Cristo é a Vida
Seguindo as 
palavras "Eu sou o caminho e a verdade", O Senhor continua com "e a vida". 
Estamos atentos ao fato de que a vida resulta espontaneamente em trabalho, mas 
que o trabalho não pode ser um substituto da vida. Temos que deixar bastante 
claro aqui que o trabalho não é vida - pois a vida não requer esforço, a vida é 
o próprio Cristo. Como as pessoas labutam para serem cristãs! Como ficamos 
esgotados por nos esforçarmos diariamente! Bastantes severas são essas 
doutrinas, pois elas nos demandam ser humildes, gentis, clementes e longânimos. 
Elas literalmente nos esgotam. Muitos admitem que ser um cristão é uma difícil 
tarefa. Isto é verdadeiro especialmente para com os novos crentes. Quanto mais 
eles tentam, mais difícil se torna. Havendo tentado por um período de tempo, 
eles não apresentam qualquer semelhança com um cristão. Irmãos, se Cristo não é 
vida, nós temos que fazer o trabalho; mas se Ele é vida, então não precisamos 
pelejar. Repetidamente dizemos que a vida é o próprio Cristo, e que o trabalho 
não pode substituir a própria vida.
Existe um 
grande erro difundido entre os filhos de Deus. Muitos consideram a vida como 
algo que eles precisam produzir em sua própria força, ou senão não há vida. O 
que todos nós deveríamos compreender é que se existe vida não haverá a menor 
necessidade de nossa própria realização, mas essa vida fluirá naturalmente. 
Considere por um momento como os nossos olhos vêm e nossos ouvidos ouvem. Nossos 
olhos vêem bastante naturalmente e nossos ouvidos ouvem espontaneamente porque 
existe vida neles. Temos que ter clareza neste ponto: a vida flui naturalmente 
em serviço, mas o serviço nunca é um substituto para a vida. Algumas vezes o 
serviço prova, ao contrário, ausência de vida ou fraqueza de vida. A vida 
resultará em boa moral, mas a boa moral não é páreo para a vida. Por exemplo, um 
irmão pode ser muito gentil, moderado e reservado. Alguém o louvaria dizendo: "A 
vida deste irmão não é má." Não, ele usou a terminologia errada. Pois o Senhor 
diz: "Eu sou a vida". Não importa o quão gentil, moderado e reservado este irmão 
possa ser, se essas coisas não vêem de Cristo, elas não são reconhecidas como 
sendo vida. É perfeitamente correto dizer que este homem possui um bom 
temperamento ou que ele raramente causa qualquer problema, ou que ele sempre 
trata as pessoas bondosamente e nunca briga; mas não pode ser dito que ele tem 
uma vida espiritual rica. Se estas coisas são naturais para ele, elas não são 
vida, pois elas não vêm de Cristo.
Outras 
pessoas abrigam outro pensamento. Elas concluem que a vida é o poder. Ter o 
Senhor como nossa vida significa receber poder Dele para fazer o bem. No 
entanto, Deus nos mostra que o nosso poder não é uma coisa, é simplesmente 
Cristo. Nosso poder não é a força para realizar coisas, mas em vez disso é uma 
Pessoa. Vida para nós não é apenas poder, mas também uma Pessoa. É Cristo que 
manifestou a Si mesmo em nós, em vez de nós utilizarmos a Cristo para exibir as 
nossas boas obras.
Certa vez um 
irmão que se reunia em determinado lugar foi abordado por um cristão mais velho 
que lhe perguntou: "Por que você se reúne lá?" "Porque lá há vida", ele 
respondeu. O mais velho disse: "É verdade, com respeito a entusiasmos as nossas 
reuniões não são comparáveis àquele lugar". "Você não entendeu", replicou este 
irmão. "Aquele lugar não tem uma atmosfera agitada de forma alguma". "O que você 
quer dizer?", perguntou o irmão mais velho "Como pode haver vida se não é 
fervorosa?" O irmão mais jovem respondeu: "não há nada de barulhento ali, e no 
entanto há vida. Pois a vida não tem que ser excitante emocionalmente, ou 
entusiasta ou ardorosa, ou barulhenta". Aquele homem mais velho então filosofou: 
"Talvez os jovens gostem de fervor, mas eu prefiro palavras profundas. Quando eu 
ouço palavras profundas, eu encontro vida. Eu acho que isto é realmente vida". 
Mas o irmão jovem retornou: "Muitas vezes eu tenho ouvido as palavras profundas 
às quais você se refere, mas não tenho encontrado vida alguma". Queridos, da 
conversa desses dois homens, podemos ver que a vida nem é uma agitação 
emocional, nem palavras profundas. Palavras de sabedoria, ditos inteligentes, 
argumentos lógicos e dissertações meditativas não são necessariamente 
vida.
