23 fevereiro, 2012

A cooperação de João em sua meturidade

Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade (3 Jo 4)
At 19:8-10; 20:31; 1 Tm 1:3-4; Ap 1:10; 4:2; 17:3; 21:10

Durante sua terceira viagem missionária, Paulo passou por Éfeso. Ali, durante três meses, Ele tentou convencer os religiosos da cidade a acreditar no reino de Deus; depois, discorreu durante dois anos na escola de Tirano (At 19:8-10). Quando uma pessoa tenta convencer outra com argumentos, isso produz discussões, que não as ajudam a ter a mente no espírito, e sim em suas razões. Provavelmente, sem perceber, tentando persuadir as pessoas, Paulo introduziu os irmãos de Éfeso na esfera anímica.
Quando Paulo deixou Timóteo em Éfeso, ele o fez porque viu que os irmãos estavam ensinando outra doutrina e se ocupavam com fábulas e genealogias sem fim; coisas da esfera da alma que só promoviam discussões e não o propósito de Deus na fé (1 Tm 1:3-4). Embora Éfeso signifique desejável, a condição da igreja ali estava longe de ser desejável. Mas, louvado seja o Senhor, há esperança para todas as igrejas.

Durante a perseguição do império romano, Pedro foi morto porque era um dos principais líderes da igreja. João, porque fora considerado somente cúmplice de Pedro, foi condenado à prisão no exílio (Ap 1:9). Ele ficou exilado em Patmos por vinte anos e nesse período permaneceu no espírito (Ap 1:10; 4:2; 17:3; 21:10). O Espírito da realidade, que é comparado à unção (Jo 14:16-17; 1 Jo 2:20,27), o lembrou de tudo o que Senhor Jesus lhe havia falado ao longo dos três anos e meio em que esteve com Ele (Jo 14:26).

Quando saiu da prisão, João foi para Éfeso. Ministrando Espírito e vida, ele tirou a igreja da esfera doutrinária e de degradação, e a conduziu a praticar a Palavra do Senhor. Dessa maneira, viram onde haviam caído, arrependeram-se, voltaram à prática das primeiras obras e foram restaurados ao amor do princípio.

Por meio da ajuda que receberam do ministério do apóstolo João em sua maturidade, a igreja em Éfeso de fato mudou, a ponto de se tomar o centro da obra do ministério ulterior de João (3 Jo). Eles aprenderam a usar o espírito para gerar as transformações necessárias na igreja. Os irmãos começaram a negar a vida da alma, a viver no primeiro amor, na vida divina, e a sair para a expansão do evangelho por causa do nome do Senhor Jesus (v. 7).

Graças ao Senhor, por causa do labor do apóstolo João naquela "terra", a igreja em Éfeso se tomou desejável. A igreja se encheu de vida e passou a produzir frutos a cem, a sessenta e a trinta por um (Mt 13:23). Isso está relacionado com a parábola do semeador.

22 fevereiro, 2012

Recuperar o amor do princípio

Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus (Ap 2:7b)

Rm 8:6; Ap 1:19-20; 2:1-7

As sete parábolas de Mateus 13 possuem estreita relação com as sete igrejas na Ásia descritas em Apocalipse 2 e 3. Esses capítulos apresentam a condição da igreja, desde o primeiro século até a vinda do Senhor. Apocalipse 1:19-20 diz: "Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas. Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas". O Senhor revelou a João a condição das sete igrejas para nos mostrar em que condição nos encaixamos.
A primeira igreja mencionada é a igreja em Éfeso: "Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer" (2:1-3). A igreja em Éfeso começou bem, mas depois se degradou.

O Senhor é Aquele que conhece as nossas obras e, portanto, sabia qual era a condição da igreja em Éfeso. Então, no versículo 4, diz: "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor". Aparentemente os irmãos ali estavam muito bem, mas eles abandonaram o mais importante: o amor do princípio. Em outras palavras, perderam o amor de Deus. Só se preocuparam em fazer obras, mas lhes faltava o amor do princípio, que provém da vida divina.

Algumas igrejas realizam a obra com muito primor, parece que está tudo bem, mas lhes falta negar a vida da alma. Fazem tudo certo, porém falta-lhes a verdadeira motivação, o amor que vem de Deus. Em outras palavras, falta a vida de Deus. Mesmo ganhando o mundo inteiro, podemos perder nossa alma caso não neguemos a nós mesmos (Mt 16:25-26).

Apocalipse 2:7b diz: "Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus". Isso mostra que a ênfase de Deus está na vida divina. Eles precisavam comer da árvore da vida. A igreja em Éfeso estava numa condição muito ruim, especialmente no período em que Paulo ainda estava vivo. Paulo queria levá-los ao espírito, mas eles não obedeciam às suas palavras, pois permaneciam nos arrazoamentos de sua alma (1 Tm 1:4).

Precisamos nos arrepender. Não apenas mudar a mente; colocando-a no Espírito (Rm 8:6). Muito mais do que isso, devemos negar a vida da alma para que haja crescimento de vida. O que faltava na igreja em Éfeso era o amor do princípio, ou seja, fazer as coisas tendo como fonte a vida de Deus, que é amor. Mas, graças ao Senhor, no meio deles surgiu um grupo de vencedores, os quais se alimentavam da árvore da vida e supriam outros de vida.

Sem negar a vida da alma não há crescimento da vida de Deus. Sem o crescimento da vida divina, não há a manifestação do amor. Sem isso não há como entrar no reino dos céus.

21 fevereiro, 2012

As parábolas do grão de mostarda, do fermento, do tesouro escondido e da rede

Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça (Mt 13:43)


