16 fevereiro, 2012

A semente que caiu à beira do caminho

Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como foi na provocação (Hb 3:15)


Mt 13:3-8, 18-23



A primeira parábola apresentada pelo Senhor Jesus em Mateus 13 é a do semeador. Essa parábola mostra que o reino dos céus é uma questão de vida, pois fala das condições da terra (nosso coração) para a que vida da semente (a palavra do reino) possa crescer.
O semeador saiu a semear, e, ao fazê-lo, a semente caiu em quatro condições diferentes de solo. A primeira condição refere-se à semente que caiu à beira do caminho e não conseguiu germinar, pois se trata de um solo pisado, duro (Mt 13:3-4, 19). A segunda relaciona-se com a semente que caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca (vs. 5-6, 20-21). A terceira condição foi a semente que caiu em um solo aparentemente bom, e cresceu, mas os espinhos a sufocaram. Os espinhos dizem respeito às preocupações de nossa alma, aos cuidados do mundo e à fascinação das riquezas (vs. 7, 22). Por fim, a última condição é a boa terra, que produziu a cem, a sessenta e a trinta por um (v. 8).
A semente representa a palavra do reino (v. 19), que está relacionada com a palavra de vida, e mostra que o reino dos céus não é uma questão de doutrinas ou regras, mas é uma questão de deixar a vida de Deus crescer em nosso coração.
Quando líamos essa parábola nos perguntávamos: "Por que ainda não somos a boa terra?"; e ainda: "O que fazer para nos tornarmos a boa terra?". Nesta série do Alimento Diário temos visto que, para responder essas perguntas e alcançar a condição de boa terra, precisamos de uma mudança de mente, de arrependimento.
A primeira parte das sementes caiu em uma terra dura, à beira do caminho. Os caminhos surgem em decorrência do trânsito de pessoas numa mesma trilha, pois onde elas passam o solo fica empedernido. De tanto pisar, a terra endurece formando caminhos. Uma parte das sementes caiu nesse solo petrificado e não conseguiu germinar, pois, mesmo antes de penetrar no solo, vieram as aves do céu e as comeram.
Às vezes o Senhor Jesus semeia em nosso coração, mas, por estarmos com o coração empedernido, ocupado com outras coisas, não damos importância. Por causa disso, a palavra de Deus não penetra em nosso coração, e, então, vem o maligno e arrebata o que foi semeado (v. 19).
Não podemos permanecer nessa condição infrutífera. Devemos pôr fim ao trânsito que endurece nosso coração para fazê-lo amolecer. Apenas buscando a presença do Senhor e levando nossa condição diante Dele, obteremos arrependimento, e a semente divina encontrará espaço para penetrar em nós. Dessa maneira, teremos um coração sensível e pronto para absorver Sua paIavra e frutificar. Aleluia!

15 fevereiro, 2012

O Senhor Jesus fala por parábolas

[Jesus respondeu:] Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem. Bem aventurados, porém, os vossos olhos porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem (Mt 13:13,16)


Mt 13:10-17



O capítulo 13 do evangelho de Mateus apresenta sete parábolas: do semeador, do joio, do grão de mostarda, do fermento, do tesouro escondido, da pérola e da rede. Essas parábolas se cumprem profeticamente na história da igreja, nas sete igrejas (Ap 2-3), que será desenvolvida na próxima semana.
"Então se aproximaram os discípulos e lhe perguntaram: Por que lhes falas por parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido. Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado" (Mt 13:10-12).
O Senhor fala a nós, Seus discípulos, todas as Suas palavras; quanto aos outros, porém, o Senhor explica por que só lhes fala por parábolas: "Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem" (v. 13). Eles ouvem as parábolas somente como doutrina, mas não têm a realidade de praticá-Ias. "De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis, porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos" (vs. 14-15). Por viverem para si mesmos, o coração deles se encheu de orgulho e endureceu, por isso não conseguem tocar nas palavras faladas pelo Senhor.
No passado, aprendemos um precioso princípio espiritual: "Devemos ir para onde o Espírito estiver realizando Sua obra". Os que não seguiram esse princípio, em vez de buscar ajuda onde a obra do Espírito Santo estava fluindo, pouco a pouco deram início a uma nova religião. O Senhor usou parábolas para apresentar o evangelho do reino dos céus. Ele sabia que algumas pessoas iriam ouvir as parábolas como doutrina e mero objeto de investigação teológica, e não como lições para buscar o crescimento espiritual. Quando isso acontece, torna-se muito difícil praticar as palavras do Senhor por causa do orgulho que ocupa o coração dessas pessoas e o torna endurecido.
Diante disto, vamos manter nosso coração humilde, sempre pronto para aprender com outros, a fim de que os nossos olhos possam ver e os nossos ouvidos ouvir. Aleluia! Dessa maneira seremos bem-aventurados!

O perigo da velha e da nova religião

Bem-aventurado é aquele que não encontrar em mim [Cristo] motivo de tropeço (Mt 11:6)


