15 fevereiro, 2012

O Senhor Jesus fala por parábolas

[Jesus respondeu:] Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem. Bem aventurados, porém, os vossos olhos porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem (Mt 13:13,16)


Mt 13:10-17



O capítulo 13 do evangelho de Mateus apresenta sete parábolas: do semeador, do joio, do grão de mostarda, do fermento, do tesouro escondido, da pérola e da rede. Essas parábolas se cumprem profeticamente na história da igreja, nas sete igrejas (Ap 2-3), que será desenvolvida na próxima semana.
"Então se aproximaram os discípulos e lhe perguntaram: Por que lhes falas por parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido. Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado" (Mt 13:10-12).
O Senhor fala a nós, Seus discípulos, todas as Suas palavras; quanto aos outros, porém, o Senhor explica por que só lhes fala por parábolas: "Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem" (v. 13). Eles ouvem as parábolas somente como doutrina, mas não têm a realidade de praticá-Ias. "De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis, porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos" (vs. 14-15). Por viverem para si mesmos, o coração deles se encheu de orgulho e endureceu, por isso não conseguem tocar nas palavras faladas pelo Senhor.
No passado, aprendemos um precioso princípio espiritual: "Devemos ir para onde o Espírito estiver realizando Sua obra". Os que não seguiram esse princípio, em vez de buscar ajuda onde a obra do Espírito Santo estava fluindo, pouco a pouco deram início a uma nova religião. O Senhor usou parábolas para apresentar o evangelho do reino dos céus. Ele sabia que algumas pessoas iriam ouvir as parábolas como doutrina e mero objeto de investigação teológica, e não como lições para buscar o crescimento espiritual. Quando isso acontece, torna-se muito difícil praticar as palavras do Senhor por causa do orgulho que ocupa o coração dessas pessoas e o torna endurecido.
Diante disto, vamos manter nosso coração humilde, sempre pronto para aprender com outros, a fim de que os nossos olhos possam ver e os nossos ouvidos ouvir. Aleluia! Dessa maneira seremos bem-aventurados!

O perigo da velha e da nova religião

Bem-aventurado é aquele que não encontrar em mim [Cristo] motivo de tropeço (Mt 11:6)


Mt 3:3-4,15;9:14; 11:7; Mc 2:18; Lc 3:21-23; 7:30; Jo 3:22-23; 13:17



Antes de falar da semente do reino dos céus, é necessário rever alguns pontos da semana anterior que fala sobre o começo da obra do Senhor Jesus. No início, muitos discípulos O seguiam, mas havia dois grandes empecilhos à Sua obra: os fariseus e os seguidores de João Batista.
Os fariseus impediam a entrada das pessoas no reino dos céus (Mt 23:13). Eles estavam vinculados ao Antigo Testamento e representavam a velha religião. João Batista devia fazer parte da velha religião, pois veio de uma família de sacerdotes (Lc 1:5, 13). Contudo ele abandonou as tradições sacerdotais e, em lugar de servir no templo, pregava no deserto; usava "vestes de pelos de camelo e um cinto de couro; sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre" (Mt 3:3-4; 11:7).
João foi comissionado por Deus para ser o precursor de Jesus, por isso ele pregava: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (3:2), na expectativa de que muitas pessoas se convertessem e não mais vivessem pela velha vida da alma.
Aos 30 anos, Jesus desceu ao rio Jordão para ser batizado por João (Lc 3:21-23). Este, porém, tentou dissuadi-lo, dizendo: "Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça" (Mt 3:14-15). Essa justiça se refere àquilo que Deus determinou (cf Lc 7:30). De acordo com a determinação de Deus, primeiro Jesus devia ser batizado, sepultando Sua natureza humana, para, então, batizar as pessoas com Espírito Santo e com fogo.
Quando Jesus saiu das águas, após ser batizado por João, os céus se Lhe abriram, e o Espírito de Deus desceu como pomba sobre Ele, representando que a unção foi derramada sobre Jesus (Mt 3:16). Uma vez que João Batista presenciou tudo isto, Ele deveria tomar a atitude de ser batizado por Jesus para cumprir a justiça de Deus. Mas não o fez, provavelmente porque João Batista não queria abrir mão de seus próprios discípulos (9:14; Mc 2:18).
Uma vez que Jesus veio, João deveria não apenas receber o batismo do Senhor Jesus, tornando-se Seu seguidor, como também conduzir todos os seus discípulos a segui-Lo. No entanto, não fez isso, pelo contrário, seguiu batizando pessoas em Enom, perto de Salim, enquanto os discípulos de Jesus batizavam na Judeia (Jo 3:22-23). Mais tarde, também passaram a realizar as mesmas práticas dos fariseus quanto ao jejum (Mc 2:18). João e seus discípulos já haviam rejeitado as práticas do Antigo Testamento, por isso não deveriam voltar a elas. Isso pertencia à velha religião. Mas, por fim, os discípulos de João se uniram aos fariseus e constituíram outra religião. Essa nova religião ia contra o Senhor Jesus e o Seu caminho: "Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não jejuam?" (Mt 9:14).
Isso representa a perseguição da velha e da nova religião contra aqueles que decidem andar no caminho do reino. Precisamos tomar cuidado para não sermos influenciados pela velha religião e tampouco pela nova. Religião aqui diz respeito à tentativa do homem de agradar a Deus independente Dele. Isso é o mesmo que viver pelo ser natural, sem a vida divina, criando uma série de normas e regras que por fim se tornam uma tradição.
Hoje, se formos fiéis em seguir as orientações do Senhor, que nos mantêm no frescor da vida cristã, podemos sofrer as mesmas perseguições que ocorreram na época do Senhor Jesus. Essas perseguições podem provir até mesmo de pessoas que no passado nos ajudaram a entender as verdades bíblicas. Cabe ressaltar que a Palavra do Senhor é maravilhosa, e vale a pena desfrutá-Ia ricamente; no entanto, o que nos mantêm novos, cheios de frescor espiritual, é a prática da Palavra (Jo 13:17). Se não praticarmos as verdades ouvidas, corremos o risco de formar uma nova religião e viver segundo nossas próprias tradições. Devemos prosseguir firmes no caminho da vida divina e, como resultado, ver e desfrutar cada vez mais a benção do Senhor.
A última fase da história de João Batista é uma advertência para nós, pois mesmo sendo encarcerado, ele ainda mantinha seus discípulos: "Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?" (Mt 11:2-3). Era como se João estivesse questionando: "Jesus, Tu és o Rei do reino dos céus? Se de fato for, por que não vens me libertar desta prisão?".
Sem dúvida, Jesus tinha poder para Iibertá-Io conforme está registrado no livro de Atos, quando Pedro também foi encarcerado e o Senhor o libertou (12:7-11). Mas, em relação a João Batista, Jesus respondeu: "Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11:4-6). É como se Jesus lhe dissesse: "Isso é suficiente para comprovar quem Eu sou e que essa obra é do Filho de Deus". João, contudo, não demonstrou sinais de arrependimento e foi decapitado a mando de Herodes (14:6-11).
Isso nos mostra que mesmo tendo sido libertos da velha religião, podemos ainda viver sob a influência de uma nova religião. Por isso falamos sobre abandonar a velha religião, e também a nova religião. Os que servem na obra do Senhor devem estar sempre atentos a isso. Não devemos nos opor à obra do Senhor por causa de nossa própria religião. Quando negamos a vida da alma, isto é, a nós mesmos, conseguimos eliminar tanto a velha quanto a nova religião.