Mt 13:4,19,31-33,44-50



Prosseguindo na revelação dos mistérios do reino dos céus, a terceira parábola, do grão de mostarda, diz: "Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; o qual é, na verdade, a menor de todas as sementes, e, crescida, é maior do que as hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos" (Mt 13:31-32). Alguns aplicam essa parábola ao avanço do evangelho e ao aumento do número de membros na igreja. Eles dizem: "Antes éramos um pequeno grupo, como um grão de mostarda; mas agora crescemos em número e nos tornamos como uma grande árvore. Até os anjos estão habitando em nosso meio!". Mas a Palavra mostra que essa interpretação está incorreta.
Deus determinou que cada planta produzisse sementes segundo sua espécie (Gn 1:11). A mostarda é uma hortaliça, portanto não pode mudar sua natureza e se transformar em uma árvore. Além disso, as aves que vêm aninhar-se sobre ela representam o maligno, já descrito na primeira parábola (Mt 13:4, 19). Isso tudo indica que o crescimento da igreja apresentado nessa parábola não é algo normal.
Isso mostra que não devemos estar em uma condição anormal, onde as coisas são feitas de qualquer maneira, gerando brechas para o inimigo entrar. A igreja deve buscar a direção do Senhor em todas as questões, principalmente quanto ao avanço do evangelho, para não crescer de modo anormal.
A quarta parábola diz: "O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha até ficar tudo levedado" (v. 33). Após a colheita o trigo é moído e se torna farinha. O fermento é acrescentado à farinha para fazer a massa crescer tornando-a de fácil ingestão. Esse crescimento também representa algo anormal.
As quatro primeiras parábolas têm relação com alimento, ou seja, com a vida, e com o tipo de crescimento espiritual que temos ao recebermos a palavra do reino que foi em nós plantada; as três restantes relacionam-se com materiais que podem ser usados na obra do Senhor.
A quinta parábola é a do tesouro escondido: "O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo" (v. 44). O homem encontrou um tesouro oculto no campo, mas não o utilizou para um fim proveitoso; ele o manteve escondido. Sua atitude foi semelhante a do servo que escondeu o talento que recebera de seu senhor na parábola de Mateus 25:18.
A sexta parábola diz que "o reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas e, tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra" (13:45-46). Diferentemente da parábola anterior, esse negociante não escondeu a pérola, mas investiu tudo o que tinha para adquiri-Ia. Isso indica que ele negociou o que tinha para obter algo de valor superior.
A sétima parábola diz: "O reino dos céus é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. E, quando já está cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora. Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes" (vs. 47-50).

20 fevereiro, 2012

A boa terra e a parábola do joio e do trigo

Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro (Mt 13:30)

Mt 13:24-30, 36-43; 1 Co 5:9-11; 6:9-10



Louvamos ao Senhor porque Ele nos revelou que as parábolas de Mateus 13, que falam dos mistérios do reino dos céus, descrevem a condição da igreja ao longo da história. Por isso precisamos aprender os princípios de cada uma delas e extrair as lições necessárias para o nosso viver hoje.
Na semana anterior, vimos que a parábola do semeador mostra que devemos laborar, afofar a terra, tirar as pedras e eliminar os espinhos, arrancando-os e queimando-os com o fogo do Espírito; assim a igreja se tornará uma boa terra, saudável, e produzirá frutos a cem, a sessenta e a trinta por um. Nesta semana veremos as demais parábolas e a relação delas com as sete igrejas em Apocalipse 2 e 3.
A segunda parábola começa a ser narrada no versículo 24 de Mateus 13: "Outra parábola lhes propôs dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo". O solo afofado, livre de pedras e espinhos, se tornou uma boa terra. "Mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se. E quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no seu campo? Donde vem, pois o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro" (vs. 25-30).
Essa parábola nos adverte para que não caiamos na condição de joio e apresenta a história de igreja, quando, de fato, o joio foi introduzido entre os cristãos na igreja. O semeador semeou a boa semente no campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo e semeou o joio no meio do trigo.
O trigo semeado em boa terra recebeu a umidade e nutrientes do solo para crescer. O joio, por sua vez, concorria com o trigo em busca da água e dos nutrientes da terra, mas o Senhor não permitiu que os servos o arrancassem porque suas raízes estavam entrelaçadas com as raízes do trigo. Arrancando um, inevitavelmente o outro também seria arrancado.
O Senhor orientou os servos a que os deixassem crescer juntos até o tempo da colheita, pois, à medida que os dois crescessem juntos, começariam a se diferenciar. Ao amadurecer, o trigo adquire uma cor dourada, e o joio uma cor escura; isso facilita selecionar um do outro durante a colheita.
Isso se refere à segunda vinda do Senhor, quando Ele, em Seu tribunal, separará aqueles que entrarão no reino daqueles que não poderão entrar (vs. 36-43; 1 Co 5:9-11; 6:9-10). Naquele dia, que será o tempo da colheita, o joio será facilmente identificado, separado do trigo e atado em feixes para ser queimado. O trigo será recolhido no celeiro (Mt 13:30b).
A obra do inimigo é tentar prejudicar o crescimento dos irmãos na igreja, mas devemos procurar o progresso espiritual, mesmo quando a igreja passa por fases difíceis, nas quais parece ser trabalhoso conseguir "nutrientes" espirituais. Ainda assim, precisamos lançar mais raízes e buscar a luz do sol, que representa Cristo, a fim de crescermos mais que as outras coisas.

19 fevereiro, 2012

Quando nosso coração se torna uma boa terra

Para que, uma vez confirmado o valor da vossa , muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1 Pe 1:7)
Mt 3:11; 1 Co 12:4-6; Ef 4:11-12; Ap 21:18

Algumas epístolas de Paulo nos mostram situações em que ele negou a si mesmo diante de sofrimentos provindos de circunstâncias exteriores, e venceu uma série de obstáculos que podiam impedir o avanço da obra do Senhor em sua época. Isso é bom, mas não é suficiente, visto que a vida da alma costuma aparecer mesmo quando não temos problemas de ordem física, aparente.
Quando estudamos as epístolas de Pedro, recebemos mais ajuda. Por meio de sua primeira epístola, ele nos ajudou a ver que a melhor maneira de lidar com a vida da alma, isto é, com as impurezas da alma, é queimá-Ias, purificá-Ias com o fogo do Espírito assim como se purifica o ouro (1 Pe 1:6-7, 22; Mt 3:11). O ouro de 24 quilates que conhecemos possui percentual de pureza de 99,9%; ele não é 100% puro. Pedro veio nos mostrar como obter esse ouro mais precioso que o ouro perecível. Esse ouro totalmente puro é encontrado na nova Jerusalém, e é semelhante a vidro cristalino (Ap 21:18). Se fosse ouro perecível, sólido, não se poderia ver através dele. Mas ali diz que esse ouro é puro, transparente. Por meio de um constante queimar, o valor da nossa fé é confirmado e se torna muito mais precioso que o ouro perecível.

Aprendemos que, quando nossa vida da alma se manifestar, quer seja pelo orgulho, autossuficiência, ambição ou inveja, devemos colocá-Ia no fogo do Espírito, arrependendo-nos, para ser queimada, eliminada. Se ela vier a se manifestar novamente devemos submetê-Ia ao fogo do Espírito. Praticando assim, a boa terra será obtida, pois terá sido afofada e estará livre de pedras e espinhos para frutificar livremente.

Por isso, sempre que entoarmos o cântico S-38, mencionado ontem, nosso sentimento deve ser de queimar os espinhos que ocupam nosso coração e não somente retirá-los e deixá-los de lado, para não corrermos o risco deles brotarem novamente.