Mt 3:3-4,15;9:14; 11:7; Mc 2:18; Lc 3:21-23; 7:30; Jo 3:22-23; 13:17



Antes de falar da semente do reino dos céus, é necessário rever alguns pontos da semana anterior que fala sobre o começo da obra do Senhor Jesus. No início, muitos discípulos O seguiam, mas havia dois grandes empecilhos à Sua obra: os fariseus e os seguidores de João Batista.
Os fariseus impediam a entrada das pessoas no reino dos céus (Mt 23:13). Eles estavam vinculados ao Antigo Testamento e representavam a velha religião. João Batista devia fazer parte da velha religião, pois veio de uma família de sacerdotes (Lc 1:5, 13). Contudo ele abandonou as tradições sacerdotais e, em lugar de servir no templo, pregava no deserto; usava "vestes de pelos de camelo e um cinto de couro; sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre" (Mt 3:3-4; 11:7).
João foi comissionado por Deus para ser o precursor de Jesus, por isso ele pregava: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (3:2), na expectativa de que muitas pessoas se convertessem e não mais vivessem pela velha vida da alma.
Aos 30 anos, Jesus desceu ao rio Jordão para ser batizado por João (Lc 3:21-23). Este, porém, tentou dissuadi-lo, dizendo: "Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça" (Mt 3:14-15). Essa justiça se refere àquilo que Deus determinou (cf Lc 7:30). De acordo com a determinação de Deus, primeiro Jesus devia ser batizado, sepultando Sua natureza humana, para, então, batizar as pessoas com Espírito Santo e com fogo.
Quando Jesus saiu das águas, após ser batizado por João, os céus se Lhe abriram, e o Espírito de Deus desceu como pomba sobre Ele, representando que a unção foi derramada sobre Jesus (Mt 3:16). Uma vez que João Batista presenciou tudo isto, Ele deveria tomar a atitude de ser batizado por Jesus para cumprir a justiça de Deus. Mas não o fez, provavelmente porque João Batista não queria abrir mão de seus próprios discípulos (9:14; Mc 2:18).
Uma vez que Jesus veio, João deveria não apenas receber o batismo do Senhor Jesus, tornando-se Seu seguidor, como também conduzir todos os seus discípulos a segui-Lo. No entanto, não fez isso, pelo contrário, seguiu batizando pessoas em Enom, perto de Salim, enquanto os discípulos de Jesus batizavam na Judeia (Jo 3:22-23). Mais tarde, também passaram a realizar as mesmas práticas dos fariseus quanto ao jejum (Mc 2:18). João e seus discípulos já haviam rejeitado as práticas do Antigo Testamento, por isso não deveriam voltar a elas. Isso pertencia à velha religião. Mas, por fim, os discípulos de João se uniram aos fariseus e constituíram outra religião. Essa nova religião ia contra o Senhor Jesus e o Seu caminho: "Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não jejuam?" (Mt 9:14).
Isso representa a perseguição da velha e da nova religião contra aqueles que decidem andar no caminho do reino. Precisamos tomar cuidado para não sermos influenciados pela velha religião e tampouco pela nova. Religião aqui diz respeito à tentativa do homem de agradar a Deus independente Dele. Isso é o mesmo que viver pelo ser natural, sem a vida divina, criando uma série de normas e regras que por fim se tornam uma tradição.
Hoje, se formos fiéis em seguir as orientações do Senhor, que nos mantêm no frescor da vida cristã, podemos sofrer as mesmas perseguições que ocorreram na época do Senhor Jesus. Essas perseguições podem provir até mesmo de pessoas que no passado nos ajudaram a entender as verdades bíblicas. Cabe ressaltar que a Palavra do Senhor é maravilhosa, e vale a pena desfrutá-Ia ricamente; no entanto, o que nos mantêm novos, cheios de frescor espiritual, é a prática da Palavra (Jo 13:17). Se não praticarmos as verdades ouvidas, corremos o risco de formar uma nova religião e viver segundo nossas próprias tradições. Devemos prosseguir firmes no caminho da vida divina e, como resultado, ver e desfrutar cada vez mais a benção do Senhor.
A última fase da história de João Batista é uma advertência para nós, pois mesmo sendo encarcerado, ele ainda mantinha seus discípulos: "Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?" (Mt 11:2-3). Era como se João estivesse questionando: "Jesus, Tu és o Rei do reino dos céus? Se de fato for, por que não vens me libertar desta prisão?".
Sem dúvida, Jesus tinha poder para Iibertá-Io conforme está registrado no livro de Atos, quando Pedro também foi encarcerado e o Senhor o libertou (12:7-11). Mas, em relação a João Batista, Jesus respondeu: "Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11:4-6). É como se Jesus lhe dissesse: "Isso é suficiente para comprovar quem Eu sou e que essa obra é do Filho de Deus". João, contudo, não demonstrou sinais de arrependimento e foi decapitado a mando de Herodes (14:6-11).
Isso nos mostra que mesmo tendo sido libertos da velha religião, podemos ainda viver sob a influência de uma nova religião. Por isso falamos sobre abandonar a velha religião, e também a nova religião. Os que servem na obra do Senhor devem estar sempre atentos a isso. Não devemos nos opor à obra do Senhor por causa de nossa própria religião. Quando negamos a vida da alma, isto é, a nós mesmos, conseguimos eliminar tanto a velha quanto a nova religião.

13 fevereiro, 2012

A ênfase do livro de mateus e a importância do arrependimento

Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus (Mt 4:17)
Gn 1:26-28; Mt 3:2-3; Lc 1:41; Rm 8:6; Hb 2:5-8

Na série do Alimento Diário do semestre passado foi abordado o tema "Por que Deus criou o homem?". Com base em Gênesis 1:26, 28, vimos que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança para que o homem crescesse em vida e exercesse domínio sobre a terra, retirando-a da sujeição de Satanás (Hb 2:5). Deus seria o conteúdo do homem, e este, pleno da vida de Deus, governaria o mundo que há de vir (vs. 6-8).
Muitos se lembram de quando estudamos o livro de Mateus, com o objetivo, naquela ocasião, de enfatizar a igreja. Desta feita, estamos abordando a importância do reino dos céus, tema principal desse evangelho, em cujo início o Senhor Jesus nos diz: ''Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (4:17). O primeiro a pregar isso foi João Batista, o precursor do Rei do reino dos céus (3:2). Deus lhe havia revelado que os homens precisavam se arrepender de seus pecados, pois Seu reino estava próximo. Ainda no ventre materno, quando sua mãe se encontrou com Maria, ele pressentiu que estava diante do Rei que havia de vir (Lc 1:41).

João Batista foi enviado adiante do Senhor Jesus, e sua comissão era conclamar as pessoas a que preparassem o caminho do Senhor e endireitassem Suas veredas, para que o Rei do reino dos céus pudesse passar e entrar no coração delas (Mt 3:3). Ele veio trazer o batismo de arrependimento. Arrependimento significa mudança de mente, a parte que lidera a alma. Para haver essa mudança na mente, gerada pelo arrependimento, é necessário negar a vida da alma. Era como se João Batista dissesse: "Não fiquem mais em seus vãos pensamentos, velhos conceitos, governados por suas velhas tradições; suas mentes precisam ser renovadas".

Temos visto que o maior impedimento para o avanço da obra de Deus e de Sua vontade é a vida da alma. Por isso é que João Batista veio pregar a mudança de mente.

O capítulo 8 do livro de Romanos confirma que a mente é a parte líder da alma. Quando a mente se inclina para algo, a alma toda acompanha o movimento. Se sua mente pende para a carne, então todo o seu ser vai para a carne, para o pecado, para a morte espiritual; mas, se sua mente é colocada no espírito, você obtém vida e paz. Que é negar a vida da alma? É mudar de mente, negar a si mesmo para voltar à presença de Deus.