Não é de se 
surpreender que alguém indague: "Quão estranho é que a vida não é fervor nem 
pensamento animador. Onde, então, podemos encontrar vida? O que é vida, afinal 
de contas?" Nós confessamos que não temos uma maneira melhor de expressar este 
assunto de discurso de vida. Tudo o que podemos dizer é que é algo mais profundo 
do que um pensamento. Uma vez que alguém a encontra, instantaneamente será 
vivificado interiormente. Isto é chamado vida.
O que é vida? 
Vida é mais profundo do que pensamento; o pensamento nunca supera a vida. Ela é 
também, mais profunda que a emoção; a emoção é superficial em comparação a vida. 
Tanto o pensamento quanto a emoção são algo relativamente externos. O que, 
então, é vida? O Senhor Jesus declarou: "Eu sou a vida". Não deveríamos concluir 
apressadamente que encontramos vida quando tudo o que encontramos foi um tipo de 
atmosfera fervorosa, tal como a chamada atmosfera espiritual fervorosa. Em vez 
disso, deveríamos perguntar qual a procedência de tal atmosfera. Bastante 
experiências confirmam para nós que muitos que são hábeis na criação de 
atmosferas fervorosas conhecem muito pouco do Senhor. Somente Cristo é vida, o 
resto não o é. Nós precisamos aprender a lição de conhecer a vida. Pois a vida 
não depende de quão numerosos são os nossos pensamentos; ela descansa 
exclusivamente no fato do Senhor manifestar a Si próprio. Portanto, nada há mais 
importante do que conhecer o Senhor. À medida em que O conhecemos, tocamos a 
vida. Nós temos que compreender diante de Deus o significado de Cristo ser a 
nossa vida. Aqueles que ficam facilmente entusiasmados ou que são 
excepcionalmente inteligentes, não são necessariamente pessoas que conhecem ao 
Senhor. Para conhecê-Lo é necessário visão espiritual. Tal visão é vida, e ela 
nos transforma. Se nós conhecemos o Senhor como nossa vida, compreendemos a 
absoluta futilidade de todos os nossos esforços naturais em questões 
espirituais. Portanto nós olhamos somente para Ele.
Quando cremos 
no Senhor, não compreendemos o que realmente significa olharmos para Ele. Mas 
gradualmente vamos aprendendo a olhar para Ele, havendo reconhecimento do que 
tudo depende de Cristo, e não de nós. No inicio de nosso caminhar cristão 
desejávamos possuir uma coisa após outra; não conseguíamos confiar Nele para 
todas as coisas. Após termos aprendido um pouquinho mais, entretanto, recebemos 
algum entendimento quanto à necessidade de confiarmos Nele; Não no sentido de 
crer que ele nos outorgará item após item, mas no sentido de confiar que Ele 
fará o que somos incapazes de fazer por nós mesmos. Quando nos convertemos, 
éramos inclinados a fazer tudo por nós mesmo, temendo que as coisas nunca seriam 
feitas ou que as questões partiriam em pedaços se nós não as resolvêssemos. 
Portanto, trabalhávamos o tempo todo. Mais tarde, ao vermos que o Senhor é a 
nossa vida, conhecemos que tudo é de Cristo, não de nós mesmos. Conseqüentemente 
aprendemos a descansar e olhar para Ele.
Vamos guardar 
em mente que em vez de nos dar um objeto após outro, Deus dá o Seu Filho para 
nós. Por causa disto, podemos sempre elevar nossos corações e olhar para o 
Senhor, dizendo, "Senhor, Tu és o meu caminho; Senhor, Tu és a minha verdade; 
Senhor, Tu és a minha vida. És Tu, Senhor, que estás relacionado comigo, não as 
Tuas coisas". Possamos pedir a Deus para nos dar graça para que possamos ver a 
Cristo em todas as coisas espirituais. Dia após dia somos convencidos de que à 
parte de Cristo não há qualquer caminho, nem verdade, nem vida. Quão facilmente 
nós fazemos das coisas como sendo o caminho, a verdade e a vida. Ou, chamamos 
uma atmosfera fervorosa de vida, rotulamos um pensamento lúcido como sendo vida. 
Consideramos uma emoção forte ou uma conduta exterior como vida. Na realidade, 
entretanto, estas coisas não são vida. Temos que compreender que somente o 
Senhor é a vida. Cristo é a nossa vida. E é o Senhor quem vive está vida em nós. 
Peçamos a Ele para nos livrar de muitos afazeres externos e fragmentados, para 
que possamos tocar apenas Nele. Que possamos ver o Senhor em todas as coisas - 
caminho, verdade e vida são todos encontrados em se conhecer a Ele. Que possamos 
realmente nos encontrarmos com o filho de Deus e deixá-Lo viver em nós. 
Amém.
Autor: Watchman Nee 
Extraído da Revista, À Maturidade número 25, Verão de 1994.
Extraído da Revista, À Maturidade número 25, Verão de 1994.
 
 
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