Deus deseja que nós governemos no mundo que há de vir. Para isso, precisamos negar a vida da alma a fim de crescermos em vida e sermos aperfeiçoados (Ef 4:11-12). Dons transformados em ministérios, e ministérios, em operações (1 Co 12:4-6). Uma vez aperfeiçoados assim, estaremos aptos para governar o mundo que há de vir.

O ponto principal da parábola do semeador é queimar a vida da alma, removendo de nosso coração todas as suas impurezas, para que a vida divina continue crescendo em nós e possamos dar frutos abundantes. Aleluia!

A semente que caiu entre os espinhos

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas (Mt 6:31-32)
Mt 13:7, 22

Ontem vimos que a terra à beira do caminho precisa ser afofada, e o solo rochoso tem de ser arado para se removerem as pedras. O resultado desse labor é uma terra abundante para receber as sementes de vida. A terceira condição do solo da parábola do semeador mostra que a terra está pronta (Mt 13:7, 22). A semente brotou e, para se desenvolver, ela precisa da luz solar.
O trigo, por exemplo, possui muitas variedades de sementes. O tipo de clima e terra determinam que variedade deve ser plantada. Além disso, as sementes são selecionadas de acordo com a necessidade de luz solar. Quanto mais luz recebida, maior será o crescimento. Semelhantemente, nós também precisamos da luz proveniente da Palavra de Deus para crescer e amadurecer.

A parábola de Mateus 13 nos mostra que a semente lançada entre os espinhos germinou e cresceu, mas os espinhos também cresceram e a sufocaram. O versículo 22 traz a seguinte explicação: "O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera". Em outras palavras, quando estamos prontos para frutificar, para ser úteis ao Senhor e ao Seu reino, os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam todo investimento feito em nós, toda palavra de Deus que foi armazenada em nós. Essas preocupações também são resultado de se viver para si mesmo. Precisamos dar um fim nisso para nos tornarmos uma boa terra e frutificarmos a cem, a sessenta e a trinta por um.

Em nosso Suplemento de hinos há um cântico chamado "O semeador saiu a semear" (S-38). Ele fala de arrancar os espinhos. Sabemos que os espinhos representam as preocupações provenientes da vida da alma. Os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas operam na esfera da alma independentemente de Deus. Apenas arrancar os espinhos ainda não é suficiente, pois estes podem brotar novamente e sufocar a planta.

Arrancar espinhos pode ser comparado a ter essas preocupações removidas por meio de sofrimentos causados por circunstâncias exteriores. Um irmão sofre um acidente e, então, no leito do hospital, ele ora: “Ó Jesus, tem misericórdia de mim! A partir de hoje vou dar mais tempo para Ti e para Tuas coisas". Entretanto, depois que é curado, se esquece de Jesus e volta para suas próprias coisas. Não é assim que acontece? Esse tipo de sofrimento não é suficiente para lidar com a origem dos espinhos: nossa vida da alma. Amanhã veremos que queimar os espinhos é o melhor caminho para lidar com aquilo que nos sufoca.

17 fevereiro, 2012

A semente que caiu em solo rochoso.

Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus (Hb 6:7)
Mt 13:5-6, 20-21

Louvado seja o Senhor porque mediante Sua Palavra nos mostrou a necessidade de tratar com a dureza de nosso coração, para que ele não permaneça empedernido como o solo à beira do caminho, pelo contrário, seja como uma terra fofa que acolhe a semente de vida e frutifica.
Uma vez resolvida essa questão, o labor continua, pois a parábola do semeador em Mateus 13 prossegue dizendo: "Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se" (vs. 5-6). A semente necessita de terra porque é ela que retém água. Quando vem a chuva, a terra consegue absorver a água e se mantém úmida, criando um ambiente propício para a semente germinar. Quando a semente cai nessa terra, consegue brotar, pois encontra umidade. Vemos, assim, que a terra é um elemento fundamental para que a semente frutifique.

A segunda condição do solo mostra que existe terra, mas também há rochas: "O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza" (vs. 20- 21).

Quando uma semente é lançada e alcança o solo, logo nasce. A planta nova, então, procura aprofundar suas raízes para encontrar água. Como no solo rochoso há pouca terra ela não consegue aprofundá-las porque encontra muitas pedras. Por causa disso, suas raízes não são profundas e não encontram a umidade necessária para crescer. Conosco poderá ocorrer o mesmo se não buscarmos suprimento na Palavra, pois quando surgirem dificuldades e perseguições, representadas pelo sol nessa parábola, desanimaremos e não produziremos frutos.

Não podemos permitir que essa condição permaneça. Devemos buscar a Palavra do Senhor para sermos iluminados, isto é, negar a nossa vida da alma, o nosso ser natural. A vida da alma precisa ser arrancada como se arrancam as pedras do solo. Não é arrancar o solo, tampouco é arrancar a alma, mas aquilo que impede que a palavra do reino forme raízes em nosso coração, como o orgulho, a autossuficiência, a inveja, a ambição etc. Por isso sempre enfatizamos a importância de negar a vida da alma.

Se praticarmos isso, restará apenas a boa terra, isto é, um coração preparado para receber mais sementes de vida.

16 fevereiro, 2012

A semente que caiu à beira do caminho

Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como foi na provocação (Hb 3:15)


Mt 13:3-8, 18-23



A primeira parábola apresentada pelo Senhor Jesus em Mateus 13 é a do semeador. Essa parábola mostra que o reino dos céus é uma questão de vida, pois fala das condições da terra (nosso coração) para a que vida da semente (a palavra do reino) possa crescer.
O semeador saiu a semear, e, ao fazê-lo, a semente caiu em quatro condições diferentes de solo. A primeira condição refere-se à semente que caiu à beira do caminho e não conseguiu germinar, pois se trata de um solo pisado, duro (Mt 13:3-4, 19). A segunda relaciona-se com a semente que caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca (vs. 5-6, 20-21). A terceira condição foi a semente que caiu em um solo aparentemente bom, e cresceu, mas os espinhos a sufocaram. Os espinhos dizem respeito às preocupações de nossa alma, aos cuidados do mundo e à fascinação das riquezas (vs. 7, 22). Por fim, a última condição é a boa terra, que produziu a cem, a sessenta e a trinta por um (v. 8).
A semente representa a palavra do reino (v. 19), que está relacionada com a palavra de vida, e mostra que o reino dos céus não é uma questão de doutrinas ou regras, mas é uma questão de deixar a vida de Deus crescer em nosso coração.
Quando líamos essa parábola nos perguntávamos: "Por que ainda não somos a boa terra?"; e ainda: "O que fazer para nos tornarmos a boa terra?". Nesta série do Alimento Diário temos visto que, para responder essas perguntas e alcançar a condição de boa terra, precisamos de uma mudança de mente, de arrependimento.
A primeira parte das sementes caiu em uma terra dura, à beira do caminho. Os caminhos surgem em decorrência do trânsito de pessoas numa mesma trilha, pois onde elas passam o solo fica empedernido. De tanto pisar, a terra endurece formando caminhos. Uma parte das sementes caiu nesse solo petrificado e não conseguiu germinar, pois, mesmo antes de penetrar no solo, vieram as aves do céu e as comeram.
Às vezes o Senhor Jesus semeia em nosso coração, mas, por estarmos com o coração empedernido, ocupado com outras coisas, não damos importância. Por causa disso, a palavra de Deus não penetra em nosso coração, e, então, vem o maligno e arrebata o que foi semeado (v. 19).
Não podemos permanecer nessa condição infrutífera. Devemos pôr fim ao trânsito que endurece nosso coração para fazê-lo amolecer. Apenas buscando a presença do Senhor e levando nossa condição diante Dele, obteremos arrependimento, e a semente divina encontrará espaço para penetrar em nós. Dessa maneira, teremos um coração sensível e pronto para absorver Sua paIavra e frutificar. Aleluia!