12 fevereiro, 2012

Perdoados pelo sangue e supridos com a vida divina para seguir o Senhor

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1 Jo 1:9). 
Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10:10b)

Jo 1:14; 7:38-39; 14:16-18, 20; At 18:2-3, 26; Rm 16:3-5; 1 Co 15:45; 16:19; 1 Jo 1:1



Atualmente, estamos sendo treinados para reinar. De um lado, negamos a nós mesmos; de outro, somos aperfeiçoados. Assim, a vida de Deus cresce mais em nós, até tomar conta de todo o nosso ser.
O Senhor Jesus revelou isso ao apóstolo Paulo e também a João. Paulo falou sobre o desejo de Deus: dispensar a Fé (1 Tm 1:4), que é Seu plano eterno para nós. Isso ocorre quando o Deus Triúno, isto é, o Pai, o Filho, e o Espírito, nos alcança ao nos predestinar, redimir e selar (Ef 1:3-14).
João, em idade avançada, se lembrou de todas as palavras ditas pelo Senhor Jesus e explicou que esse processo ocorreu por meio do Verbo se tornar carne, e depois, por meio da morte e ressurreição do Senhor, Ele voltar como o outro Consolador, o Espírito da realidade, e assim habitar em todo aquele que Nele crê (Jo 1:14; 7:38-39; 14:16-18, 20). Esse Espírito da realidade mencionado por João é o Espírito que dá vida, descrito por Paulo (1 Co 15:45).
Hoje, precisamos praticar essas palavras, ajudando as pessoas a receber o Espírito da realidade, que é o próprio Filho de Deus, pois Nele está todo o conteúdo do plano eterno de Deus para o homem. "Quem tem o Filho tem a vida" (1 Jo 5:12).
O Senhor, quando foi ferido na cruz, nos dispensou essa vida, porque do Seu lado fluíram sangue e água. Isso foi o que João relatou (Jo 19:33-34). O sangue é para nossa redenção, enquanto a água representa a vida divina que nos gerou e nos edifica dia a dia. Esse é o evangelho completo que o Senhor Jesus nos preparou.
O sangue de Cristo tem eficácia eterna e possibilita que Deus perdoe todos os nossos pecados, pois é o sangue do Filho de Deus que nos justifica (1 Jo 1:7). Mesmo nossos pecados ocultos podem ser perdoados, se os confessarmos e nos arrependermos diante da luz do Senhor. A redenção de Cristo permitiu que a vida de Deus nos fosse concedida. João testificou esse fato com seus próprios olhos e percebeu que a intenção de Deus é nos dar Sua vida (Jo 10:10b).
Desse modo, o sangue remissor e a vida divina ressurreta estão disponíveis a nós, mas, se não atentarmos para a necessidade de negarmos a vida da alma, não cresceremos na vida de Deus. Por isso o Senhor está constantemente falando sobre esse assunto conosco (Mt 16:24).
Antigamente, nas palestras ministradas aos casais, era comum se utilizarem trechos bíblicos como Efésios 5 e 1 Coríntios 11. Hoje, vemos que a real necessidade dos casais e de qualquer cristão é negar a vida da alma, pois ao discutir ou revidar perdem sua serventia para expressar a Deus. Um exemplo de casal para nós é o modelo deixado por Áquila e Priscila, que se envolveram no serviço ao Senhor: eles abriram sua casa para a igreja na cidade onde moravam, ajudaram Apolo expondo-lhe com mais exatidão o caminho do Senhor e, posteriormente, até mesmo arriscaram sua cabeça pela vida do apóstolo Paulo (At 18:2-3, 26; 1 Co 16:19; Rm 16:3-5). Que sejamos úteis ao Senhor em qualquer situação.

O exercício dos dons para o reino

Chamou dez servos seus, confiou-lhes dez minas e disse-lhes: Negociai até que eu volte (Lc 19:13)


Is 11:8; Lc 7:37-38; 8:1-3; Jo 16:13; At 20:35; Rm 14:17; 1 Co 14:31; Hb 4:11



A descrição da manifestação do reino dos céus é maravilhosa, pois revela uma esfera de justiça, alegria e paz (Is 11:8; Rm 14:17). Nossa entrada vitoriosa no reino dos céus requer de nós hoje que cresçamos na vida de Deus. Para que a vida divina cresça, temos de seguir o Senhor negando a nós mesmos (Mt 16:24).
O apóstolo João já tinha ouvido essas palavras do Senhor Jesus, mas somente quando estava idoso, em sua maturidade, foi que a realidade dessas palavras lhe foi revelada. A revelação e a prática da palavra de Deus vêm pelo Espírito da realidade (Jo 16:13). O Espírito da realidade é o próprio Deus Triúno, isto é, o Pai, o Filho e o Espírito. Ele nos dá vida, nos unge e nos guia a praticar as palavras do Senhor, a fim de nos esforçarmos para entrar no reino (Hb 4:11).
Olhando para nossa condição atual, devemos perceber a necessidade de negar a nós mesmos e crescer na vida divina para herdar o reino. Além disso, precisamos exercitar os nossos dons para nos tomarmos reis. O Senhor quer nos aperfeiçoar e conceder graça até que nossos dons se tomem ministérios.
Já recebemos o dom de invocar o nome do Senhor e precisamos exercitá-lo para orar, falar por Deus e profetizar. Na igreja todos podem falar (1 Co 14:31): homens, mulheres, jovens, idosos ou crianças. Podemos exercitar nossos dons nas grandes reuniões ou nas pequenas reuniões de casa. Todos podem e devem profetizar.
Os serviços também fazem parte do nosso ministério. Se deixamos de exercitar algum aspecto do ministério, estamos abrindo mão de nossa função. Todos devem exercitá-lo, para um dia ganhar o reino como galardão.
Também temos o ministério das ofertas de riquezas materiais. Este ministério não é apenas para os homens, mas também para as mulheres. Na verdade, na Bíblia estão registradas mais ministras de riquezas materiais do que ministros. Os evangelhos mostram que quem ofertava bens para o Senhor Jesus eram irmãs (Lc 7:37-38; 8:1-3).
Ofertar é um dom de extrema importância. Quando começamos visitar o Chile para levar a Palavra às pessoas ali, os irmãos eram muito pobres, pois estavam no período pós-revolução. No início, eu não quis deixar os irmãos ofertarem, mas, como a situação deles não mudou em dez anos, eu me arrependi diante do Senhor. Eles tinham sido tolhidos da graça por não ofertar. Então os orientei com a seguinte ilustração: se uma família consumisse dez pãezinhos por dia, poderia ofertar um ao Senhor, como dízimo, e isso não iria prejudicar o sustento da casa. Graças ao Senhor, os irmãos praticaram essa palavra, e, tempos depois, não somente a situação das igrejas melhorou, como também a condição financeira de todo o país. Ofertar é receber graça!
Precisamos sempre recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: "Mais bem-aventurado é dar que receber" (At 20:35).

