24 junho, 2012

O perigo de apegar-se à própria obra.


Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho (1 Pe 5:2-3). Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos  (Mt 23:8)


Mt 3:2, 11, 14-17; Jo 1:32-33; At 13:24

No início do Novo Testamento Deus enviou João Batista. Este veio como precursor do Senhor Jesus e tinha como objetivo preparar-Lhe o caminho, pregando a todo o povo de Israel o batismo de arrependimento (At 13:24). João descendia de uma família de sacerdotes, mas, em vez de servir no templo, usar vestes sacerdotais, alimentar-se das ofertas que cabiam aos sacerdotes e oficiar segundo a tradição daquela época, ele abandonou a velha religião e foi para o deserto. Lá usava veste de pelo de camelo, alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre e pregava: “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3:2).
Deus o enviou para abrir caminho para o Senhor vir com Sua Palavra. Aqueles que se arrependiam, eram batizados por João no rio Jordão. Até o próprio Senhor Jesus foi a ele para ser batizado. João sabia que Jesus era aquele que haveria de vir: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (v. 11). As pessoas eram batizadas por João com água a fim de se preparar para receber o batismo Daquele que haveria de vir.
João Batista tinha muitos discípulos, mas, uma vez que o Senhor Jesus foi batizado e deu início ao Seu ministério, ele deveria seguir o Senhor e entregar-Lhe seus discípulos para que Este os batizasse com Espírito e eles se tornassem discípulos de Jesus. Entretanto, mesmo tendo clareza de sua função, sabendo que Jesus era o Cristo e tendo dito que não era digno nem de desatar-Lhe as sandálias, João manteve o seu grupo de discípulos e não O seguiu.
Jesus saiu da Galileia para o Jordão, a fim de que João O batizasse. “Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (v. 14). O Senhor Jesus, então, disse: “Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu” (v. 15). Cumprir a justiça é fazer tudo de acordo com a vontade de Deus, ou seja, fazer tudo de acordo com o que Ele determinou.
A seguir, Jesus foi batizado por João, e, ao sair da água, eis que se Lhe abriram os céus, o Espírito de Deus desceu como pomba, vindo sobre Ele, e eis uma voz dos céus, que dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (vs. 16-17).
João Batista testemunhou tudo isso (Jo 1:32-33), o que comprova que ele deveria ter seguido após Jesus para ser batizado com o Espírito e com fogo, mas não o fez. Mesmo depois que o Senhor Jesus foi batizado e iniciou Seu ministério João Batista continuou tendo discípulos que o seguiam. Embora tenha iniciado bem a sua obra, ao conquistar certa posição de destaque, não conseguiu se despojar dela quando Jesus chegou. Pelo contrário, apegou-se à sua própria obra, com seus discípulos, de maneira independente e contrária à vontade de Deus.
Isso é um alerta a todos nós e mostra o grande perigo que há ao ser, temporariamente, bem sucedido naquilo que nos foi confiado. Ninguém que serve ao Senhor deve agir como João Batista. Quando ajudam as pessoas, não devem fazer delas seus seguidores, mas devem entregá-las e direcioná-las ao Senhor.

Preparar-nos para reinar com o Senhor.


Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra (2 Tm 2:21)