15 fevereiro, 2012

O Senhor Jesus fala por parábolas

[Jesus respondeu:] Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem. Bem aventurados, porém, os vossos olhos porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem (Mt 13:13,16)


Mt 13:10-17



O capítulo 13 do evangelho de Mateus apresenta sete parábolas: do semeador, do joio, do grão de mostarda, do fermento, do tesouro escondido, da pérola e da rede. Essas parábolas se cumprem profeticamente na história da igreja, nas sete igrejas (Ap 2-3), que será desenvolvida na próxima semana.
"Então se aproximaram os discípulos e lhe perguntaram: Por que lhes falas por parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido. Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado" (Mt 13:10-12).
O Senhor fala a nós, Seus discípulos, todas as Suas palavras; quanto aos outros, porém, o Senhor explica por que só lhes fala por parábolas: "Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem" (v. 13). Eles ouvem as parábolas somente como doutrina, mas não têm a realidade de praticá-Ias. "De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis, porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos" (vs. 14-15). Por viverem para si mesmos, o coração deles se encheu de orgulho e endureceu, por isso não conseguem tocar nas palavras faladas pelo Senhor.
No passado, aprendemos um precioso princípio espiritual: "Devemos ir para onde o Espírito estiver realizando Sua obra". Os que não seguiram esse princípio, em vez de buscar ajuda onde a obra do Espírito Santo estava fluindo, pouco a pouco deram início a uma nova religião. O Senhor usou parábolas para apresentar o evangelho do reino dos céus. Ele sabia que algumas pessoas iriam ouvir as parábolas como doutrina e mero objeto de investigação teológica, e não como lições para buscar o crescimento espiritual. Quando isso acontece, torna-se muito difícil praticar as palavras do Senhor por causa do orgulho que ocupa o coração dessas pessoas e o torna endurecido.
Diante disto, vamos manter nosso coração humilde, sempre pronto para aprender com outros, a fim de que os nossos olhos possam ver e os nossos ouvidos ouvir. Aleluia! Dessa maneira seremos bem-aventurados!

O perigo da velha e da nova religião

Bem-aventurado é aquele que não encontrar em mim [Cristo] motivo de tropeço (Mt 11:6)


Mt 3:3-4,15;9:14; 11:7; Mc 2:18; Lc 3:21-23; 7:30; Jo 3:22-23; 13:17



Antes de falar da semente do reino dos céus, é necessário rever alguns pontos da semana anterior que fala sobre o começo da obra do Senhor Jesus. No início, muitos discípulos O seguiam, mas havia dois grandes empecilhos à Sua obra: os fariseus e os seguidores de João Batista.
Os fariseus impediam a entrada das pessoas no reino dos céus (Mt 23:13). Eles estavam vinculados ao Antigo Testamento e representavam a velha religião. João Batista devia fazer parte da velha religião, pois veio de uma família de sacerdotes (Lc 1:5, 13). Contudo ele abandonou as tradições sacerdotais e, em lugar de servir no templo, pregava no deserto; usava "vestes de pelos de camelo e um cinto de couro; sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre" (Mt 3:3-4; 11:7).
João foi comissionado por Deus para ser o precursor de Jesus, por isso ele pregava: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (3:2), na expectativa de que muitas pessoas se convertessem e não mais vivessem pela velha vida da alma.
Aos 30 anos, Jesus desceu ao rio Jordão para ser batizado por João (Lc 3:21-23). Este, porém, tentou dissuadi-lo, dizendo: "Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça" (Mt 3:14-15). Essa justiça se refere àquilo que Deus determinou (cf Lc 7:30). De acordo com a determinação de Deus, primeiro Jesus devia ser batizado, sepultando Sua natureza humana, para, então, batizar as pessoas com Espírito Santo e com fogo.
Quando Jesus saiu das águas, após ser batizado por João, os céus se Lhe abriram, e o Espírito de Deus desceu como pomba sobre Ele, representando que a unção foi derramada sobre Jesus (Mt 3:16). Uma vez que João Batista presenciou tudo isto, Ele deveria tomar a atitude de ser batizado por Jesus para cumprir a justiça de Deus. Mas não o fez, provavelmente porque João Batista não queria abrir mão de seus próprios discípulos (9:14; Mc 2:18).
Uma vez que Jesus veio, João deveria não apenas receber o batismo do Senhor Jesus, tornando-se Seu seguidor, como também conduzir todos os seus discípulos a segui-Lo. No entanto, não fez isso, pelo contrário, seguiu batizando pessoas em Enom, perto de Salim, enquanto os discípulos de Jesus batizavam na Judeia (Jo 3:22-23). Mais tarde, também passaram a realizar as mesmas práticas dos fariseus quanto ao jejum (Mc 2:18). João e seus discípulos já haviam rejeitado as práticas do Antigo Testamento, por isso não deveriam voltar a elas. Isso pertencia à velha religião. Mas, por fim, os discípulos de João se uniram aos fariseus e constituíram outra religião. Essa nova religião ia contra o Senhor Jesus e o Seu caminho: "Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não jejuam?" (Mt 9:14).
Isso representa a perseguição da velha e da nova religião contra aqueles que decidem andar no caminho do reino. Precisamos tomar cuidado para não sermos influenciados pela velha religião e tampouco pela nova. Religião aqui diz respeito à tentativa do homem de agradar a Deus independente Dele. Isso é o mesmo que viver pelo ser natural, sem a vida divina, criando uma série de normas e regras que por fim se tornam uma tradição.
Hoje, se formos fiéis em seguir as orientações do Senhor, que nos mantêm no frescor da vida cristã, podemos sofrer as mesmas perseguições que ocorreram na época do Senhor Jesus. Essas perseguições podem provir até mesmo de pessoas que no passado nos ajudaram a entender as verdades bíblicas. Cabe ressaltar que a Palavra do Senhor é maravilhosa, e vale a pena desfrutá-Ia ricamente; no entanto, o que nos mantêm novos, cheios de frescor espiritual, é a prática da Palavra (Jo 13:17). Se não praticarmos as verdades ouvidas, corremos o risco de formar uma nova religião e viver segundo nossas próprias tradições. Devemos prosseguir firmes no caminho da vida divina e, como resultado, ver e desfrutar cada vez mais a benção do Senhor.
A última fase da história de João Batista é uma advertência para nós, pois mesmo sendo encarcerado, ele ainda mantinha seus discípulos: "Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?" (Mt 11:2-3). Era como se João estivesse questionando: "Jesus, Tu és o Rei do reino dos céus? Se de fato for, por que não vens me libertar desta prisão?".
Sem dúvida, Jesus tinha poder para Iibertá-Io conforme está registrado no livro de Atos, quando Pedro também foi encarcerado e o Senhor o libertou (12:7-11). Mas, em relação a João Batista, Jesus respondeu: "Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11:4-6). É como se Jesus lhe dissesse: "Isso é suficiente para comprovar quem Eu sou e que essa obra é do Filho de Deus". João, contudo, não demonstrou sinais de arrependimento e foi decapitado a mando de Herodes (14:6-11).
Isso nos mostra que mesmo tendo sido libertos da velha religião, podemos ainda viver sob a influência de uma nova religião. Por isso falamos sobre abandonar a velha religião, e também a nova religião. Os que servem na obra do Senhor devem estar sempre atentos a isso. Não devemos nos opor à obra do Senhor por causa de nossa própria religião. Quando negamos a vida da alma, isto é, a nós mesmos, conseguimos eliminar tanto a velha quanto a nova religião.