10 fevereiro, 2012

Uma condição normal diante de Deus

Conheço as tuas obras - eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar - que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome (Ap 3:8)


At 22:16; Ap 2:1, 4, 8,10,12-13,18,20; 3:1, 7-8,14,17



Saulo, antes um perseguidor dos que invocavam o nome do Senhor, converteu-se e foi batizado invocando esse nome (At 22:16). Ele se tornou um apóstolo que pregava o nome do Senhor e transmitiu isso a todas as igrejas, inclusive à igreja em Éfeso. Infelizmente, pouco a pouco, a igreja em Éfeso cessou essa prática, pois perdeu o primeiro amor (Ap 2:4).
A igreja em Éfeso é a primeira das sete igrejas da Ásia descritas em Apocalipse 2 e 3. A segunda é a igreja em Esmirna, que passou por um período de grandes perseguições (2:10). Muitos cristãos foram mortos e martirizados naquela época, provavelmente porque invocavam o nome do Senhor.
A terceira igreja mencionada em Apocalipse foi Pérgamo. A Bíblia fala que os irmãos conservaram o nome do Senhor, apesar de toda a perseguição, até que Antipas foi morto entre eles. Depois disso, a igreja entrou em um estágio de grande degradação, a ponto de o trono de Satanás ser encontrado no meio deles (v. 13).
A quarta igreja é Tiatira, na qual uma mulher se colocou como profetisa para levar os filhos de Deus a praticarem idolatria.
A quinta igreja é Sardes, cujo nome significa restauração, mas ela não cumpriu totalmente sua função de restaurar o nome do Senhor. Foi nesse período da história da igreja que ocorreu a reforma protestante por Martinho Lutero, restaurando a verdade sobre a justificação pela fé e tornando a Bíblia acessível para todos. Isso foi muito bom, mas, depois, muitos estudiosos da Bíblia, conhecidos como fundamentalistas, deram excessiva ênfase ao conhecimento bíblico, o qual não é suficiente para realizar a vontade de Deus. Como uma reação a esse tipo de ênfase doutrinária, surgiram muitos cristãos que passaram a buscar a manifestação exterior do poder do Espírito Santo, mas isso também não é suficiente para restaurar o nome e a vontade do Senhor.
A sétima igreja descrita em Apocalipse é Laodiceia, representando os cristãos que já se sentem abastados e não veem a necessidade de receber mais nenhuma revelação da parte do Senhor.
Dentre as últimas quatro igrejas registradas em Apocalipse 2 e 3, a que apresentou uma condição normal foi a igreja em Filadélfia. Ali, o nome do Senhor é sustentado e Sua Palavra é guardada.
Essas quatro últimas igrejas da Ásia representam a condição dos cristãos de hoje que permanecerão até a segunda vinda do Senhor. Precisamos buscar estar na condição de Filadélfia.

08 fevereiro, 2012

O nome que traz salvação

Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At 4:11-12)


Gn 12:1-3, 7-8; At 2:14-21; 8:1; 9:1-2, 21; Rm 10:13



O nome do SENHOR havia sido esquecido, mas voltou a ser exaltado na terra por meio de Abraão. Ele foi chamado por Deus para dar origem a uma grande nação e receber por herança a boa terra de Canaã. Quando ali chegou, Abraão levantou um altar e invocou o nome do SENHOR (Gn 12:1-3, 7-8).
No Novo Testamento, a primeira vez que o apóstolo Pedro falou sobre invocar o nome do Senhor foi por ocasião do Pentecostes. Pedro explicou o motivo de vários galileus estarem falando em línguas diferentes para anunciar o evangelho de Deus, mencionando o que havia sido escrito pelo profeta Joel: "Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (At 2:16-18, 21). Esse foi o cumprimento da promessa do Senhor falada em Atos 1:5 e 8. Embora o batismo do Espírito Santo lhes tenha dado poder e autoridade para a pregação do evangelho, em sua pregação Pedro mostrou que, para alguém ser salvo, precisava invocar o nome do Senhor.
Quando cremos no evangelho e invocamos o nome do Senhor, recebemos o Espírito em nosso interior, o qual nos supre com a vida divina para a salvação (Ef 1:13). Ao invocarmos o nome do Senhor pela primeira vez, fomos salvos e, se continuamente O invocarmos, seremos supridos pelas riquezas da vida de Deus para desenvolver a salvação da nossa alma (Rm 10:13).
A primeira igreja surgiu em Jerusalém. Supomos que nessa época os cristãos invocavam constantemente o nome do Senhor, porque tudo o que faziam era conforme a vontade de Deus. Nas orações, ao partir o pão e ao ofertar riquezas materiais, eles comungavam com alegria e contavam com a bênção do Senhor e a simpatia de todo povo (At 2:42-47).
Isso causou inveja nos saduceus e fariseus, que passaram a perseguir os cristãos. Entre os perseguidores estava Saulo, um jovem israelita que se destacava entre os de sua idade e era conhecido por lançar na prisão os que invocavam o nome do Senhor (At 9:1-2, 21).
Com a perseguição, houve a dispersão dos cristãos para outras regiões, de forma que aqueles que permaneceram em Jerusalém, provavelmente, ficaram impedidos de invocar o nome do Senhor publicamente, sob pena de serem perseguidos e encarcerados.
Posteriormente, o próprio Saulo foi encontrado pelo Senhor, que lhe disse: "Saulo, Saulo, por que me persegues?” (v. 4). Quando Saulo perguntou quem era, o Senhor lhe respondeu: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (v. 5). Saulo, por fim, creu no Senhor, foi batizado, invocando o nome Dele, e se tornou um apóstolo que pregava e ensinava as pessoas a invocar o nome do Senhor por onde quer que fosse.

O reino e a vontade de Deus

Vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu (Mt 6:9-10)