2 Tm 4:8; 2 Pe 3:12

Vimos nesta semana que João Batista foi o primeiro a pregar sobre o arrependimento. Ele era um sacerdote, mas se mostrava contrário ao sistema religioso de sua época, rejeitando a tradição e os velhos costumes judeus. Por isso foi usado por Deus para pregar o arrependimento e batizar as pessoas com água, sepultando seu velho homem, a fim de que tivessem uma mudança de mente.
Contudo ainda faltava o batismo com o Espírito Santo e com fogo, o qual o Senhor Jesus veio para nos dar. Nosso conceito antigo era que o Senhor batizaria com o Espírito Santo os que O recebessem, e com o fogo aqueles que O rejeitassem, portanto nossa compreensão do versículo era que Ele batizaria com o Espírito Santo “ou” com fogo. Mas a Bíblia diz: “com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3:11), o que significa que nós que recebemos o Senhor Jesus somos batizados com o Espírito Santo e também com o fogo. Esse fogo é para queimar as impurezas da alma, que chamamos de vida natural ou vida da alma.
Essa revelação é importante para compreendermos melhor qual é a vontade de Deus. Se não tivéssemos visto isso pensaríamos que o fogo é apenas para os incrédulos, e não entenderíamos que fogo era aquele que o apóstolo Pedro mencionou em sua epístola. Damos graças ao Senhor, pois Mateus 3:11 se tornou um versículo novo para nós e tem sido de muita ajuda para a prática e experiência de queimar nossa vida da alma sempre que esta se manifestar.
Além disso, quando ouvimos que o reino dos céus está próximo, nossa atitude não deve ser de quem fica esperando sua chegada, mas de quem está disposto a apressar a vinda do Senhor (2 Pe 3:12). Por meio de negar a nós mesmos, a vida de Deus tem como crescer em nós mais rapidamente, e, quando o Senhor Jesus voltar, nós estaremos maduros, prontos para reinar com Ele no mundo que há de vir (2 Tm 4:8).
A fim de alcançarmos toda a cidade com a pregação do evangelho do reino, o Senhor nos deu duas ferramentas: o bookafé e a colportagem. Por meio delas, temos a oportunidade de ajudar mais pessoas a ganhar a vida de Deus através dos livros que explicam a revelação das Escrituras. Também estamos exercitando mais o ir até as pessoas para servi-las, aprendendo a contatá-las e a orar por elas. Dessa maneira, muitos filhos de Deus podem viver a realidade da vida da igreja e se preparar para reinar com o Senhor. Não só estamos ajudando outros, como nós mesmos estamos sendo treinados e aperfeiçoados para o desempenho do ministério que exerceremos no futuro.
Por um lado, temos a vida de Deus; por outro, temos a obra do ministério. Aqueles que estiverem preparados poderão entrar no reino dos céus e governar com o Senhor Jesus. Que tenhamos sempre um coração de arrependimento, porque está próximo o reino dos céus. Amém!

23 junho, 2012

A importância do batismo com fogo.


Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provarvos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo (1 Pe 4:12)


1 Pe 1:6-7

Ontem vimos algumas experiências de Pedro com relação às impurezas de sua vida natural, manifestadas em suas opiniões. O que foi registrado a respeito dele tem tudo a ver conosco, pois nós, igualmente, precisamos ver quantas impurezas há em nossa alma e que precisam ser queimadas pelo fogo santificador do Espírito.
Todas as vezes em que nossa vida natural for exposta, precisamos nos voltar ao Senhor e nos arrepender. Embora Ele não esteja conosco fisicamente, como quando ajudou a Pedro, hoje o Senhor é o Espírito que habita em nosso interior e está pronto para nos batizar com fogo, isto é, queimar nossas impurezas (Mt 3:11).
No passado não prestamos atenção à necessidade de ser batizado com fogo, pois pensávamos que os sofrimentos físicos, as dores e as doenças nos serviam para negar a vida da alma. Todavia, pela experiência nossa e dos outros, percebemos que a vida da alma é muito forte, capaz de sobreviver a todas essas tribulações e permanecer intacta.
Somente quando estudamos as epístolas de Pedro é que entendemos que só há uma maneira de terminar com nossa vida da alma: colocá-la no fogo do Espírito assim como o ouro é depurado no fogo (1 Pe 1:6-7; 4:12).
Pedro, na verdade, usou as palavras de João Batista em Mateus 3:11, que falam que o Senhor Jesus batizaria com Espírito Santo “e” com fogo. Por meio das experiências de Pedro nos evangelhos e o que escreveu em sua epístola, ganhamos revelação sobre a função desse fogo: queimar e salvar-nos das impurezas da alma.
O Senhor Jesus não está mais fisicamente no nosso meio para falar a nós, como fazia com os discípulos, e nos advertir sobre o perigo de nosso ser natural e a necessidade de negá-lo. Também, ao sermos repreendidos pelos presbíteros da igreja ou por algum irmão, muitas vezes não somos tocados a ponto de negar nossa vida da alma, mas ficamos magoados ou até mesmo enraivecidos com eles, não percebendo que é o Senhor querendo nos ajudar a queimar as impurezas de nossa alma.
Todavia, uma vez que cremos no Senhor Jesus e fomos batizados com o Espírito, Ele veio habitar em nós e expor nossa vida da alma. Sempre que nos sentimos expostos e invocarmos o nome do Senhor, nos voltando ao espírito, sem nos justificar, conseguimos enxergar quem realmente somos e temos força para nos arrepender.
Os sofrimentos pelos quais o ser humano passa em sua vida – doenças, acidentes, perdas materiais – não são suficientes para queimar a vida da alma, pois, uma vez que a situação é resolvida, a vida natural ainda permanece como se nada tivesse acontecido. Mas, quando voluntariamente colocamos nossas opiniões, atitudes e ações da vida da alma no fogo do Espírito Santo, o Senhor encontra caminho para nos purificar de toda impureza.
Que possamos ouvir o Senhor Jesus como o Espírito em nosso espírito e atentar para a necessidade urgente de negarmos a nós mesmos. Assim como Pedro, sempre que nossa vida da alma for exposta pelas circunstâncias, vamos aproveitar essas situações para nos arrepender imediatamente e ser purificados pelo fogo do Espírito. Louvado seja o Senhor!