13 fevereiro, 2012

A ênfase do livro de mateus e a importância do arrependimento

Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus (Mt 4:17)
Gn 1:26-28; Mt 3:2-3; Lc 1:41; Rm 8:6; Hb 2:5-8

Na série do Alimento Diário do semestre passado foi abordado o tema "Por que Deus criou o homem?". Com base em Gênesis 1:26, 28, vimos que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança para que o homem crescesse em vida e exercesse domínio sobre a terra, retirando-a da sujeição de Satanás (Hb 2:5). Deus seria o conteúdo do homem, e este, pleno da vida de Deus, governaria o mundo que há de vir (vs. 6-8).
Muitos se lembram de quando estudamos o livro de Mateus, com o objetivo, naquela ocasião, de enfatizar a igreja. Desta feita, estamos abordando a importância do reino dos céus, tema principal desse evangelho, em cujo início o Senhor Jesus nos diz: ''Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (4:17). O primeiro a pregar isso foi João Batista, o precursor do Rei do reino dos céus (3:2). Deus lhe havia revelado que os homens precisavam se arrepender de seus pecados, pois Seu reino estava próximo. Ainda no ventre materno, quando sua mãe se encontrou com Maria, ele pressentiu que estava diante do Rei que havia de vir (Lc 1:41).

João Batista foi enviado adiante do Senhor Jesus, e sua comissão era conclamar as pessoas a que preparassem o caminho do Senhor e endireitassem Suas veredas, para que o Rei do reino dos céus pudesse passar e entrar no coração delas (Mt 3:3). Ele veio trazer o batismo de arrependimento. Arrependimento significa mudança de mente, a parte que lidera a alma. Para haver essa mudança na mente, gerada pelo arrependimento, é necessário negar a vida da alma. Era como se João Batista dissesse: "Não fiquem mais em seus vãos pensamentos, velhos conceitos, governados por suas velhas tradições; suas mentes precisam ser renovadas".

Temos visto que o maior impedimento para o avanço da obra de Deus e de Sua vontade é a vida da alma. Por isso é que João Batista veio pregar a mudança de mente.

O capítulo 8 do livro de Romanos confirma que a mente é a parte líder da alma. Quando a mente se inclina para algo, a alma toda acompanha o movimento. Se sua mente pende para a carne, então todo o seu ser vai para a carne, para o pecado, para a morte espiritual; mas, se sua mente é colocada no espírito, você obtém vida e paz. Que é negar a vida da alma? É mudar de mente, negar a si mesmo para voltar à presença de Deus.

12 fevereiro, 2012

Perdoados pelo sangue e supridos com a vida divina para seguir o Senhor

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1 Jo 1:9). 
Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10:10b)

Jo 1:14; 7:38-39; 14:16-18, 20; At 18:2-3, 26; Rm 16:3-5; 1 Co 15:45; 16:19; 1 Jo 1:1



Atualmente, estamos sendo treinados para reinar. De um lado, negamos a nós mesmos; de outro, somos aperfeiçoados. Assim, a vida de Deus cresce mais em nós, até tomar conta de todo o nosso ser.
O Senhor Jesus revelou isso ao apóstolo Paulo e também a João. Paulo falou sobre o desejo de Deus: dispensar a Fé (1 Tm 1:4), que é Seu plano eterno para nós. Isso ocorre quando o Deus Triúno, isto é, o Pai, o Filho, e o Espírito, nos alcança ao nos predestinar, redimir e selar (Ef 1:3-14).
João, em idade avançada, se lembrou de todas as palavras ditas pelo Senhor Jesus e explicou que esse processo ocorreu por meio do Verbo se tornar carne, e depois, por meio da morte e ressurreição do Senhor, Ele voltar como o outro Consolador, o Espírito da realidade, e assim habitar em todo aquele que Nele crê (Jo 1:14; 7:38-39; 14:16-18, 20). Esse Espírito da realidade mencionado por João é o Espírito que dá vida, descrito por Paulo (1 Co 15:45).
Hoje, precisamos praticar essas palavras, ajudando as pessoas a receber o Espírito da realidade, que é o próprio Filho de Deus, pois Nele está todo o conteúdo do plano eterno de Deus para o homem. "Quem tem o Filho tem a vida" (1 Jo 5:12).
O Senhor, quando foi ferido na cruz, nos dispensou essa vida, porque do Seu lado fluíram sangue e água. Isso foi o que João relatou (Jo 19:33-34). O sangue é para nossa redenção, enquanto a água representa a vida divina que nos gerou e nos edifica dia a dia. Esse é o evangelho completo que o Senhor Jesus nos preparou.
O sangue de Cristo tem eficácia eterna e possibilita que Deus perdoe todos os nossos pecados, pois é o sangue do Filho de Deus que nos justifica (1 Jo 1:7). Mesmo nossos pecados ocultos podem ser perdoados, se os confessarmos e nos arrependermos diante da luz do Senhor. A redenção de Cristo permitiu que a vida de Deus nos fosse concedida. João testificou esse fato com seus próprios olhos e percebeu que a intenção de Deus é nos dar Sua vida (Jo 10:10b).
Desse modo, o sangue remissor e a vida divina ressurreta estão disponíveis a nós, mas, se não atentarmos para a necessidade de negarmos a vida da alma, não cresceremos na vida de Deus. Por isso o Senhor está constantemente falando sobre esse assunto conosco (Mt 16:24).
Antigamente, nas palestras ministradas aos casais, era comum se utilizarem trechos bíblicos como Efésios 5 e 1 Coríntios 11. Hoje, vemos que a real necessidade dos casais e de qualquer cristão é negar a vida da alma, pois ao discutir ou revidar perdem sua serventia para expressar a Deus. Um exemplo de casal para nós é o modelo deixado por Áquila e Priscila, que se envolveram no serviço ao Senhor: eles abriram sua casa para a igreja na cidade onde moravam, ajudaram Apolo expondo-lhe com mais exatidão o caminho do Senhor e, posteriormente, até mesmo arriscaram sua cabeça pela vida do apóstolo Paulo (At 18:2-3, 26; 1 Co 16:19; Rm 16:3-5). Que sejamos úteis ao Senhor em qualquer situação.