Gn 1:26-28; 3:6, 23-24; 4:26; 6:3, 9; 9:12-16; 10:8, 10; 11:4, 7-8; Hb 2:5-7



O evangelho escrito por Mateus foi especialmente destinado a revelar o reino dos céus. Como Mateus era uma pessoa instruída e trabalhava como coletor de impostos, ele tinha um conhecimento específico de como funcionava a gestão de um governo, a administração de um reino. Essa capacidade de Mateus foi utilizada pelo Espírito Santo, quando o inspirou divinamente a escrever esse evangelho.
Desde Gênesis, Deus pretende estabelecer na terra um reino onde seja feita a Sua vontade. Foi com esse objetivo que Ele criou Adão e Eva à Sua imagem e semelhança e os abençoou (Gn 1:26-28). Essa bênção incluía não apenas a multiplicação da vida, mas também sujeitar a terra. Antigamente, pensávamos que seria muita ousadia afirmar que Deus nos criou para sujeitar a terra. É que no passado acreditávamos que somente o Senhor Jesus poderia fazer isso, pois Ele é digno, como Rei do reino dos céus. Mas a Bíblia afirma em Hebreus 2:5-7 que o mundo que há de vir estará sujeito aos homens, e não a anjos.
O mundo presente se encontra usurpado por Satanás. O governo dos anjos sobre o mundo de outrora resultou na rebelião de Lúcifer contra Deus, provocando todo tipo de corrupção e o caos que hoje vemos na terra. Por isso Deus entregará o governo do mundo que há de vir aos homens que, após serem regenerados, cresceram na vida de Deus e se prepararam para cooperar com Ele em Seu reino.
Adão e Eva falharam ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, permitindo que o pecado e a morte neles entrassem. Como resultado, foram expulsos do jardim do Éden, perdendo a presença de Deus (Gn 3:6,23-24). Adão e seus descendentes, porém, reconheceram que eram frágeis e mortais e buscaram novamente a presença do SENHOR, passando a invocar Seu nome (4:26).
Com o tempo, a grande maioria dos homens abandonou o nome do SENHOR e passou a se corromper, tornando-se carnal (6:3). Deus, então, se arrependeu de haver criado o homem na terra e escolheu a Noé para construir uma arca e preservar sua família do julgamento pelo dilúvio (vs. 6-9). Depois do dilúvio, Deus fez uma aliança com o homem, de que não mais julgaria a terra com águas (9:12-16). Mas, com o passar do tempo, os homens novamente se esqueceram do SENHOR e passaram a exaltar a si mesmos, como Ninrode, que reinou sobre a cidade de Babel na época em que os homens construíram uma torre para tornar célebre seu próprio nome (10:8, 10; 11:4). Foi quando o SENHOR os julgou, confundindo sua linguagem, de modo que um não entendia a linguagem de outro, não tinham mais o mesmo desígnio e se dispersaram como várias nações sobre a terra (vs. 7-8).
A história da humanidade com Deus é repleta de exemplos de queda e rebelião. Quando lemos esses relatos bíblicos, devemos estar atentos para não exaltarmos nosso próprio nome e, com isso, mais uma vez, nos distanciarmos do plano de Deus. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos mantenha em Seu reino, debaixo de Sua vontade, para temermos somente ao Seu nome.

Seguir ao Senhor em novidade de vida

Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas, põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam (M t 9:17)

Mt 9:10-11, 14; 11:2-6; 14:3-4; At 5:17-20



O Senhor conhece os que Lhe pertencem e deles cuida. Certamente, se João Batista tivesse seguido o Senhor Jesus, Deus cuidaria dele e Se responsabilizaria por ele. Mas, como isso não ocorreu, João Batista seguiu seu próprio caminho e se envolveu com muitos problemas.
João Batista admoestou Herodes acerca da prática de adultério e, com isso, provocou uma situação em que Herodes o encarcerou (Mt 14:3-4). Nesse ponto, ele mandou seus discípulos perguntarem ao Senhor Jesus se Ele era mesmo o enviado de Deus ou se haviam de esperar outro (11:2-3). João Batista parecia agora duvidar do Senhor ou, pelo menos, tentou provocar no Senhor uma atitude para vir tirá-lo do cárcere. Não se sabe ao certo o que ele pensava a respeito de Jesus quando estava no cárcere, mas o fato é que, por não se arrepender, não foi libertado (em Atos 5:17-20 vemos um exemplo de libertação dos seguidores do Senhor: os apóstolos foram presos por pregarem o evangelho, mas um anjo do Senhor os libertou).
O Senhor Jesus não confirmou Sua incumbência nem respondeu ao questionamento trazido pelos discípulos de João Batista. Apenas lhes disse: "Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, o leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o evangelho" (Mt 11:4-5).
Ao receber essa palavra, João Batista poderia ter se arrependido, mas isso não aconteceu. Seu discipulado o impediu de receber algo novo do Senhor. No início de seu ministério, João Batista havia se distanciado das tradições religiosas, mas, com o passar do tempo, seus discípulos voltaram a adotar as antigas práticas, como o jejum dos fariseus.
Em Mateus 9 os fariseus perguntaram aos discípulos de Jesus: "Por que come vosso Mestre com publicanos e pecadores?" (v. 11). De maneira semelhante, os discípulos de João Batista perguntaram ao Senhor: "Por que jejuamos nós, e os fariseus [muitas vezes], e teus discípulos não jejuam?" (v. 14). Eles formaram uma nova religião e, com isso, criaram outro embaraço ao Senhor Jesus e a Seus discípulos.
Precisamos estar libertos de tudo o que é velho para seguir somente o Senhor. Se, por causa de nossos velhos conceitos, nos apegarmos a práticas antigas e nos opusermos ao que Deus está fazendo hoje, corremos o grande risco de produzir uma nova religião. Devemos tomar cuidado para não deixar que os ensinamentos que recebemos no passado nos impeçam de avançar. Quando nossas práticas tomam a forma de um serviço tradicional e religioso a Deus, facilmente somos levados a rejeitar aquilo que o Senhor tem a nos revelar ou, pelo menos, nos tornamos tardios em ouvir.
Busquemos, portanto, andar sempre em novidade de vida para que aquilo que o Senhor está fazendo não se torne um tropeço para nós: "Bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11:6).

06 fevereiro, 2012

Cumprir toda a justiça

Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça (M t 3:14-15)


Mt 3:3-4, 11, 14-17; Lc 1:9, 13-17, 41



Deus enviou João Batista como precursor do Senhor Jesus, isto é, para preparar o caminho do Senhor (Mt 3:3; Lc 1:13-17). Desde antes do nascimento, João Batista sabia qual era o seu papel. Por isso, quando Maria, que já se encontrava grávida pelo Espírito Santo, visitou Isabel, João Batista estremeceu em seu ventre, e ela ficou possuída do Espírito Santo (Lc 1:41).
A família de João Batista era levita, da casa de Arão, e seu pai Zacarias servia a Deus como sacerdote no templo (1:5). João Batista iniciou seu ministério de maneira nova, pois se distanciou das tradições sacerdotais do Antigo Testamento. Pela posição religiosa, o sacerdote tinha direito a ministrar no templo, a usar uma veste de linho e a se alimentar dos pães da proposição e da porção a eles destinada nos sacrifícios ofertados (Lc 1:9; Êx 28:3; Lv 7:34). João Batista, porém, mesmo sendo um sacerdote, abriu mão de tudo isso. Sua pregação ocorria no deserto, suas vestes eram feitas de pelos de camelo e sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre (Mt 3:4). Ele se afastou das antigas tradições religiosas, porque sua função era abrir caminho para o Senhor Jesus, pregando o arrependimento e prenunciando Sua chegada, um novo começo.
João Batista teve um bom início em seu ministério: era humilde e se colocava em posição inferior ao Senhor Jesus. Quando Jesus pediu para ser batizado por João, ele disse: "Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?" (Mt 3:14). Ele estava certo, mas Jesus acrescentou: "Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça" (v. 15). Pelas palavras do Senhor Jesus, João Batista também deveria ser batizado, mas não vemos nenhum registro disso.
Jesus cumpriu a justiça de Deus, isto é, fez o que deveria ser feito segundo a determinação divina, e foi batizado por João Batista. Por ter agido segundo a vontade do Pai, naquele instante, os céus se abriram, o Espírito de Deus desceu sobre Ele em forma de pomba e se ouviu uma voz dos céus dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (vs. 16-17).
João Batista estava ali e obviamente presenciou esse fato, mas parece que não lhe deu a devida importância. Sua reação normal seria pedir ao Senhor que lhe batizasse e, em seguida, deveria segui-Lo, pois, segundo ele mesmo havia dito anteriormente, o Senhor Jesus era mais poderoso do que ele, porque batizaria com Espírito Santo e com fogo (3:11). Ele, porém, além de não ser batizado pelo Senhor, ainda prosseguiu com uma obra paralela.
Por que ele fez isso? E por que não passou a seguir o Senhor depois de ouvir a voz dos céus? Provavelmente porque já tinha seus próprios discípulos, dos quais não queria abrir mão. Se João Batista houvesse sido batizado pelo Senhor Jesus, os que o seguiam possivelmente também se tornariam discípulos do Senhor. Mas parece que João Batista não quis terminar assim seu ministério e ainda desejava manter seus seguidores.

