05 dezembro, 2012

Refletindo...

O Ensinamento do Corpo de Cristo Versus Sua Realidade

Nos assuntos espirituais, o conhecer a doutrina sem ter consciência dela não serve de nada. Por exemplo, alguém pode dizer que mentir é um pecado que não se deve cometer porque lhe foi dito por outras pessoas que um cristão não deve contar mentiras. O tema verdadeiro aqui não é se é certo ou errado mentir, mas trata-se de saber se ele é ou não alertado interiormente quando conta uma mentira. Se ele não tiver consciência interior de que mentir é pecado, então, por mais que ele confesse com a boca que mentir é um pecado, isso não lhe será de nenhuma utilidade. Ele pode dizer, por uma lado, que a pessoa não deve mentir, porém, por outro, ele mesmo não cessa de mentir.

O que é especial daqueles que têm a vida de Deus é que, quando mentem exteriormente, sentem-se mal interiormente, não porque saibam doutrinariamente que mentir é errado, mas porque se sentem desconfortáveis interiormente ao mentir. Isto é o que realmente significa ser chamado cristão. O que caracteriza um cristão é uma percepção interior desta consciência de vida da qual estamos falando. Aquele que não tem vida e consciência interior não é um cristão. As regras externas são meramente normas, não vida.

Digamos que seja completamente inadequado que alguém fale: “Eu conheço o ensinamento sobre o Corpo de Cristo; portanto, não devo me mover de maneira independente”. Esta pessoa necessita ter também uma consciência interior além deste ensinamento. Suponhamos que ela diga que não deve ser independente, porém, quando atua de modo independente, ela mesma não se dá conta desta independência. Com isso, ela prova que nunca viu o Corpo de Cristo. Isso não significa que ela nunca tenha ouvido os ensinamentos sobre o Corpo de Cristo, mas simplesmente indica que nunca viu sua realidade.

Ouvir o ensinamento sobre e ver a realidade do Corpo de Cristo pertencem a duas esferas totalmente diferentes. Ouvir o ensinamento sobre o Corpo é meramente uma compreensão exterior de um princípio, enquanto ver o Corpo de Cristo produz uma consciência interior. Isto é semelhante à situação em que o mero ouvir a doutrina da salvação somente dá à pessoa o conhecimento de como Deus salva os pecadores, com tudo é a aceitação do Senhor Jesus como Salvador o que cria dentro da pessoa uma percepção de Deus, bem como a consciência do pecado. Que grande diferença existe entre essas duas coisas!

Por conseguinte, não devemos menosprezar esse assunto da consciência da vida, no sentido de que se trata não apenas de uma sensação exterior, mas também de um sentimento interior. Uma consciência como essa é a expressão da vida. A presença ou ausência dessa consciência revela a realidade ou a falta de realidade que há no interior. Ela nos ilumina sobre a existência ou não da vida de Cristo interiormente.

A consciência da vida é algo distintivo que habilita você a saber espontaneamente sem necessidade de ser informado. É demasiado tarde se você necessita que primeiro lhe informe algo, para só então se dar conta de tal coisa. O que aconteceria se cada cristão necessitasse ser informado sobre o que é pecado e o que não deve fazer? E o que aconteceria, neste caso, se ninguém estivesse ao lado dele? O que aconteceria se você esquecesse do que lhe foi dito? Vemos que o cristão não atua de acordo com o que ouve exteriormente dos demais, mas é motivado pelo que lhe é dito interiormente. Dentro dele há uma vida – uma vida interior, uma consciência interior. Suas atitudes vêm do resplandecer interior da luz de Deus, vêm da vida no interior e não da informação exterior.

Quando nascemos de novo, recebemos uma vida muito real e, por isso, temos dentro de nós uma consciência muito real. A realidade de uma consciência assim, mostra a realidade da vida divina. Pedimos a Deus que seja misericordioso conosco afim de que sempre toquemos essa consciência da vida e vivamos nela. Também pedimos a Deus que nos conceda uma consciência rica, de modo que possamos ter uma percepção sensível em todas as coisas: que nos demos conta de Deus, do pecado, do Corpo de Cristo e de todas as realidades espirituais. Que Deus nos guie no caminho e glorifique Seu próprio nome!


 

(Texto extraído do livro “O Corpo de Cristo uma realidade” – Watchman Nee – Publicado pela Editora dos Clássicos)

Ser uma boa terra.