O exercício dos dons para o reino

Chamou dez servos seus, confiou-lhes dez minas e disse-lhes: Negociai até que eu volte (Lc 19:13)


Is 11:8; Lc 7:37-38; 8:1-3; Jo 16:13; At 20:35; Rm 14:17; 1 Co 14:31; Hb 4:11



A descrição da manifestação do reino dos céus é maravilhosa, pois revela uma esfera de justiça, alegria e paz (Is 11:8; Rm 14:17). Nossa entrada vitoriosa no reino dos céus requer de nós hoje que cresçamos na vida de Deus. Para que a vida divina cresça, temos de seguir o Senhor negando a nós mesmos (Mt 16:24).
O apóstolo João já tinha ouvido essas palavras do Senhor Jesus, mas somente quando estava idoso, em sua maturidade, foi que a realidade dessas palavras lhe foi revelada. A revelação e a prática da palavra de Deus vêm pelo Espírito da realidade (Jo 16:13). O Espírito da realidade é o próprio Deus Triúno, isto é, o Pai, o Filho e o Espírito. Ele nos dá vida, nos unge e nos guia a praticar as palavras do Senhor, a fim de nos esforçarmos para entrar no reino (Hb 4:11).
Olhando para nossa condição atual, devemos perceber a necessidade de negar a nós mesmos e crescer na vida divina para herdar o reino. Além disso, precisamos exercitar os nossos dons para nos tomarmos reis. O Senhor quer nos aperfeiçoar e conceder graça até que nossos dons se tomem ministérios.
Já recebemos o dom de invocar o nome do Senhor e precisamos exercitá-lo para orar, falar por Deus e profetizar. Na igreja todos podem falar (1 Co 14:31): homens, mulheres, jovens, idosos ou crianças. Podemos exercitar nossos dons nas grandes reuniões ou nas pequenas reuniões de casa. Todos podem e devem profetizar.
Os serviços também fazem parte do nosso ministério. Se deixamos de exercitar algum aspecto do ministério, estamos abrindo mão de nossa função. Todos devem exercitá-lo, para um dia ganhar o reino como galardão.
Também temos o ministério das ofertas de riquezas materiais. Este ministério não é apenas para os homens, mas também para as mulheres. Na verdade, na Bíblia estão registradas mais ministras de riquezas materiais do que ministros. Os evangelhos mostram que quem ofertava bens para o Senhor Jesus eram irmãs (Lc 7:37-38; 8:1-3).
Ofertar é um dom de extrema importância. Quando começamos visitar o Chile para levar a Palavra às pessoas ali, os irmãos eram muito pobres, pois estavam no período pós-revolução. No início, eu não quis deixar os irmãos ofertarem, mas, como a situação deles não mudou em dez anos, eu me arrependi diante do Senhor. Eles tinham sido tolhidos da graça por não ofertar. Então os orientei com a seguinte ilustração: se uma família consumisse dez pãezinhos por dia, poderia ofertar um ao Senhor, como dízimo, e isso não iria prejudicar o sustento da casa. Graças ao Senhor, os irmãos praticaram essa palavra, e, tempos depois, não somente a situação das igrejas melhorou, como também a condição financeira de todo o país. Ofertar é receber graça!
Precisamos sempre recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: "Mais bem-aventurado é dar que receber" (At 20:35).

10 fevereiro, 2012

Uma condição normal diante de Deus

Conheço as tuas obras - eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar - que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome (Ap 3:8)


At 22:16; Ap 2:1, 4, 8,10,12-13,18,20; 3:1, 7-8,14,17



Saulo, antes um perseguidor dos que invocavam o nome do Senhor, converteu-se e foi batizado invocando esse nome (At 22:16). Ele se tornou um apóstolo que pregava o nome do Senhor e transmitiu isso a todas as igrejas, inclusive à igreja em Éfeso. Infelizmente, pouco a pouco, a igreja em Éfeso cessou essa prática, pois perdeu o primeiro amor (Ap 2:4).
A igreja em Éfeso é a primeira das sete igrejas da Ásia descritas em Apocalipse 2 e 3. A segunda é a igreja em Esmirna, que passou por um período de grandes perseguições (2:10). Muitos cristãos foram mortos e martirizados naquela época, provavelmente porque invocavam o nome do Senhor.
A terceira igreja mencionada em Apocalipse foi Pérgamo. A Bíblia fala que os irmãos conservaram o nome do Senhor, apesar de toda a perseguição, até que Antipas foi morto entre eles. Depois disso, a igreja entrou em um estágio de grande degradação, a ponto de o trono de Satanás ser encontrado no meio deles (v. 13).
A quarta igreja é Tiatira, na qual uma mulher se colocou como profetisa para levar os filhos de Deus a praticarem idolatria.
A quinta igreja é Sardes, cujo nome significa restauração, mas ela não cumpriu totalmente sua função de restaurar o nome do Senhor. Foi nesse período da história da igreja que ocorreu a reforma protestante por Martinho Lutero, restaurando a verdade sobre a justificação pela fé e tornando a Bíblia acessível para todos. Isso foi muito bom, mas, depois, muitos estudiosos da Bíblia, conhecidos como fundamentalistas, deram excessiva ênfase ao conhecimento bíblico, o qual não é suficiente para realizar a vontade de Deus. Como uma reação a esse tipo de ênfase doutrinária, surgiram muitos cristãos que passaram a buscar a manifestação exterior do poder do Espírito Santo, mas isso também não é suficiente para restaurar o nome e a vontade do Senhor.
A sétima igreja descrita em Apocalipse é Laodiceia, representando os cristãos que já se sentem abastados e não veem a necessidade de receber mais nenhuma revelação da parte do Senhor.
Dentre as últimas quatro igrejas registradas em Apocalipse 2 e 3, a que apresentou uma condição normal foi a igreja em Filadélfia. Ali, o nome do Senhor é sustentado e Sua Palavra é guardada.
Essas quatro últimas igrejas da Ásia representam a condição dos cristãos de hoje que permanecerão até a segunda vinda do Senhor. Precisamos buscar estar na condição de Filadélfia.

