04 abril, 2012

Outras lições com o apóstolo Pedro.

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno
(Sl 139:23-24)

Mt 16:25-26; 17:24-27


Ontem vimos que a opinião de Pedro foi exposta por Deus no monte da transfiguração (Mt 17:1-5). Após isso, surgiu outra situação em que ele se precipitou; desta vez, quanto à questão dos impostos.

A lei determinava que todo judeu tinha de pagar o imposto do templo. Os que cobravam o imposto, sabendo que Pedro era discípulo do Senhor Jesus, perguntaram-lhe: “Não paga o vosso Mestre as duas dracmas?” (v. 24). Pedro, em si mesmo, imediatamente respondeu: “Sim” (v. 25a). Por que Pedro disse isso? Porque era uma determinação da lei. Ele deveria ter consultado o Senhor, mas não o fez; sua resposta teve origem em si mesmo, em seu impulso natural e em seu conhecimento da lei. No entanto, como estava sem o dinheiro, foi falar com o Senhor.

O Senhor, por Sua vez, antecipando-se, perguntou: “Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos?” (v. 25b). Ao que Pedro respondeu: “Dos estranhos” (v. 26). O Senhor Jesus é o Filho de Deus; logo, não precisava pagar esse imposto.

Novamente Pedro deparava com sua vida da alma, com sua opinião precipitada. Provavelmente percebeu o problema que causara ao afirmar que seu mestre pagava imposto e não sabia como solucioná-lo. O Senhor, então, lhe disse: “Para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti” (v. 27). Em outras palavras, mandou que Pedro fosse pescar para refletir sobre suas ações e se arrepender.

Na verdade, as experiências de Pedro mostram, de fato, como nós somos. Muitas vezes nós deparamos com situações nas quais nossa opinião e nosso ponto de vista afloram de nossa vida da alma. Por isso o Senhor disse que, para ganharmos a salvação completa e comparecermos irrepreensíveis na presença de Deus, precisamos negar a vida da alma (1 Ts 5:23; 1 Pe 1:9).

Cremos que Pedro se arrependeu cabalmente; então, enquanto pescava, fisgou o peixe que tinha na boca uma moeda suficiente para pagar o imposto dos dois.
Há ainda outra experiência de Pedro com a qual podemos aprender lições. Na ocasião da prisão do Senhor Jesus, Pedro lançou mão da espada e cortou a orelha do servo do sacerdote (Mt 26:50-51). Mais uma vez sua vida da alma foi exposta.

Pela misericórdia de Deus, Ele sempre expõe nossa vida da alma, dando-nos chance de nos arrepender na Sua presença. Mesmo servindo o Senhor há tanto tempo na vida da igreja, temos de perceber que ainda precisamos negar a nós mesmos e repreender tudo aquilo que é proveniente de nosso ego caído. Quem vive a vida da igreja em realidade, no espírito, logo percebe isso. Se nossa vida da alma ainda está muito ativa, é porque não a negamos o suficiente. Mas, para que a vida de Deus opere em nós, precisamos vencer nossa alma. Deus sabe como somos fortes em nossa alma, por isso Ele sempre vem expor nossa situação.

Ouvir o Senhor e se arrepender

Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi (Mt 17:5)


Mt 16:16-23; 17:1-5

Louvamos ao Senhor por Sua Palavra. Pela revelação que temos recebido nesses últimos anos, temos buscado negar a nós mesmos. Contudo muitas coisas da nossa vida da alma ainda não foram expostas. Por isso, assim como o Senhor usou diversas circunstâncias para lidar com o discípulo Pedro, Ele frequentemente levanta situações para expor nossa vida natural.
Pedro gostava de liderar, de ser cabeça. Embora tenha recebido a revelação de que o Senhor era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16:16), logo depois sua opinião foi usada por Satanás. Ele reprovou o Senhor Jesus quando Este disse que Lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia (vs. 21-22). O Senhor aproveitou essa situação para expor o que havia em sua alma. Isso também nos serve de lição.

Muitas vezes, quando nossa vida da alma se manifesta, em vez de reconhecermos nossos problemas e negarmos a nós mesmos, não aceitamos tal exposição e ainda procuramos justificar-nos. Essas justificativas são um sinal de que nossa vida natural é forte e não quer ceder. Por isso, na vida da igreja, o Senhor constantemente expõe a nossa alma e nos adverte, assim como fez com Pedro em Mateus 16, de que se queremos segui-Lo, precisamos negar a vida da alma para que a vida divina cresça.

Em Mateus 17, o Senhor tomou Consigo Pedro, Tiago e João e os levou a um alto monte, onde se transfigurou diante deles. Logo em seguida, apareceram Moisés e Elias (vs. 1-3). Moisés era muito respeitado pelos judeus, por ser representante de Deus e ter sido usado por Ele para tirar os israelitas do Egito. Elias simboliza os profetas, que falam por Deus. Por isso, no coração dos judeus, Moisés e Elias possuem uma elevada posição.

Pedro, sendo judeu, ao ver o Senhor Jesus transfigurado e, junto com Ele, Moisés e Elias, quis logo fazer três tendas, uma para cada um deles (v. 4). Sua atitude mostra que, segundo a opinião de sua alma, Pedro igualou Jesus a Moisés e Elias colocando-os na mesma posição. Então veio uma voz do céu que disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (v. 5). Ao falar assim, o Pai quis mostrar que Moisés fazia parte do passado, assim como Elias, e que Pedro deveria ouvir somente uma pessoa: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Nessa situação, novamente o ser natural de Pedro foi exposto, pois agira em si mesmo, em sua vida da alma. O Senhor já o havia advertido, mas a vida da alma de Pedro ainda não fora totalmente negada. Embora Pedro não tivesse conhecimento disso, o Senhor sabia que dentro dele ainda havia uma natureza forte, com uma opinião forte, por isso aproveitava cada situação para expor sua vida da alma.

Pedro, ao ouvir a voz, provavelmente se arrependeu. Também nós devemos nos arrepender e orar: “Senhor, Tu me disseste para, na vida da igreja, negar a vida da alma. Quero pedir perdão por ainda não praticar as muitas verdades recebidas. Quero também Te agradecer, porque o Senhor expôs mais uma vez a minha vida da alma. Senhor, ajuda-me a negar mais a mim mesmo!”. Isso é algo muito espontâneo de alguém que recebe luz do Senhor. Graças a Deus! Que essa seja nossa experiência também!