22 junho, 2012

Refletindo...

Separação


Quero, agora, convidá-lo a prestar atenção às palavras que Jesus dirigiu aos judeus, em João 8.23:
"Vós sois de baixo, Eu sou de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo".
Prestemos especial atenção ao uso, aqui, das palavras "de" e "deste". A palavra grega que aparece em cada caso é ek, que significa "fora de" e implica origem. Ek tou kosmos é a expressão usada em "deste mundo", expressando a idéia de origem. Portanto, o significado todo da passagem é:

"Vosso lugar de origem é de baixo; Meu lugar de origem é de cima; vosso lugar de origem é este mundo, Meu lugar de origem não é este mundo".

Assim, a questão não é se você é uma boa ou má pessoa, mas: Qual é seu lugar de origem. Não temos de perguntar: "Isso é certo?" ou: "Isso é errado?", mas: "De onde isso vem?". Sua origem é que determina tudo. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito" (3.6).

Então, quando Jesus se volta para Seus discípulos pode dizer, usando a mesma preposição grega:

"Se vós fôsseis do mundo (ek tou kosmos), o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia." (15.19).

Aqui temos a mesma expressão "não sois do mundo", mas, em adição, temos outra e com mais forte expressão: "Eu vos escolhi do mundo". Nesta última instância, há uma dupla ênfase. Antes, há um ek, "fora de", mas há, em adição, o verbo "escolher", eklego, que traz em si mesmo outro ek. Assim, Jesus está dizendo que Seus discípulos foram "escolhidos fora para fora do mundo".

Há um duplo ek na vida de todo cristão. Para fora daquela vasta organização chamada kosmos, para fora de toda a grande massa de indivíduos que lhe pertencem e que nela estão envolvidos, para fora, limpos de tudo isso, Deus nos chama.

Daí vem o título Igreja, ekklesia, "os chamados para fora" de Deus. Do meio do grande kosmos, Deus chama um aqui e outro ali, e a todos quantos chama, Ele os chama para fora. Não há algo como um chamamento de Deus que não seja um chamamento "para fora" do mundo. A Igreja é ekklesia. No propósito divino não há klesia sem o ek.

Se você foi chamado, então, foi chamado para fora. Se Deus o chamou, Ele o fez para que você viva, em espírito, fora do sistema mundano. Originariamente, estávamos naquele sistema satânico, sem chance de escapar; mas fomos chamados, e tal chamamento trouxe-nos para fora.

É verdade que tal declaração é uma negativa, mas também há um lado positivo para nossa constituição, pois, como povo de Deus, temos dois títulos, cada um com um significado de acordo com a forma como enxergamos a nós mesmos. Se olharmos para nossa história passada, somos ekklesia, a Igreja; mas se olharmos para nossa vida presente em Deus, somos o Corpo de Cristo, a expressão na terra Daquele que está no céu.

Do ponto de vista da escolha de Deus, estamos "fora" do mundo, mas, do ponto de vista de nossa nova vida, não somos mais do mundo, mas de cima. Por um lado, somos o povo escolhido, chamados e libertados do sistema do mundo. Por outro, somos o povo regenerado, sem qualquer relação com aquele sistema, pois, pelo Espírito, somos nascidos de cima. Por isso, João vê a cidade santa "que de Deus descia do céu" (Ap 21.10). Como povo de Deus, o céu não é apenas nosso destino, mas nossa origem. [O autor detalha esse assunto no livro What Shall This Man Do? (sem título em português), a ser lançado por esta editora - Nota dos Editores.]