Refinados pelo fogo

Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando (1 Pe 4:12-13)


Gn 2:12; 1 Pe 1:6-9; Ap 21:18, 23



Para refinar o minério de ouro grosseiro, é necessário que ele seja esmagado, triturado, moído e depois lavado com água ou algum líquido especial. Esse processo retira as impurezas aparentes, mas, para retirar aquelas que estão apegadas à estrutura interna do ouro, é necessário submetê-lo ao cadinho, onde o ouro passa por fogo intenso. Esse fogo não pode se apagar senão o cadínho se quebra.
Quando o ouro é colocado no cadinho e a temperatura aumenta, ele se funde, tomando-se liquefeito. Por possuir alto peso específico (19.250kg/m3), o ouro fundido vai ao fundo, e as impurezas sobem para a superfície, onde é possível retirá-Ias.
Na vida da igreja também é assim. Somos disciplinados e passamos por vários sofrimentos. De acordo com Pedro, eles fazem parte do "fogo ardente" destinado a queimar as impurezas da nossa vida da alma, para que sejam removidas. Quanto mais fogo, mais impurezas vêm para a superfície, e, para que sejam eliminadas, o Senhor aumenta a temperatura: quinhentos, seiscentos, mil, mil e duzentos graus. Ao final desse processo, nossa fé se torna mais preciosa do que o ouro perecível (1 Pe 1:7).
No jardim do Éden havia ouro, bdélio e pedra de ônix (Gn 2:12). Esses materiais estavam no rio que flui do Éden até a nova Jerusalém, a cidade de ouro. Todavia não é ouro comum, "a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido" (Ap 21:18). Uma vez que a cidade é de ouro transparente, "não precisa nem do sol, nem da lua para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada" (v. 23).
Esse ouro transparente é mais precioso do que o ouro perecível. Ele é produzido por meio de sofrimentos e tribulações (1 Pe 4:19); não é um sofrimento exterior, na carne, como enfermidades ou tragédias. É um sofrimento interior causado pela provação do fogo purificador. Essa foi a experiência de Pedro descrita no capítulo 1 de sua primeira epístola.
No capítulo 4, ele recomenda não estranharmos o fogo ardente que surge com o objetivo de nos provar e pede que nos alegremos, porque esses sofrimentos nos tornam coparticipantes dos sofrimentos de Cristo e nos ajudam a negar a vida da alma (vs. 12-13).
O mais importante hoje é negar a vida da alma, mas vemos que isso não é fácil; ainda não conseguimos negá-Ia completamente. Talvez os irmãos novos recebam essa palavra com mais facilidade; os demais encontram dificuldades em praticá-Ia. Participam de conferências sobre casamento e viver familiar, ouvem 1 Coríntios 11: o homem é o cabeça da mulher, o Senhor é o cabeça do homem, Deus é o cabeça de Cristo, mas, no dia a dia, perdem todo o encabeçamento de Cristo. As irmãs, de início, até que se submetem, mas, depois de uma semana, aparecem novamente encabeçando os maridos. Isso evidencia que apenas o convencimento mental de determinadas doutrinas não consegue nos mudar.
Precisamos do queimar do Espírito em nosso interior. Essa é a melhor maneira de aperfeiçoar os santos e torná-las como o ouro transparente, material para a nova Jerusalém. Aleluia!

04 fevereiro, 2012

O batismo com fogo é representado pela purificação do ouro

Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1 Pe 1:6-7).
Mt 3:11-12; 13:4-8

O Senhor Jesus mostrou a necessidade de se negar a vida da alma para reinar no mundo que há de vir (Mt 16:24; Hb 2:5-7). Há vezes em que negamos a nós mesmos, mas, em seguida, falhamos por agir na alma, isto é, com base em nossos pensamentos, sentimentos e vontades.
A parábola do semeador em Mateus 13 pode nos ajudar muito: "Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se" (vs. 3-6). No terceiro tipo de solo, a semente "caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram" (v. 7). A semente germinou e cresceu, mas junto com ela cresceram os espinhos, que a sufocaram por não receber a luz do sol. Sem luz solar, as plantas não conseguem frutificar. Outra semente, "enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um" (v. 8).

Isso indica que precisamos cuidar do solo. É necessário arar a terra e remover as pedras, para que as raízes se aprofundem. E para que a planta não seja sufocada pelos espinhos, é preciso arrancá-los. Entretanto eles podem crescer novamente. Já vimos anteriormente que o melhor a se fazer é queimar os espinhos. O próprio João Batista, dando testemunho a respeito do Senhor Jesus, disse: "Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3:11). Quando o Espírito Santo vem, o fogo vem junto. Se nos voltarmos ao espírito, as impurezas da vida da alma serão queimadas no fogo do Espírito.

Jesus foi batizado para que se cumprisse a justiça de Deus (v. 15). Essa justiça é a vontade de Deus. Naquele momento, a vontade de Deus era que Jesus, por meio do batismo, sepultasse a natureza humana. Quanto a nós, só passar pelas águas do batismo não é completo: precisamos passar pelo batismo do Espírito Santo e pelo fogo. O fogo inextinguível do versículo 12 está relacionado ao fogo do Espírito. A Bíblia não diz: "Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu; ele vos batizará com o Espírito Santo ou com fogo". Mas diz: "com o Espírito Santo e com fogo".

