Jo 14:26; 19: 25-26; 33-34; Rm 6:6
A eficácia da morte do Senhor na cruz não foi apenas nos perdoar os pecados, mas eliminar a vida da alma, também chamada de velho homem (Rm 6:6). Essa é a principal função da cruz: eliminar o nosso ego. Como temos visto, por um lado o ego é o nosso eu; por outro, são nossas próprias opiniões. Nenhum desses aspectos serve para fazer a vontade de Deus.
Após a morte do Senhor Jesus,
o sangue foi derramado para propiciar o perdão dos pecados, e a água foi
vertida, dispensando a vida de Deus para nos gerar. João percebeu esses dois
aspectos da crucificação porque estava bem próximo da cruz (Jo 19:25-26). Ele
também notou a ordem dos acontecimentos: no primeiro momento, o Senhor Jesus
morreu; depois, o seu lado foi aberto, de onde fluiu sangue e água (vs.
33-34).
No passado tínhamos um
conceito tradicional sobre isso: pensávamos que o Senhor Jesus derramara todo o
Seu sangue antes de morrer. Porém, pela descrição atenta de João, que presenciou
os fatos de perto, notamos que primeiro houve a morte do Senhor; depois, o
derramamento de sangue e água. Na morte do Senhor, nosso velho homem foi
crucificado, ou seja, a fonte dos nossos problemas, que é a vida da alma, foi
crucificada para dar lugar ao novo homem (Rm 6:6). O problema dos pecados foi
resolvido somente depois, pelo derramamento do sangue. O mesmo ocorreu com a
geração da igreja, que veio do fluir da vida, ou seja, da água vertida do lado
do Senhor.
Assim, vemos que, na
crucificação e na morte do Senhor, a prioridade foi eliminar a vida da alma.
Conforme o Evangelho de João, a primeira eficácia da crucificação é eliminar o
nosso ego. Também é importante a solução dos problemas dos pecados, mas isso
aconteceu depois. Pelos escritos de João, registrados muitos anos após os
acontecimentos, o Espírito fez lembrar a intenção de Deus implícita na ordem
desses fatos e nos revelou essa palavra (Jo 14:26). Logo, aos olhos de Deus, os
problemas causados pela vida da alma são mais graves que os problemas oriundos
dos pecados.
O apóstolo João foi útil à
obra de Deus no final de sua vida, porque na juventude acompanhou o Senhor Jesus
de perto, e, na maturidade, o Espírito lhe revelou muitas coisas acerca do plano
de Deus. Durante os vinte anos do exílio de João, ele recebeu revelação por
parte do Espírito Santo, sendo lembrado de todas as palavras que o Senhor Jesus
havia dito. Depois de sua libertação, João foi enviado para a igreja em Éfeso, a
quem prestou grande ajuda por ministrar aos irmãos Espírito e vida.
O Espírito Santo utilizou João
de uma maneira nova, não só em seu serviço à igreja em Éfeso, mas também por
meio de seu evangelho e epístolas. Devemos dar especial atenção às palavras
registradas por João, pois, por meio delas, o Espírito também deseja nos
falar.