descrito como alma vivente, o resultado da combinação entre o barro e o sopro de Deus. Por isso ele também é chamado de homem terreno (v. 47) ou homem natural (1 Co 2:14). O Senhor Jesus, por sua vez, é o homem celestial, pois Nele estava a vida, a Palavra e a glória de Deus (Jo 1:4, 14). Após a ressurreição do Senhor, Ele soprou sobre os discípulos, que receberam o Espírito Santo (Jo 20:22). Aqueles que recebem o Espírito, por meio do novo nascimento, passam a fazer parte de Cristo, o novo homem, criado segundo Deus (Ef 4:24).
Graças ao Senhor! Por estarmos em Cristo, já nos tornamos o novo homem; devemos, então, viver pela vida de Deus, sendo ensinados pela unção e orientados pela Palavra. Desse modo, não nos guiaremos pela vaidade dos pensamentos, mas seremos direcionados pelo Senhor (1 Jo 2:27; Sl 119:105). Amém!