06 fevereiro, 2012

Cumprir toda a justiça

Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça (M t 3:14-15)


Mt 3:3-4, 11, 14-17; Lc 1:9, 13-17, 41



Deus enviou João Batista como precursor do Senhor Jesus, isto é, para preparar o caminho do Senhor (Mt 3:3; Lc 1:13-17). Desde antes do nascimento, João Batista sabia qual era o seu papel. Por isso, quando Maria, que já se encontrava grávida pelo Espírito Santo, visitou Isabel, João Batista estremeceu em seu ventre, e ela ficou possuída do Espírito Santo (Lc 1:41).
A família de João Batista era levita, da casa de Arão, e seu pai Zacarias servia a Deus como sacerdote no templo (1:5). João Batista iniciou seu ministério de maneira nova, pois se distanciou das tradições sacerdotais do Antigo Testamento. Pela posição religiosa, o sacerdote tinha direito a ministrar no templo, a usar uma veste de linho e a se alimentar dos pães da proposição e da porção a eles destinada nos sacrifícios ofertados (Lc 1:9; Êx 28:3; Lv 7:34). João Batista, porém, mesmo sendo um sacerdote, abriu mão de tudo isso. Sua pregação ocorria no deserto, suas vestes eram feitas de pelos de camelo e sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre (Mt 3:4). Ele se afastou das antigas tradições religiosas, porque sua função era abrir caminho para o Senhor Jesus, pregando o arrependimento e prenunciando Sua chegada, um novo começo.
João Batista teve um bom início em seu ministério: era humilde e se colocava em posição inferior ao Senhor Jesus. Quando Jesus pediu para ser batizado por João, ele disse: "Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?" (Mt 3:14). Ele estava certo, mas Jesus acrescentou: "Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça" (v. 15). Pelas palavras do Senhor Jesus, João Batista também deveria ser batizado, mas não vemos nenhum registro disso.
Jesus cumpriu a justiça de Deus, isto é, fez o que deveria ser feito segundo a determinação divina, e foi batizado por João Batista. Por ter agido segundo a vontade do Pai, naquele instante, os céus se abriram, o Espírito de Deus desceu sobre Ele em forma de pomba e se ouviu uma voz dos céus dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (vs. 16-17).
João Batista estava ali e obviamente presenciou esse fato, mas parece que não lhe deu a devida importância. Sua reação normal seria pedir ao Senhor que lhe batizasse e, em seguida, deveria segui-Lo, pois, segundo ele mesmo havia dito anteriormente, o Senhor Jesus era mais poderoso do que ele, porque batizaria com Espírito Santo e com fogo (3:11). Ele, porém, além de não ser batizado pelo Senhor, ainda prosseguiu com uma obra paralela.
Por que ele fez isso? E por que não passou a seguir o Senhor depois de ouvir a voz dos céus? Provavelmente porque já tinha seus próprios discípulos, dos quais não queria abrir mão. Se João Batista houvesse sido batizado pelo Senhor Jesus, os que o seguiam possivelmente também se tornariam discípulos do Senhor. Mas parece que João Batista não quis terminar assim seu ministério e ainda desejava manter seus seguidores.

Refinados pelo fogo

Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando (1 Pe 4:12-13)


Gn 2:12; 1 Pe 1:6-9; Ap 21:18, 23



Para refinar o minério de ouro grosseiro, é necessário que ele seja esmagado, triturado, moído e depois lavado com água ou algum líquido especial. Esse processo retira as impurezas aparentes, mas, para retirar aquelas que estão apegadas à estrutura interna do ouro, é necessário submetê-lo ao cadinho, onde o ouro passa por fogo intenso. Esse fogo não pode se apagar senão o cadínho se quebra.
Quando o ouro é colocado no cadinho e a temperatura aumenta, ele se funde, tomando-se liquefeito. Por possuir alto peso específico (19.250kg/m3), o ouro fundido vai ao fundo, e as impurezas sobem para a superfície, onde é possível retirá-Ias.
Na vida da igreja também é assim. Somos disciplinados e passamos por vários sofrimentos. De acordo com Pedro, eles fazem parte do "fogo ardente" destinado a queimar as impurezas da nossa vida da alma, para que sejam removidas. Quanto mais fogo, mais impurezas vêm para a superfície, e, para que sejam eliminadas, o Senhor aumenta a temperatura: quinhentos, seiscentos, mil, mil e duzentos graus. Ao final desse processo, nossa fé se torna mais preciosa do que o ouro perecível (1 Pe 1:7).
No jardim do Éden havia ouro, bdélio e pedra de ônix (Gn 2:12). Esses materiais estavam no rio que flui do Éden até a nova Jerusalém, a cidade de ouro. Todavia não é ouro comum, "a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido" (Ap 21:18). Uma vez que a cidade é de ouro transparente, "não precisa nem do sol, nem da lua para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada" (v. 23).
Esse ouro transparente é mais precioso do que o ouro perecível. Ele é produzido por meio de sofrimentos e tribulações (1 Pe 4:19); não é um sofrimento exterior, na carne, como enfermidades ou tragédias. É um sofrimento interior causado pela provação do fogo purificador. Essa foi a experiência de Pedro descrita no capítulo 1 de sua primeira epístola.
No capítulo 4, ele recomenda não estranharmos o fogo ardente que surge com o objetivo de nos provar e pede que nos alegremos, porque esses sofrimentos nos tornam coparticipantes dos sofrimentos de Cristo e nos ajudam a negar a vida da alma (vs. 12-13).
O mais importante hoje é negar a vida da alma, mas vemos que isso não é fácil; ainda não conseguimos negá-Ia completamente. Talvez os irmãos novos recebam essa palavra com mais facilidade; os demais encontram dificuldades em praticá-Ia. Participam de conferências sobre casamento e viver familiar, ouvem 1 Coríntios 11: o homem é o cabeça da mulher, o Senhor é o cabeça do homem, Deus é o cabeça de Cristo, mas, no dia a dia, perdem todo o encabeçamento de Cristo. As irmãs, de início, até que se submetem, mas, depois de uma semana, aparecem novamente encabeçando os maridos. Isso evidencia que apenas o convencimento mental de determinadas doutrinas não consegue nos mudar.
Precisamos do queimar do Espírito em nosso interior. Essa é a melhor maneira de aperfeiçoar os santos e torná-las como o ouro transparente, material para a nova Jerusalém. Aleluia!