08 fevereiro, 2012

O nome que traz salvação

Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At 4:11-12)


Gn 12:1-3, 7-8; At 2:14-21; 8:1; 9:1-2, 21; Rm 10:13



O nome do SENHOR havia sido esquecido, mas voltou a ser exaltado na terra por meio de Abraão. Ele foi chamado por Deus para dar origem a uma grande nação e receber por herança a boa terra de Canaã. Quando ali chegou, Abraão levantou um altar e invocou o nome do SENHOR (Gn 12:1-3, 7-8).
No Novo Testamento, a primeira vez que o apóstolo Pedro falou sobre invocar o nome do Senhor foi por ocasião do Pentecostes. Pedro explicou o motivo de vários galileus estarem falando em línguas diferentes para anunciar o evangelho de Deus, mencionando o que havia sido escrito pelo profeta Joel: "Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (At 2:16-18, 21). Esse foi o cumprimento da promessa do Senhor falada em Atos 1:5 e 8. Embora o batismo do Espírito Santo lhes tenha dado poder e autoridade para a pregação do evangelho, em sua pregação Pedro mostrou que, para alguém ser salvo, precisava invocar o nome do Senhor.
Quando cremos no evangelho e invocamos o nome do Senhor, recebemos o Espírito em nosso interior, o qual nos supre com a vida divina para a salvação (Ef 1:13). Ao invocarmos o nome do Senhor pela primeira vez, fomos salvos e, se continuamente O invocarmos, seremos supridos pelas riquezas da vida de Deus para desenvolver a salvação da nossa alma (Rm 10:13).
A primeira igreja surgiu em Jerusalém. Supomos que nessa época os cristãos invocavam constantemente o nome do Senhor, porque tudo o que faziam era conforme a vontade de Deus. Nas orações, ao partir o pão e ao ofertar riquezas materiais, eles comungavam com alegria e contavam com a bênção do Senhor e a simpatia de todo povo (At 2:42-47).
Isso causou inveja nos saduceus e fariseus, que passaram a perseguir os cristãos. Entre os perseguidores estava Saulo, um jovem israelita que se destacava entre os de sua idade e era conhecido por lançar na prisão os que invocavam o nome do Senhor (At 9:1-2, 21).
Com a perseguição, houve a dispersão dos cristãos para outras regiões, de forma que aqueles que permaneceram em Jerusalém, provavelmente, ficaram impedidos de invocar o nome do Senhor publicamente, sob pena de serem perseguidos e encarcerados.
Posteriormente, o próprio Saulo foi encontrado pelo Senhor, que lhe disse: "Saulo, Saulo, por que me persegues?” (v. 4). Quando Saulo perguntou quem era, o Senhor lhe respondeu: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues" (v. 5). Saulo, por fim, creu no Senhor, foi batizado, invocando o nome Dele, e se tornou um apóstolo que pregava e ensinava as pessoas a invocar o nome do Senhor por onde quer que fosse.

O reino e a vontade de Deus

Vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu (Mt 6:9-10)


Gn 1:26-28; 3:6, 23-24; 4:26; 6:3, 9; 9:12-16; 10:8, 10; 11:4, 7-8; Hb 2:5-7



O evangelho escrito por Mateus foi especialmente destinado a revelar o reino dos céus. Como Mateus era uma pessoa instruída e trabalhava como coletor de impostos, ele tinha um conhecimento específico de como funcionava a gestão de um governo, a administração de um reino. Essa capacidade de Mateus foi utilizada pelo Espírito Santo, quando o inspirou divinamente a escrever esse evangelho.
Desde Gênesis, Deus pretende estabelecer na terra um reino onde seja feita a Sua vontade. Foi com esse objetivo que Ele criou Adão e Eva à Sua imagem e semelhança e os abençoou (Gn 1:26-28). Essa bênção incluía não apenas a multiplicação da vida, mas também sujeitar a terra. Antigamente, pensávamos que seria muita ousadia afirmar que Deus nos criou para sujeitar a terra. É que no passado acreditávamos que somente o Senhor Jesus poderia fazer isso, pois Ele é digno, como Rei do reino dos céus. Mas a Bíblia afirma em Hebreus 2:5-7 que o mundo que há de vir estará sujeito aos homens, e não a anjos.
O mundo presente se encontra usurpado por Satanás. O governo dos anjos sobre o mundo de outrora resultou na rebelião de Lúcifer contra Deus, provocando todo tipo de corrupção e o caos que hoje vemos na terra. Por isso Deus entregará o governo do mundo que há de vir aos homens que, após serem regenerados, cresceram na vida de Deus e se prepararam para cooperar com Ele em Seu reino.
Adão e Eva falharam ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, permitindo que o pecado e a morte neles entrassem. Como resultado, foram expulsos do jardim do Éden, perdendo a presença de Deus (Gn 3:6,23-24). Adão e seus descendentes, porém, reconheceram que eram frágeis e mortais e buscaram novamente a presença do SENHOR, passando a invocar Seu nome (4:26).
Com o tempo, a grande maioria dos homens abandonou o nome do SENHOR e passou a se corromper, tornando-se carnal (6:3). Deus, então, se arrependeu de haver criado o homem na terra e escolheu a Noé para construir uma arca e preservar sua família do julgamento pelo dilúvio (vs. 6-9). Depois do dilúvio, Deus fez uma aliança com o homem, de que não mais julgaria a terra com águas (9:12-16). Mas, com o passar do tempo, os homens novamente se esqueceram do SENHOR e passaram a exaltar a si mesmos, como Ninrode, que reinou sobre a cidade de Babel na época em que os homens construíram uma torre para tornar célebre seu próprio nome (10:8, 10; 11:4). Foi quando o SENHOR os julgou, confundindo sua linguagem, de modo que um não entendia a linguagem de outro, não tinham mais o mesmo desígnio e se dispersaram como várias nações sobre a terra (vs. 7-8).
A história da humanidade com Deus é repleta de exemplos de queda e rebelião. Quando lemos esses relatos bíblicos, devemos estar atentos para não exaltarmos nosso próprio nome e, com isso, mais uma vez, nos distanciarmos do plano de Deus. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos mantenha em Seu reino, debaixo de Sua vontade, para temermos somente ao Seu nome.