Precisamos de novidade de vida! Todo aquele que foi batizado com o Espírito Santo também será batizado com fogo. Pedro teve essa experiência. Na velhice, ele comparou esse fogo com o fogo que purifica, que refina o ouro (1 Pe 1:7). O minério de ouro possui muitas impurezas, assim como nós. E do mesmo modo como o ouro precisa ser refinado pelo fogo, nós precisamos ser purificados pelo fogo do Espírito.

03 fevereiro, 2012

Pedro, um bom exemplo de negar-se a si mesmo

Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos (Rm 6:5-6)
Mt 3:11; 16:18-19, 24; 17:1-5, 24-27; Rm 6:6

O Senhor nos tem falado de maneira muito especial acerca de negarmos a vida da alma. Em Mateus 16, Jesus revela a igreja e, em seguida, fala sobre o viver dela, destacando o negar a vida da alma.
Mateus 16:18 diz: "Sobre esta pedra edíficarei a minha igreja". Então, no versículo 19, o Senhor revela a ligação entre a igreja e o reino: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus". Porque possui as chaves do reino dos céus a igreja tem autoridade.

A autoridade vem do reino. A autoridade que nos foi concedida é a autoridade do reino. Então o que nós amarramos na terra é amarrado nos céus; o que nós liberamos na terra é liberado nos céus. Essa autoridade foi nos concedida mediante a morte do Senhor na cruz e Sua ressurreição (Mt 28:18-19).

Vimos que o Senhor Jesus morreu e depois, de Seu lado ferido, derramou sangue e água. Com Ele nosso velho homem também foi crucificado (Rm 6:6). O velho homem é nossa vida da alma. No passado tentávamos eliminá-Ia por meio de sofrimentos que nos sobrevinham na carne. Alguém era acometido por uma grave enfermidade, sofria muito, confessava seus pecados, arrependia-se diante do Senhor e era curado, mas o problema da vida da alma continuava. Via-se apenas a questão dos pecados, e não o grave problema da vida da alma.

O apóstolo Pedro ouviu Jesus falando sobre a necessidade de negar-se a si mesmo para Segui-Lo (Mt 16:24). Mas foi apenas quando se tornou idoso que Pedro percebeu que apenas os sofrimentos provenientes de situações exteriores não são suficientes para eliminar por completo a vida da alma.

Conhecemos a história de Pedro. Apesar de seu velho homem ter sido sepultado no batismo, ele, por vezes, ainda se manifestava. Em Mateus 17, seis dias depois de ter ouvido o Senhor falar sobre a importância de negar a si mesmo para segui-Lo, Pedro equiparou Jesus a Moisés e Elias ao sugerir que se armassem três tendas para eles (vs. 3-4). Mas o Pai lhe disse: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi" (v. 5). Pedro deveria ter aprendido essa lição e desistido ali mesmo de seguir seus impulsos.

Em outra ocasião, os que cobravam o imposto das duas dracmas perguntaram a Pedro: "Não paga o vosso Mestre as duas dracmas?" (v. 24). Imediatamente ele respondeu "Sim!"; logo depois, o Senhor lhe perguntou: "De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo; dos seus filhos ou dos estranhos?" (v. 25). Pedro percebeu que havia falado por si mesmo, manifestando sua vida da alma. Ele viu o perigo que havia em sua vida da alma; compreendeu que fora precipitado ao falar. O Senhor Jesus teve misericórdia dele e mandou-o pescar e retirar um estáter da boca do primeiro peixe que fisgasse. Aquela moeda teria exatamente o valor necessário para pagar o imposto dos dois (v. 27). Foi essa mais uma ocasião usada pelo Senhor para expor a vida natural da alma de Pedro.

Pedro viu que era imprescindível queimar as impurezas da vida da alma no fogo do Espírito. Ele, já em idade avançada, percebeu que, apesar de seu ser natural ter sido exposto muitas vezes pelo Senhor, ainda não havia eliminado totalmente sua vida da alma. Semelhantemente, hoje é tempo de compreendermos o perigo de viver pela vida da alma e, como Pedro, arrepender-nos, colocando-a sob o queimar do fogo do Espírito (Mt 3:11; 1 Pe 1:6-7).

02 fevereiro, 2012

O Senhor Jesus morreu e depois derramou seu sangue

Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito. Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água (Jo 19:30,34)


Mq 7:19; Jo 19:25-27, 31-36; Ef 2:5



Louvamos ao Senhor porque Ele nos concedeu graça e nos salvou do pecado (Ef 2:5). O Senhor Jesus morreu na cruz por nós, Seu sangue foi derramado, e nossos pecados perdoados (Mq 7:19). Por meio do evangelho da graça, fomos iluminados quanto a isso, nos arrependemos e recebemos a vida de Deus em nosso interior para desfrutar tudo o que o Senhor fez por nós.
O evangelho da graça estabelece uma base para avançarmos e fazermos a vontade de Deus. Fomos salvos, regenerados e agora precisamos crescer espiritualmente para que o reino dos céus se manifeste. Por isso precisamos anunciar o evangelho do reino, que diz respeito a negar a vida da alma a fim de obtermos o crescimento na vida divina para reinar no mundo que há de vir (Hb 2:5-7).
O apóstolo João mostrou-nos que a morte do Senhor Jesus não foi apenas para resolver o problema de nossos pecados, mas também para lidar com nosso velho homem, com nossa vida da alma.
João estava junto à cruz e testemunhou a crucificação de Jesus. Numa sexta-feira, Ele foi pendurado no madeiro (Mc 15:42; Jo 19:14-18). O dia seguinte, sábado, era dia de descanso para os judeus e seria especial, "pois era grande o dia daquele sábado" da Páscoa (v. 31). Por isso, para que, naquele dia, os corpos dos sentenciados à morte não ficassem na cruz, pediram que se lhes quebrassem as pernas e fossem tirados dali. Junto com o Senhor Jesus, foram crucificados dois malfeitores, cujas pernas foram quebradas, mas, quando os soldados se aproximaram do Senhor, viram que Ele já estava morto e não Lhe quebraram as pernas (vs. 32-33). Isso foi para cumprir a profecia de que nenhum de Seus ossos seria quebrado (v. 36). Então, talvez para se certificar de que Jesus estava morto, "um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água" (v. 34).
No livro de Gênesis lemos que Deus "fez cair pesado sono sobre o homem, [ ... ] tomou uma de suas costelas e [ ... ] transformou-a numa mulher" (2:21-22). Eva foi edificada a partir da costela de Adão. O Evangelho de João mostra que o lado do Senhor foi ferido com uma lança, de onde saiu sangue, para perdão de pecados, e água, para infundir vida e gerar a igreja.
O homem possui veias, artérias e vasos capilares. Dos vasos não sai muito sangue; se o Senhor Jesus tivesse de derramar todo o Seu sangue pelos ferimentos das mãos e dos pés para então morrer, levaria muito tempo. Ele morreu antes, e, ao ser transpassado pela lança, Dele fluiu sangue e água. Certamente muitos viram o sangue, por causa da cor, do aspecto. Mas apenas João, que estava ao pé da cruz, viu a água que saiu do lado do Senhor (Jo 19:25-26,34-35). Essa água era o líquido linfático, não era água abundante; apenas quem estivesse muito perto poderia vê-Ia.
A maioria dos cristãos acredita que o Senhor Jesus derramou Seu sangue e depois morreu. Todavia, segundo esse registro de João, o Senhor Jesus já estava morto quando de Seu lado verteu sangue e água. Ele fez questão de relatar que, primeiro, Jesus morreu e, depois, Seu sangue foi derramado. O sangue derramado foi para nos purificar de todos os pecados, e Sua morte para eliminar nossa velha natureza, nossa vida da alma. Isso prova que, antes de qualquer coisa, nossa vida da alma tem de morrer. Quando apresentamos o evangelho do reino, precisamos sempre nos lembrar disso.

