24 fevereiro, 2012

O motivo da perseverança de Esmirna

Não temas as coisas que tens de sofrer [ ... ] o vencedor de nenhum modo sofrerá o dano da segunda morte (Ap 2:10a, 11b)
Mt 13:31-33; Ap 2:10-13, 18-29

Por meio da ajuda de João, a igreja em Éfeso foi conduzida ao exercício do espírito e obteve crescimento da vida divina. Com isso, a igreja resgatou o primeiro amor e se tornou desejável. A seguir vemos, de acordo com a história, que a igreja em Esmirna é a etapa seguinte após a igreja em Éfeso.

A palavra Esmirna quer dizer sofredora e representa uma nova condição da igreja. Apocalipse 2:10 diz: "Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias". O império romano levantou dez grandes perseguições contra a igreja, o que durou cerca de duzentos anos. Quanto mais matavam cristãos, mais pessoas criam em Jesus. Eles suportaram a perseguição porque cresceram na vida divina e encheram-se do Espírito por meio de invocar o nome do Senhor e ler-orar a Palavra.

A igreja em Pérgamo representa a terceira etapa da igreja na história. Ela começa no período final de Esmirna, quando o imperador romano Constantino mudou de estratégia e, em vez de matar os cristãos, começou a exaltá-los dando-lhes melhores condições; decretou que os cristãos não precisavam pagar impostos, não precisavam prestar serviço militar e recebiam roupas gratuitamente. Assim muitos inconversos e incrédulos passaram a fazer parte do cristianismo, e essa mistura fez a igreja entrar em degradação.

O Senhor Jesus diz em Apocalipse 2:12-13: "Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes: Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita". Em Pérgamo havia o trono de Satanás. Isso está relacionado com as aves dos céus aninhando-se nos ramos da grande árvore da parábola do grão de mostarda (Mt 13:31-32), uma situação totalmente anormal.

Antipas, mencionado no versículo acima, veio de Esmirna e significa anti, contrário. Esmirna estava sempre contra essa situação e suportou perseguição porque conservava o nome e a Palavra do Senhor. Semelhantemente, podemos suportar as adversidades e perseguições por meio de invocar o nome do Senhor e ler e orar Sua Palavra.

Esses fatos dizem respeito à história da igreja em Esmirna, até o ano 313 d.C., quando surgiu a igreja em Pérgamo. O último que invocava o nome do Senhor foi morto. O nome do Senhor deixou de ser invocado e a palavra do Senhor deixou de ser falada. Como resultado, houve a união anormal do império romano com o cristianismo, da política com a igreja, e foi assim que o trono de Satanás achou lugar ali.

Cremos, porém, que um remanescente permaneceu, em oculto, invocando o nome do Senhor e guardando a Palavra. Esse remanescente perdura até os dias de hoje, com a igreja em Filadélfia, passando por Pérgamo, Tiatira e Sardes.

A quarta igreja em Apocalipse 2:18-29 está relacionada com a parábola do fermento. A mulher, Jezabel, que representa uma instituição religiosa romana, acrescentou fermento aos ensinamentos de Jesus, as três medidas de farinha (Mt 13:33). A história nos mostra que, nesse período, a Bíblia permaneceu fechada para leitura por vários séculos pelos leigos, exceto para o alto clero. Numa situação assim, foram "acrescentadas" muitas doutrinas estranhas que não correspondiam à Palavra de Deus. A divulgação da Bíblia para o povo comum era ilegal.

Todavia, durante esse período, um grupo de pessoas buscava tornar a Palavra acessível aos outros. Então Pedro Valdo, um nobre negociante, incentivava a divulgação da Palavra por meio dos muitos vendedores que trabalhavam para ele. Estes copiavam porções da Bíblia e escondiam em uma bolsa com alça pendurada ao pescoço.

Quando esses vendedores saíam para vender suas mercadorias e percebiam que alguém demonstrava interesse pelas coisas de Deus, ou fome pela Palavra, tiravam os manuscritos da bolsa e passavam para elas. Foi daí que surgiu pela primeira vez, no século XII, a palavra "colportor". Essas bolsas com porções da Palavra de Deus carregadas sobre o peito nos lembram o éfode da estola sacerdotal que tinha o peitoral com o Urim e Tumim (Êx 28:4, 30).

Hoje o Senhor deseja que muitos colportores se levantem para levar livros que ajudem as pessoas a compreender a vontade de Deus revelada em Sua Palavra. Louvado seja o Senhor!