27 junho, 2012

Refletindo...


A base da união e da divisão


Se um grupo de cristãos divide-se de uma igreja local no seu zelo por certo ensinamento segundo a Palavra de Deus, a nova “igreja” que estabelecem pode ter mais ensinamento bíblico, mas jamais poderia ser uma igreja bíblica. Introduzir erro na igreja é carnal, mas dividir a igreja com base no erro também são carnal. É a carnalidade que tão frequentemente destrói a unidade da igreja em todos os lugares.

Se desejamos manter a posição bíblica, temos de atentar a que as igrejas que fundamos nos vários lugares somente representem localidades, e não doutrinas. Se nossa “igreja” não é separada de outros filhos de Deus apenas com base na localidade, mas se firma na propagação de certas doutrinas específicas, decididamente somos uma facção, não obstante quão verdadeiro segundo a Palavra de Deus seja o nosso ensinamento. O propósito de Deus é que uma igreja represente os filhos de Deus numa localidade, e não uma verdade específica ali. Uma igreja de Deus num lugar compreende todos os filhos de Deus naquele lugar, e não apenas os que têm o mesmo ponto de vista doutrinário.

Se chegarmos a certo lugar onde a igreja já foi estabelecida na base clara da localidade, e descobrirmos que seus membros têm pontos de vista que consideramos não-bíblicos, ou que consideram os nossos pontos de vista como não-bíblicos, e se nos recusamos a reconhecê-los como igreja de Deus nessa localidade e afastamo-nos da comunhão, somos assim facciosos. A questão não é se eles concordam com a nossa apresentação da verdade, e, sim, se estão na base clara da igreja.

Se nosso coração está firme em preservar o caráter local das igrejas de Deus, não podemos deixar de enfrentar problemas em nossa obra. A menos que a cruz opere poderosamente, haverá infindáveis possibilidades de atrito se incluirmos numa só igreja todos os cristãos numa localidade com todos os seus variados pontos de vista. Como a carne gostaria de incluir apenas os que têm os mesmos pontos de vista que temos, e excluir aqueles cujos pontos de vista diferem dos nossos! Associar-nos constante e intimamente com pessoas cuja interpretação das Escrituras não necessariamente corresponde à nossa é difícil para a carne, mas bom para o espírito. Deus não usa a divisão para resolver o problema; ele sua a cruz. Ele quer que nos submetamos à cruz, para que, mediante as próprias dificuldades da situação, a mansidão, a paciência e o amor de Cristo sejam profundamente trabalhados em nossa vida. Sob tais circunstâncias, se não conhecermos a cruz, provavelmente discutiremos, perderemos a calma e, por fim, tomaremos nosso caminho. Podemos ter pontos de vista corretos, mas Deus nos dá oportunidade de exibir uma atitude correta; podemos crer corretamente, mas Deus nos põe à prova para ver se amamos corretamente. É fácil ter a mente bem equipada de ensinamento bíblico, e o coração carente de amor verdadeiro. Os que diferem de nós serão os meios na mão de Deus para pôr à prova se temos experiência espiritual ou somente conhecimento bíblico, se as verdades que proclamamos são questão de vida ou mera teoria.

Que lástima, porém, que tantos filhos de Deus sejam tão zelosos de suas doutrinas de estimação que logo rotulem de heréticos, e os tratem como tais, todos aqueles cuja interpretação bíblica difira da deles. Deus quer que andemos em amor para com todos os que têm pontos de vista contrários aos que nos são tão caros. 


Fonte: A vida cristã normal da igreja – W. Nee

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