É extraordinário o fato de que em você e em mim haja um elemento que é essencialmente de outro mundo. De fato é de outro mundo, pois, não importa o quanto este mundo satânico possa evoluir, jamais conseguirá ser igual àquele.

A vida que recebemos como dom de Deus veio do céu e jamais esteve neste mundo. Não tem nenhuma similaridade com o mundo, mas está em perfeita similaridade com o céu; e, por mais que estejamos diariamente neste mundo, ela jamais nos permitirá estabelecer-nos ou sentir-nos em casa aqui.

Consideremos, por um momento, este dom divino, a vida de Cristo habitando no coração do homem regenerado. O apóstolo Paulo tem algo de grande importância para dizer sobre isso. Em uma passagem esclarecedora, em 1 Coríntios, ele faz uma dupla e formidável declaração: a) que o próprio Deus nos colocou em Cristo, e b) que Cristo "para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1.30).

Temos, aqui, exemplos de toda uma série de necessidades humanas cuja satisfação Deus encontrou em Seu Filho. Nós mostramos em outra ocasião2 que Deus não nos distribui essas qualidades de justiça, santificação aos poucos, para "serem usadas conforme a necessidade". O que Ele faz é nos dar Cristo como a resposta inclusiva a todas as nossas necessidades. Ele faz Seu Filho ser minha justiça e minha santificação, e tudo o mais de que preciso, na base de ter Ele me colocado no Cristo crucificado e ressurrecto.

Agora, quero chamar sua atenção à última palavra, "redenção", pois esta tem muita relação com o mundo. Os israelitas, você deve lembrar-se, foram "redimidos" para fora do Egito, que, àquela época, era todo o mundo que conheciam, e é para nós uma figura deste mundo sob o domínio de Satanás. "Eu sou Jeová", disse Deus a Israel, "e vos hei de remir com braço estendido" (Êx 6.6 - TB). Então Deus trouxe o povo para fora, estabelecendo uma barreira de julgamento entre este e o exército de Faraó que o perseguia e, assim, Moisés poderia cantar sobre Israel como "este povo que redimiste" (15.13 - BJ).

À luz disto, tomemos agora a dupla declaração de Paulo. Se (a) Deus nos colocou em Cristo, então, uma vez que Cristo está totalmente fora do mundo, nós também estamos totalmente fora do mundo. Cristo é nossa esfera agora e, estando Nele, estamos, por definição, fora daquela outra esfera. O Pai "nos resgatou do poder das trevas e nos trasladou para o reino do Seu Filho muito amado, no Qual temos a nossa redenção" (Cl 1.13, 14 - TB). Esta transferência foi o assunto de nossos dois últimos capítulos.

Além disso, também (b) Cristo "para nós foi feito (...) redenção". Se assim está escrito, é porque para isso Ele nos foi dado, o que significa que dentro de nós Deus colocou o próprio Cristo como uma barreira para resistir ao mundo. Tenho conhecido muitos jovens cristãos tentando resistir ao mundo, tentando de uma maneira ou de outra viver uma vida não-mundana. Eles descobriram que isso é muito difícil e, quanto mais se esforçam, mais seu esforço é, sem dúvida, totalmente desnecessário. Por Sua própria "natureza de ser outro" essencial, Cristo é nossa barreira contra o mundo, e de nada mais necessitamos. Temos de fazer tanto pela nossa redenção quanto Israel fez pela sua: simplesmente o povo confiou no braço redentor que Deus estendeu em seu favor. E Cristo foi feito redenção para nós. Em meu coração há uma barreira levantada entre mim e o mundo, a barreira de outro tipo de vida, a saber, a do meu próprio Senhor, e Deus a levantou ali. E por causa de Cristo, o mundo não pode tocar-me.

Que devo, então, fazer para tentar resistir ou escapar do sistema de coisas? Se olhar para dentro de mim mesmo, tentando encontrar algo com que possa enfrentar e vencer o mundo, no mesmo momento encontrarei tudo em mim clamando por aquele mundo e, quanto mais lutar para afastar-me dele, simplesmente me tornarei mais e mais envolvido. Mas, que venha o dia em que eu reconheça que, dentro de mim, Cristo é minha redenção e que Nele estou totalmente "fora". Aquele dia verá o fim da luta. Simplesmente dir-Lhe-ei que não posso fazer nada a respeito desta história de "mundo", mas ser-Lhe-ei grato com todo o meu coração porque Ele é meu Redentor.