Seguir ao Senhor em novidade de vida

Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas, põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam (M t 9:17)

Mt 9:10-11, 14; 11:2-6; 14:3-4; At 5:17-20



O Senhor conhece os que Lhe pertencem e deles cuida. Certamente, se João Batista tivesse seguido o Senhor Jesus, Deus cuidaria dele e Se responsabilizaria por ele. Mas, como isso não ocorreu, João Batista seguiu seu próprio caminho e se envolveu com muitos problemas.
João Batista admoestou Herodes acerca da prática de adultério e, com isso, provocou uma situação em que Herodes o encarcerou (Mt 14:3-4). Nesse ponto, ele mandou seus discípulos perguntarem ao Senhor Jesus se Ele era mesmo o enviado de Deus ou se haviam de esperar outro (11:2-3). João Batista parecia agora duvidar do Senhor ou, pelo menos, tentou provocar no Senhor uma atitude para vir tirá-lo do cárcere. Não se sabe ao certo o que ele pensava a respeito de Jesus quando estava no cárcere, mas o fato é que, por não se arrepender, não foi libertado (em Atos 5:17-20 vemos um exemplo de libertação dos seguidores do Senhor: os apóstolos foram presos por pregarem o evangelho, mas um anjo do Senhor os libertou).
O Senhor Jesus não confirmou Sua incumbência nem respondeu ao questionamento trazido pelos discípulos de João Batista. Apenas lhes disse: "Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, o leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o evangelho" (Mt 11:4-5).
Ao receber essa palavra, João Batista poderia ter se arrependido, mas isso não aconteceu. Seu discipulado o impediu de receber algo novo do Senhor. No início de seu ministério, João Batista havia se distanciado das tradições religiosas, mas, com o passar do tempo, seus discípulos voltaram a adotar as antigas práticas, como o jejum dos fariseus.
Em Mateus 9 os fariseus perguntaram aos discípulos de Jesus: "Por que come vosso Mestre com publicanos e pecadores?" (v. 11). De maneira semelhante, os discípulos de João Batista perguntaram ao Senhor: "Por que jejuamos nós, e os fariseus [muitas vezes], e teus discípulos não jejuam?" (v. 14). Eles formaram uma nova religião e, com isso, criaram outro embaraço ao Senhor Jesus e a Seus discípulos.
Precisamos estar libertos de tudo o que é velho para seguir somente o Senhor. Se, por causa de nossos velhos conceitos, nos apegarmos a práticas antigas e nos opusermos ao que Deus está fazendo hoje, corremos o grande risco de produzir uma nova religião. Devemos tomar cuidado para não deixar que os ensinamentos que recebemos no passado nos impeçam de avançar. Quando nossas práticas tomam a forma de um serviço tradicional e religioso a Deus, facilmente somos levados a rejeitar aquilo que o Senhor tem a nos revelar ou, pelo menos, nos tornamos tardios em ouvir.
Busquemos, portanto, andar sempre em novidade de vida para que aquilo que o Senhor está fazendo não se torne um tropeço para nós: "Bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11:6).

06 fevereiro, 2012

Cumprir toda a justiça

Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça (M t 3:14-15)


Mt 3:3-4, 11, 14-17; Lc 1:9, 13-17, 41



Deus enviou João Batista como precursor do Senhor Jesus, isto é, para preparar o caminho do Senhor (Mt 3:3; Lc 1:13-17). Desde antes do nascimento, João Batista sabia qual era o seu papel. Por isso, quando Maria, que já se encontrava grávida pelo Espírito Santo, visitou Isabel, João Batista estremeceu em seu ventre, e ela ficou possuída do Espírito Santo (Lc 1:41).
A família de João Batista era levita, da casa de Arão, e seu pai Zacarias servia a Deus como sacerdote no templo (1:5). João Batista iniciou seu ministério de maneira nova, pois se distanciou das tradições sacerdotais do Antigo Testamento. Pela posição religiosa, o sacerdote tinha direito a ministrar no templo, a usar uma veste de linho e a se alimentar dos pães da proposição e da porção a eles destinada nos sacrifícios ofertados (Lc 1:9; Êx 28:3; Lv 7:34). João Batista, porém, mesmo sendo um sacerdote, abriu mão de tudo isso. Sua pregação ocorria no deserto, suas vestes eram feitas de pelos de camelo e sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre (Mt 3:4). Ele se afastou das antigas tradições religiosas, porque sua função era abrir caminho para o Senhor Jesus, pregando o arrependimento e prenunciando Sua chegada, um novo começo.
João Batista teve um bom início em seu ministério: era humilde e se colocava em posição inferior ao Senhor Jesus. Quando Jesus pediu para ser batizado por João, ele disse: "Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?" (Mt 3:14). Ele estava certo, mas Jesus acrescentou: "Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça" (v. 15). Pelas palavras do Senhor Jesus, João Batista também deveria ser batizado, mas não vemos nenhum registro disso.
Jesus cumpriu a justiça de Deus, isto é, fez o que deveria ser feito segundo a determinação divina, e foi batizado por João Batista. Por ter agido segundo a vontade do Pai, naquele instante, os céus se abriram, o Espírito de Deus desceu sobre Ele em forma de pomba e se ouviu uma voz dos céus dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (vs. 16-17).
João Batista estava ali e obviamente presenciou esse fato, mas parece que não lhe deu a devida importância. Sua reação normal seria pedir ao Senhor que lhe batizasse e, em seguida, deveria segui-Lo, pois, segundo ele mesmo havia dito anteriormente, o Senhor Jesus era mais poderoso do que ele, porque batizaria com Espírito Santo e com fogo (3:11). Ele, porém, além de não ser batizado pelo Senhor, ainda prosseguiu com uma obra paralela.
Por que ele fez isso? E por que não passou a seguir o Senhor depois de ouvir a voz dos céus? Provavelmente porque já tinha seus próprios discípulos, dos quais não queria abrir mão. Se João Batista houvesse sido batizado pelo Senhor Jesus, os que o seguiam possivelmente também se tornariam discípulos do Senhor. Mas parece que João Batista não quis terminar assim seu ministério e ainda desejava manter seus seguidores.