O evangelho de Mateus e o evangelho de João

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós (Jo 14:16-17).


Mt 3:16; 4:17; 10:5-7; Jo 1:12-13; 3:3, 5



Enquanto esteve com os discípulos, o Senhor Jesus fez muitas coisas. Além disso, Ele também ensinou e falou palavras elevadas, sublimes. A maioria de Seus discípulos, porém, captou mais as palavras sobre curas, milagres, expulsão de demônios, sinais e prodígios.
Mateus era cobrador de impostos, um oficial do governo romano. Presume-se que fosse, portanto, mais dado às anotações que os demais, por isso ouviu as palavras do Senhor sobre o reino e as registrou em seu evangelho.
O Novo Testamento principia com João Batista - o precursor de Jesus - anunciando: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt 3:2). Depois que Jesus foi batizado, ao sair da água, o Espírito Santo desceu sobre Ele (v. 16). Ao iniciar Seu ministério, Jesus também anunciava: ''Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (4:17). O Senhor Jesus se misturava com pescadores e publicanos, e dentre Seus seguidores escolheu doze apóstolos e os enviou primeiramente para as ovelhas perdidas da casa de Israel, recomendando-lhes: "À medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus" (10:5-7).
Todavia não foi só Mateus que escreveu sobre o reino dos céus. Deus preservou João e, muitos anos depois, o fez escrever as palavras ditas pelo Senhor a Seus discípulos ao longo dos três anos e meio que esteve junto com eles. Aos noventa anos, João, no espírito, lembrou-se de palavras muito importantes que ainda não haviam sido registradas pelos outros evangelistas.
Por exemplo, em João 14 Jesus disse: "Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade [ ... ]. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros" (vs. 16-18). O Senhor Jesus explicou que Ele mesmo se tornaria o Espírito da verdade, o outro Consolador, a fim de estar para sempre com eles. Apenas João escreveu isso em seu evangelho. Nenhuma menção dessa passagem se fez nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Semelhantemente, no passado enfatizávamos as questões sobre a igreja, conforme a orientação que tínhamos naquela época. Atualmente, todavia, temos recebido do Senhor a comissão de pregar que o reino dos céus está próximo (Mt 10:7).
Embora Mateus tenha nos mostrado muitos aspectos sobre o reino dos céus foi por meio da ajuda dos escritos de João, em sua maturidade, que vimos que o reino é uma questão de vida. Para entrar no reino dos céus, primeiramente precisamos ter a vida de Deus (Jo 3:3, 5). Somente quem nasce de novo pode entrar no reino: "O que é nascido da carne é carne" (v. 6), mas o que nasceu do Espírito é filho de Deus (1:12-13). Hoje não apenas temos a vida de nossos pais; temos também a vida divina. Para entrar no reino é preciso receber a vida de Deus. O evangelho do reino dos céus é também o evangelho da vida.

31 janeiro, 2012

A unção para o desempenho do ministério

Depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória (Ef 1:13 -14)
Mt 4:19, 21; 9:9; Jo 1:1, 14; 14:16-17; At 2:41; 4:4; Ef 1:3-14

Em Seu ministério terrenal, o Senhor Jesus escolheu um grupo de pessoas para cooperar com Ele. Jesus "subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar" (Mc 3:13-14). Como vimos ontem, a estes doze deu também o nome de apóstolos. Eis os nomes dos doze: "Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas lscariotes, que foi quem o traiu" (Mt 10:2-4).
É importante perceber que a profissão exercida pelos doze discípulos tinha relação com a função deles no serviço ao Senhor. Pedro e André lançavam suas redes ao mar quando o Senhor os chamou para segui-Lo. Ele lhes disse: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens" (4:19).

Depois o Senhor chamou Tiago e João, "que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes" (v. 21). Quando as redes se rompem, os peixes escapam. O Senhor chamou Tiago e especialmente João para realizar a obra de remendar as redes no campo espiritual a fim de evitar que a vida escapasse. Pedro pregava o evangelho, "lançava as redes" e muitos eram salvos (At 2:41; 4:4). Mas, pouco a pouco, eles se dispersaram devido ao "rompimento das redes". Quando isso aconteceu, Deus chamou João e o usou para "remendar as redes", isto é, restaurá-los com a vida divina.

Os discípulos escolhidos por Jesus, em sua maioria, eram pescadores e não tinham muita instrução. Dentre eles, o Senhor Jesus escolheu Mateus, um cobrador de impostos (Mt 9:9). Mateus tinha instrução administrativa e foi usado por Deus para apresentar-nos as questões relativas ao reino dos céus.

Durante os três anos e meio em que esteve com os discípulos, o Senhor Jesus falou muitas coisas, mas eles não absorveram muito bem Suas palavras. Sobretudo as que se referiam à vida eterna, ao Espírito e à economia neotestamentária de Deus. Mais tarde, Paulo, que não fez parte do primeiro grupo de apóstolos, falou em Efésios sobre o dispensar do Pai, do Filho e do Espírito (Ef 1:3-14).

Em seu evangelho, João também detalhou a economia de Deus. O Pai é Deus, que já estava no princípio (Jo 1:1). O Filho é Deus corporificado; é o Verbo que se fez carne para que Deus viesse estar com o homem (1:14). Ele recebeu o nome de Emanuel, mas, como homem, não poderia estar para sempre conosco. Por isso João 14 mostra que Ele se tornou o Espírito da realidade (vs. 16-17). Desse modo, como o Espírito, o Senhor estará para sempre conosco. Aleluia!