Correndo o risco de ser monótono, deixe-me dizer novamente: o caráter do mundo é moralmente diferente da vida infundida pelo Espírito que recebemos de Deus. Fundamentalmente, por termos essa nova vida, que é uma dádiva de Deus, é que o mundo nos odeia, pois não há nada em comum entre eles. Essa diferença radical deixa-nos, de fato, sem nenhuma possibilidade de fazer com que o mundo nos ame. "Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia" (Jo 15.19).

O mundo aprecia quando encontra em nós honestidade e decência naturalmente humanas e está pronto para dar-nos o devido respeito e depositar em nós sua confiança. Mas, tão logo encontre em nós o que não é de nós mesmos, ou seja, a natureza divina da qual fomos feitos participantes, sua hostilidade é despertada. Mostre ao mundo os frutos do Cristianismo, e este irá aplaudi-lo; mostre-lhe o Cristianismo, e lhe fará forte e vigorosa oposição.

Por mais que o mundo evolua, como há de acontecer, jamais conseguirá gerar um cristão. Ele pode imitar a honestidade cristã, a cortesia cristã, a caridade cristã, sim, mas jamais poderá gerar um único cristão. A chamada civilização cristã conquistou o reconhecimento e o respeito do mundo. Isso o mundo pode tolerar; pode, até, assimilar e utilizar-se disso. Mas a vida cristã - a vida de Cristo no cristão - isso ele odeia e, onde quer que a encontre, seguramente lhe fará oposição até a morte.

A civilização cristã é o resultado de uma tentativa de reconciliar o mundo e Cristo. No Antigo Testamento, vemos uma figura disso, representada por Moabe e Amom, fruto indireto do envolvimento e compromisso de Ló com Sodoma (Gn 19.37, 38); e nem Moabe nem Amom provaram ser menos hostis a Israel do que foram as nações pagãs.

A civilização cristã prova que pode misturar-se com o mundo e até pode tomar o partido deste durante uma crise. No entanto, há uma coisa que está eternamente separada do mundo e jamais poderá misturar-se a este: a vida de Cristo. Suas naturezas são mutuamente antagônicas e não podem reconciliar-se. Entre o melhor espécime da natureza humana e o mais insignificante cristão não há nada em comum e, portanto, nenhuma base para comparação. Então, a bondade natural é algo que temos pelo nascimento natural e que, por nossos próprios esforços, podemos naturalmente desenvolver, mas a bondade espiritual, conforme as palavras de João, só tem quem "é nascido de Deus" (1 Jo 5.4).

Deus estabeleceu a Igreja em seu aspecto universal no mundo; aqui e ali tem plantado muitas igrejas locais [com "a Igreja em seu aspecto universal", o autor se refere a todos os redimidos, de todos os tempos e lugares, enquanto "igreja local" não é um nome ou denominação nem se aplica a qualquer grupo cristão, mas designa os cristãos em uma cidade que se reúnem como igreja, manifestando a expressão local da Igreja universal - Nota dos Editores.]. Eu disse que Deus tem feito isto. Portanto, seria irracional achar que Seu modo de livrar-nos do mundo seria por meio da separação física deste. Mas, como conseqüência, muitos cristãos sinceros estão muito confusos com o problema da absorção. "Se Deus planta uma igreja local aqui", eles questionam, "será que algum dia ela será reabsorvida pelo mundo?"

Isso, de fato, não representa problema algum para o Deus vivo. Já que sua origem não é do mundo, a família de Deus não tem nenhuma correspondência com este e, portanto, nenhuma possibilidade de o mundo a absorver. É claro que em nós, Seus filhos, não há nenhum mérito por isso. A Igreja não é santa porque desejamos sinceramente ser santos, mas porque somos nascidos do céu. E se nada pudemos fazer para obter nossa origem celestial, do mesmo modo não há nada que possamos fazer para manter-nos afastados fisicamente deste mundo.