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida (Pv 4:23).

Rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade (2 Co 4:2)

Zc 7:12; Mt 13:1-8, 18-23
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O segundo tipo de solo é uma terra onde há muita pedra, mas pouca terra. A semente precisa de uma terra que consegue reter umidade, certa quantia de água. Quando temos um solo pedregoso, há pouca terra e, por conseguinte, pouca água. Assim, se a raiz não consegue absorver água da terra, a planta procura absorver a umidade que está no ar, na superfície.
 
As pedras no solo representam pecados ocultos e coisas naturais ocultas em nosso coração, que o deixam duro (Zc 7:12). São pessoas que recebem a Palavra com alegria, mas não tem raiz em si mesmas, e ao chegarem as angústias e perseguições por causa da Palavra, logo se escandalizam (Mt 13:20-21).A semente da vida de Deus, apesar de brotar, não consegue crescer e amadurecer. Que fazer? Deixar a “planta” morrer pelo “calor do sol”? Não. Podemos orar: “Ó Senhor Jesus! O meu coração está cheio de pedras, está duro demais. Tenho tantas opiniões e argumentos naturais. Tem misericórdia de mim. Remove as pedras do meu coração. Quero que Tua vida cresça em mim”.
 
Em nós mesmos, ocultas no “solo” do coração, há muitas pedras. Quando tiramos uma, surge outra. Quando tiramos essa outra, há ainda outra. Mas, se estamos na vida normal da igreja, podemos continuar tirando as pedras. O modo de fazer isso é negar a vida da alma. Rejeitemos tudo aquilo que está escondido em nosso ser natural: opiniões, conceitos e arrazoamentos, que são como “pedras” impedindo o crescimento da vida de Deus em nós. Procedendo assim, pouco a pouco, nosso coração se torna uma boa terra, no qual a semente cresce normalmente.
 
O terceiro tipo de solo na parábola do semeador em Mateus 13 é aquele em que crescem os espinhos: “Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram” (v. 7). O Senhor mesmo explicou que “o que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (v. 22). A planta precisa da luz do sol para crescer, pois só consegue frutificar quando tem abundância da luz solar. A maioria das plantas não floresce ou dá fruto em ambiente fechado, dentro de casa. Na vida espiritual, os “espinhos” são uma estratégia do inimigo para impedir que “a luz do sol chegue até a planta”.
 
Existem vários tipos de semente. Existe a semente precoce, com ciclo, por exemplo, de quarenta dias de incidência direta da luz do sol. Existe a de variedade tardia, que precisa de um ciclo mais longo de incidência direta da luz do sol. Isso é importante para administrar o momento da colheita.
 
Igualmente nós, para amadurecer na vida divina, precisamos da luz direta do “sol”. Somente assim vamos florescer e frutificar. Cristo é o nosso “sol nascente das alturas” (Lc 1:78). Na comunhão com Ele, podemos crescer até alcançar a maturidade.
 
Graças ao Senhor, um dia vamos ter todo o nosso coração amolecido e livre de qualquer dureza ou insensibilidade. Teremos removidas todas as pedras ocultas, isto é, todas as coisas naturais de nossa alma caída; poderemos reter a “água” que Ele envia do céu e ainda seremos livres dos espinhos, ou seja, da preocupação com os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas. Desse modo, nosso coração se tornará uma “terra boa”, e o crescimento será normal.





Alimento Diário - O ministério que seguimos e praticamos
Escrito por Dong Yu Lan

Ouvir a palavra do reino.

Tu visitas a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente; [...]. Tu a amoleces com chuviscos e lhe abençoas a produção (Sl 65:9-10). 
Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus (Hb 6:7)

Mt 13:1-8, 18-23; Hb 6:7-8
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Em Mateus 13, o Senhor Jesus falou às multidões por meio de parábolas, começando com a do semeador (vs. 3-8), que mostra a intenção de Deus em plantar a semente de vida em nosso coração. Aqueles que usam apenas a mente para entender a Palavra não conseguem praticá-la. Para eles, essa parábola talvez não tenha muito significado. Se, porém, abrirmos o coração e o voltarmos para o Senhor, veremos que ela tem extrema importância (2 Co 3:16).
 
