04 outubro, 2012

Para Meditar...

O Reino


Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.



Mateus 5:23-26


Agora direi algumas palavras francas e sérias. Dois irmãos ou duas irmãs que estejam em discórdia não podem estar juntas no reino. No reino vindouro, haverá somente amor e misericórdia; apenas os que amam e têm misericórdia dos outros poderão estar no reino dos céus. Se estou envolvido em uma discussão com um irmão, e se a questão não for resolvida nesta era, então, no futuro, ou ambos seremos excluídos do reino, ou somente um de nós entrará. Não será possível ambos entrarmos. É impossível termos problemas uns com os outros e ainda reinar ao mesmo tempo no milênio futuramente. No reino todos os cristãos serão unânimes. Não haverá absolutamente quaisquer barreiras entre duas pessoas. Se hoje enquanto estamos na terra, tivermos algum atrito com qualquer irmão ou irmã, se tivermos obstáculos com qualquer irmão ou irmã, temos de ser cuidadosos. Poderá ocorrer de nós entrarmos e o outro ser excluído, ou de o outro entrar e de nós sermos excluídos, ou de ambos sermos excluídos. O Senhor diz que enquanto estiver com seu irmão a caminho, você deve reconciliar-se com ele. Isso significa que enquanto você e ele estiverem vivos e antes que o Senhor Jesus volte, você tem de reconciliarse com seu irmão. O Senhor não irá tolerar que dois inimigos fiquem queixando-se um do outro no reino. Hoje podemos fazer queixas sobre os outros com muita facilidade; mas tais queixas vão manter a nós, ou a outros, ou a ambos, do lado de fora do reino. Parece que hoje a igreja é muito livre, mas não será assim naquele dia. "Enquanto estás com ele a caminho", diz o Senhor. Se você morrer, se ele morrer ou se o Senhor Jesus voltar, esse caminho terá acabado. Portanto, você deve resolver a questão rapidamente, antes que o Senhor volte e enquanto você e ele estão a caminho. "Para que o adversário não te entregue ao juiz", o juiz é o Senhor Jesus; "o juiz ao oficial de justiça", o oficial de justiça é o anjo; "e sejas recolhido à prisão". Isso nos mostra claramente que um irmão que tenha ofendido a outro irmão sofrerá uma punição muito severa.



Livro: “O Evangelho de Deus” - Watchman Nee

Refletindo...

A diferença entre pecado e pecados


Podemos facilmente dizer que a diferença entre pecado e pecados é que pecado é singular e pecados é plural. Entretanto, precisamos distinguir claramente entre pecado e pecados. Se você não consegue diferenciar os dois, será impossível ter clareza da sua salvação. Se uma pessoa não tem clareza da diferença entre pecado e pecados, mesmo que seja salva, sua salvação provavelmente é uma salvação obscura. Que é pecado de acordo com a Bíblia? E que são pecados? Permitam-me dar uma breve definição primeiro. Pecado refere-se àquele poder dentro de nós que nos motiva a cometer atos pecaminosos. Pecados, por outro lado, refere-se aos atos pecaminosos individuais, específicos, que cometemos exteriormente.
Que é pecado? Não gosto de utilizar termos tais como “pecado original”, “a raiz do pecado”, “a fonte do pecado” ou similares. Estes termos são criados por teólogos e são desnecessários para nós agora. Seremos simples e consideraremos essa questão a partir da nossa experiência. Sabemos que há algo dentro de nós que nos motiva e nos obriga a ter certas inclinações espontâneas, que nos induz para o caminho da concupiscência e paixão. De acordo com a Bíblia esse algo é o pecado (Rm 7:8, 16-17). Todavia, não há somente o pecado interior que nos obriga e induz, há também os atos pecaminosos individuais, os pecados, os quais são cometidos exteriormente. Na Bíblia, os pecados estão relacionados com a nossa conduta, enquanto o pecado está relacionado com a nossa vida natural. Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, e mesmo por todo o corpo. Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Rm 8:13). Então, que é o pecado? O pecado é uma lei que controla nossos membros (Rm 7:23). Existe algo dentro de nós que nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado.

Se quisermos fazer uma distinção clara entre pecado e pecados, há uma parte nas Escrituras que precisamos considerar. São os primeiros oito capítulos do livro de Romanos. Esses oito capítulos mostram-nos o significado pleno do pecado. Nesses oito capítulos encontramos uma característica notável: do capítulo 1 ao 5:11, somente a palavra pecados, no plural, é mencionada; a palavra pecado, no singular, jamais é mencionada. Mas, de 5:12 até o final do capítulo oito, o que encontramos é pecado, não pecados. Do capítulo 1 até 5:11, Romanos mostra-nos que o homem tem cometido pecados diante de Deus. De 5:12 em diante, Romanos mostra-nos que tipo de pessoa o homem é diante de Deus: um pecador. Pecado refere-se à vida que possuímos. Antes de Romanos 5:12 nenhuma menção há de mortos sendo vivificados, pois o problema ali não é que alguém precise ser vivificado e, sim, que os pecados individuais que alguém cometeu precisam ser perdoados. De 5:12 em diante, temos a segunda seção. Aqui vemos algo forte e poderoso dentro de nós como uma lei em nossos membros, que é o pecado, que nos induz e obriga a cometer os pecados, os atos pecaminosos. Por isso há necessidade de sermos libertados.

Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que precisamos de perdão (Mt 26:28; At 2:38; 10:43). Porém, o pecado é o que nos incita, induz-nos a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de libertação (Rm 6:18, 22). Certa vez encontrei um missionário que falava sobre “o perdão do pecado”. Imediatamente levantei-me, apertei sua mão e perguntei: “Onde na Bíblia se diz ‘perdão do pecado’?” Ele argumentou que existiam muitos casos. Quando lhe perguntei se podia encontrar um para mim, ele disse: “Que você quer dizer? Não é possível encontrar nem sequer um lugar que diga isso?” Eu disse-lhe que em toda a Bíblia, em nenhum lugar são mencionadas as palavras o perdão do pecado; em vez disso, a Bíblia sempre fala de “perdão de pecados”. Os pecados é que são perdoados, não o pecado. Ele não acreditou em minhas palavras, então foi procurar em sua Bíblia. Finalmente me disse: “Sr. Nee, é tão estranho. Toda vez que essa frase é usada, um pequeno s é adicionado a ela”. Creio que você pode ver que os pecados é que são perdoados, não o pecado.
Os pecados são exteriores a nós. Eis por que precisam ser perdoados. Contudo, algo mais está dentro de nós, algo forte e poderoso que nos leva a cometer pecados. Para isso precisamos não de perdão, mas de libertação. Precisamos ser libertados. Tão logo não estejamos mais sob seu poder e nada tenhamos a ver com ele, estaremos em paz. A solução para os pecados vem do perdão. Entretanto, a solução para o pecado vem quando não estivermos mais debaixo do seu poder e não tivermos mais nada a ver com ele. Os pecados estão relacionados com as nossas ações e são cometidos um por um. Eis por que precisam ser perdoados. O pecado, porém, está dentro de nós e precisamos ser libertados dele.
Portanto, a Bíblia nunca diz “perdão do pecado”, mas “perdão dos pecados”. Tampouco a Bíblia fala sobre ser “libertado dos pecados”. Posso assegurar-lhes que a Bíblia nunca diz isso. Pelo contrário, a Bíblia diz que somos “libertados do pecado”, em vez de libertados dos pecados. A única coisa da qual precisamos escapar e ser libertados é daquilo que nos incita e nos induz a cometer pecados. Essa distinção é feita de modo bastante claro na Bíblia. Posso comparar os dois desta forma:
De acordo com a Bíblia, o pecado está na carne; enquanto os pecados estão na nossa conduta.
O pecado é um princípio dentro de nós; é um princípio da vida que temos. Os pecados são atos cometidos por nós; são atos em nosso viver.
O pecado é uma lei nos membros. Os pecados são transgressões que cometemos; são atividades e atos reais.
O pecado está relacionado com o nosso ser; os pecados estão relacionados com o nosso agir.
Pecado é o que somos; pecados é o que fazemos.
O pecado está na esfera da nossa vida; os pecados estão na esfera da consciência.
O pecado está relacionado com o poder da vida que possuímos; os pecados estão relacionados com o poder da consciência. Uma pessoa é governada pelo pecado em sua vida natural, mas ela é condenada em sua consciência pelos pecados cometidos exteriormente.
Pecado é algo considerado como um todo; pecados são coisas consideradas caso a caso.
O pecado está no interior do homem; os pecados estão diante de Deus.
O pecado requer que sejamos libertados; os pecados requerem que sejamos perdoados.
Pecado diz respeito à santificação; pecados se relacionam com a justificação.
Pecado é uma questão de vencer; pecados é uma questão de ter paz no coração.
O pecado está na natureza do homem; os pecados estão nos hábitos do homem.
Figurativamente falando, o pecado é como uma árvore e os pecados são como o fruto da árvore.

Podemos tornar essa questão clara com uma simples ilustração. Ao pregar o evangelho, freqüentemente comparamos o pecador a um devedor. Todos sabemos que ser devedor não é algo agradável. Contudo devemos lembrar que uma coisa é alguém ter dívidas; e outra coisa é ter disposição para contrair dívidas. Uma pessoa que toma empréstimos seguidas vezes não se importa tanto com o fato de usar dinheiro alheio. A Bíblia diz que os cristãos não devem ser devedores (Rm 13:8); eles não deveriam tomar emprestado dos outros. Uma pessoa com tendência a tomar emprestado pode pedir duzentos ou trezentos dólares de alguém hoje e, depois, dois ou três mil dólares de outro amanhã. E mesmo que seja incapaz de pagar suas dívidas e seus parentes ou amigos tenham de pagá-las por ele, após uns poucos dias ele começará a pensar em pedir emprestado novamente. Isso mostra que tomar emprestado é uma coisa, mas ter tendência para o empréstimo é outra. Os pecados descritos pela Bíblia são como débitos exteriores, enquanto pecado é como o hábito e a disposição interiores, é como a mente que tem a inclinação de tomar emprestado facilmente. Uma pessoa com tal mente não irá parar de tomar emprestado simplesmente porque alguém pagou seus débitos. Pelo contrário, ela pode até mesmo tomar emprestado ainda mais, porque os outros agora estão pagando suas dívidas.


Essa é a razão de Deus não tratar apenas com o registro dos pecados, mas também com a inclinação para o pecado. Podemos ver a importância de lidar com os pecados, mas é igualmente importante lidar com o pecado. Somente ao vermos ambos os aspectos é que o nosso entendimento sobre nossa salvação será completo.



Livro: “O Evangelho de Deus” - Watchman Nee