O versículo 3 diz: “E de muitas coisas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a semear”. Há quatro tipos de solo em que a semente caiu. O versículo 4 prossegue: “E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram”. O próprio Senhor interpreta a parábola nos versículos 18-23. No versículo 19 lemos: “A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho”.
 
A beira do caminho é um lugar público, onde todos podem transitar; é como os atalhos que as pessoas fazem para encurtar o caminho. Quando se cria um atalho, nada cresce ali, porque devido ao trânsito constante, aquela parte da terra fica dura, compactada. Segundo a explicação do Senhor, o solo representa o nosso coração. Isso quer dizer que, se temos muitos planos neste mundo, teremos muitas preocupações “transitando” sobre o nosso coração. Esses planos e preocupações deixam o coração duro e seco, insensível para as coisas de Deus. Quanto mais tivermos envolvimento com o mundo, menos dispostos estaremos a receber a palavra do reino; cuja semente não conseguirá entrar em nós. Quando a semente está na superfície da terra, as aves vêm e a comem. Da mesma maneira, se a palavra do reino não penetrar em nosso coração, o poder que há na semente da vida não tem como operar em nós.
 
Se essa é nossa situação, se nosso coração está endurecido por causa desse “trânsito”, devemos orar assim: “Ó Senhor Jesus! Meu coração está duro e seco. Tenho deixado tantas coisas ocuparem meus pensamentos que Sua palavra não consegue penetrar nele. Que devo fazer Senhor? Vem trabalhar em meu coração e ‘afofar’ a terra”. Invocando o nome do Senhor, a “terra” de nosso coração será afofada, e Sua palavra poderá penetrar nele, produzir vida, germinar e brotar. Aleluia!



Alimento Diário - O ministério que seguimos e praticamos
Escrito por Dong Yu Lan

Por que o Senhor Jesus falava por parábolas?

Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram (Mt 13:16-17)

Mt 13:9-17, 34-35
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No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, o Senhor Jesus falou sete parábolas. Ao final da primeira, a do semeador, o Senhor disse: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (v. 9). Para compreender os mistérios do reino dos céus, precisamos ter ouvidos para ouvir o que o Senhor tem a nos dizer, isto é, precisamos ter um coração aberto para receber Suas palavras.

Os versículos 10 e 11 prosseguem dizendo: “Então, se aproximaram os discípulos e lhe perguntaram: Por que lhes falas por parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido”. O Senhor lhes falava por parábolas para que a condição do coração deles fosse exposta, visto que o coração do povo estava endurecido, insensível. Os discípulos, porém, tinham ouvidos para ouvir. Por isso, para eles, o Senhor falava de maneira muito especial. Os discípulos são nossos representantes. O Senhor quer nos dar a revelação dos mistérios do reino dos céus porque seremos os que governarão o mundo que há de vir. Para isto precisamos de um coração adequado.

Muitos hoje, apesar de salvos no espírito, isto é, regenerados, ainda vivem demais na esfera da alma, ou seja, em seu ser natural. Como os judeus que ouviram as palavras do Senhor e não as entenderam, segundo as profecias de Isaías, esses crentes hoje ouvem com os ouvidos e de nenhum modo entendem; veem com os olhos e de nenhum modo percebem. O Senhor disse que o coração do povo estava endurecido. A palavra grega original para “endurecido” é “gordo”. A gordura aqui torna o coração espesso, insensível, portanto duro. Por isso o Senhor diz no versículo 15: “De mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados”. Podemos assim dizer que ter o coração endurecido é resultado de não querer negar a si mesmo, tomar a cruz e perder a vida da alma.

As sete parábolas de Mateus 13 podem ser divididas em duas categorias: as que se relacionam com a vida e as que se relacionam com a obra. Para que entremos na manifestação do reino e governemos com o Senhor no mundo que há de vir, precisamos destas duas coisas: vida e obra. Sobre a primeira temos clareza de que precisamos nascer de novo, nascer da vida divina, crescer e amadurecer nessa vida para entrar no reino dos céus (Jo 3:3, 5, 7). Por outro lado, o Senhor também nos aperfeiçoa na obra do ministério, tanto para que edifiquemos Seu Corpo hoje (Ef 4:11-12), como também para que possamos, um dia, administrar todos os Seus bens e reinar com Ele (Mt 24:47; Ap 20:6).




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Escrito por Dong Yu Lan