Como pode o mundo misturar-se com o que é de outro mundo? Tudo o que há no mundo é como o pó, enquanto tudo o que é de Deus tem a miraculosa qualidade da vida divina. Alguns de nossos irmãos em Nanquin estavam, certa vez, ajudando no trabalho de rescaldo após a cidade ter sido bombardeada pelos aviões japoneses. De repente, enquanto estavam parados em frente aos escombros de uma casa, perguntando-se por onde começar, violentamente ergueu-se um monte de tijolos e madeiras, e um homem emergiu. Tirando o pó e o entulho que estavam sobre ele, levantou-se e saiu caminhando. As vigas e caibros derrubados caíram para trás e o pó assentou-se novamente, mas ele saiu caminhando vivo! Enquanto houver vida não há porque temer a mistura.

A oração que Jesus fez a Seu Pai, que João registrou no capítulo 17, contém um apelo muito impressionante. Tendo repetido a declaração de que "o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo", Jesus continua: "Não peço que os tires do (ek) mundo, mas que os livres do (ek) mal" (vv. 14, 15).

Aqui temos um importante princípio que ocupará nosso próximo capítulo. Os cristãos têm um lugar vital no mundo. Apesar de salvos do diabo, o mal, e de seu sistema, ainda não foram removidos de seu território. Eles têm um papel a desempenhar para o qual são indispensáveis.

As pessoas religiosas, como vimos, tentam vencer o mundo isolando-se deste. Mas não é essa a nossa atitude como cristãos, de forma alguma. Somos chamados para vencer o mundo exatamente aqui. Criados separados do mundo, aceitamos com alegria o fato de que Deus nos colocou nele. Essa separação, presente para nós da parte de Deus em Cristo, é toda a salvaguarda de que precisamos.

(Este texto é o sexto capítulo do livro "Não Ameis o Mundo", de Watchman Nee, publicado pela Editora dos Clássicos, em 2003. Vedado o uso comercial. Favor não divulgar sem mencionar a fonte.)

A necessidade de queimar as impurezas da alma.

Esbraseou-se-me no peito o coração; enquanto eu meditava, ateou-se o fogo; então, disse eu com a própria língua: Dá-me a conhecer, SENHOR, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade (Sl 39:3-4)

Mt 17:4-5, 24-27; 1 Pe 1:7


O Evangelho de Mateus 3:11 diz: “Ele vos batizará com Espírito Santo e com fogo”. Esse versículo não diz “ou” com fogo, mas “e” com fogo. No Espírito Santo há fogo para queimar as impurezas da alma.

A necessidade de queimar as impurezas da alma ficou evidente para nós na experiência de Pedro. Por ser muito forte em seu temperamento e cheio de opiniões naturais, o Senhor Jesus teve de expor sua vida da alma em várias situações, principalmente durante o tempo em que Pedro Lhe seguiu.

Certa vez, Pedro foi levado pelo Senhor ao monte da transfiguração, onde viu Moisés e Elias. Então seu impulso natural o levou a dizer: “Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias” (Mt 17:4).

Moisés tirou o povo de Israel do Egito, e Elias era profeta, que falava a Palavra de Deus no Antigo Testamento. Portanto ambos possuíam elevada posição para o povo de Israel e eram por eles venerados. Mas uma voz vinda do céu interrompeu o discurso de Pedro, dizendo: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (v. 5). Isso expôs a vida da alma de Pedro, que não deveria ter colocado o Senhor Jesus na mesma posição de Moisés e Elias.

Outra experiência de Pedro é relatada em Mateus 17:24-27: “Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto do templo e perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas dracmas? Sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti”. Pedro respondeu precipitadamente, sem primeiro consultar o Senhor. Então, para resolver o problema que criara, o Senhor o mandou buscar o valor do imposto na boca de um peixe que ainda iria pescar. Certamente, enquanto esperava pelo peixe, Pedro considerou o que havia feito e se arrependeu.

O Senhor Jesus aproveitava cada situação para expor a vida da alma de Pedro, com suas opiniões e “boas” sugestões, para que ele pudesse perceber quão terrível era sua vida natural, pois só assim ele iria negá-la.

Semelhantemente, hoje, Ele sempre vem expor a nossa vida da alma. Sua intenção é que, ao sermos iluminados, possamos nos arrepender, a fim de que as impurezas em nosso interior sejam queimadas pelo fogo do Espírito e sejamos mais puros do que o ouro depurado (1 Pe 1:7). Louvado seja o Senhor!

21 junho, 2012

Cumprir toda a justiça de Deus.

Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou (Jo 6:38). Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade (Hb 10:7)

Mt 3:2, 11, 15; Lc 1:41; Fp 2:8

João Batista, desde seu nascimento, estava destinado a ser sacerdote. Seu pai, Zacarias, era um sacerdote e, portanto, transmitiria esse ofício a seu filho. O sacerdote possuía características próprias, como, por exemplo, servir no templo, usar as vestes sacerdotais e comer da comida ofertada a Deus, como os pães assados no forno, o peito e a coxa do animal sacrificado.

João Batista, no entanto, rejeitou tudo isso. Embora fosse um sacerdote, não queria exercer o sacerdócio da maneira antiga, tradicional. Em vez de ficar no templo, ele ia para o deserto, onde se vestia com pelo de camelo, animal considerado imundo pelos judeus; em vez de comer a comida destinada aos sacerdotes, ele se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.

A fim de preparar o caminho para o Senhor, ele pregava: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3:2). Mas qual era a maneira de se arrepender? Sendo batizado por ele. Por isso ele era chamado João Batista, porque batizava as pessoas com água. O batismo indicava o fim da velha maneira de vida e a necessidade de ter uma mudança na maneira de pensar, isto é, ter uma renovação da mente.

Ele dizia: “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (v. 11). O batismo era apenas uma preparação para que eles recebessem o Filho de Deus e por Ele fossem batizados com o Espírito Santo e com fogo.

João Batista já conhecia o Senhor Jesus desde o ventre materno. O Evangelho de Lucas registra que, quando a mãe de Jesus, Maria, foi visitar a mãe de João Batista, Isabel, a criança estremeceu no seu ventre (1:41). Ele mesmo dizia ser o precursor do Senhor Jesus, tendo a responsabilidade de abrir a vereda, aplainar a estrada, para que o Filho de Deus nos trouxesse o reino dos céus. João Batista, portanto, sabia que Aquele que viria depois dele era o Rei do reino dos céus.

Deus tornou-se homem em Jesus e viveu na terra para ter a experiência da vida humana. Em Jesus, a natureza divina foi trabalhada na natureza humana a fim de que Ele, como um homem, pudesse cumprir a vontade de Deus. Aos trinta anos de idade, Jesus foi até João Batista para ser batizado. Ao ser interpelado por João sobre o que estava para fazer, o Senhor disse: “Convém cumprir toda a justiça de Deus” (cf. Mt 3:15). A justiça de Deus se refere a tudo o que Deus determinou, a fazer toda a Sua vontade.

Dessa forma, como homem, o Senhor Jesus veio para cumprir tudo o que o Pai determinou. Ele não apenas foi batizado por João, como também se submeteu a toda vontade do Pai. Ele morreu em nosso lugar e derramou Seu sangue pelos nossos pecados. Ele foi obediente até a morte, e morte de cruz (Fp 2:8). Após Sua ressurreição, Ele veio para nos batizar com o Espírito Santo, acrescentando Sua vida a nós, e com fogo para queimar as impurezas da nossa alma.

Que aprendamos com o modelo de obediência do Senhor, a fim de cumprirmos a justiça de Deus e recebermos o galardão de reinar com Cristo no mundo que há de vir!

O arrependimento e o reino.

O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho (Mc 1:15). Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento (2 Pe 3:9)

Rm 8:6; Ap 20:6

Desde os tempos de João Batista, já se pregava sobre o reino dos céus. Contudo muitos cristãos ainda não têm clareza sobre o que é o reino dos céus ou o que significa dizer que ele está próximo. Em geral, sabe-se que haverá novo céu e nova terra na eternidade futura, mas, antes disso, haverá a manifestação do reino dos céus na terra por mil anos. Esse reino milenar, no qual o Filho de Deus estabelecerá Sua autoridade, é também chamado de o mundo que há de vir (Hb 2:5; Lc 18:29-30). Nesse período, Ele não governará sozinho, mas terá um grupo de pessoas que O ajudará a reinar (Ap 20:6).

Nós queremos ser os que governarão com Cristo em Seu reino, mas, para isso, precisamos estar preparados. O caminho para entrar na manifestação do reino dos céus ocorre dia a dia na vida da igreja, quando negamos a nós mesmos e crescemos na vida de Deus.

Por isso, em primeiro lugar, precisamos arrepender-nos. O arrependimento significa mudança de mente, isto é, a mente, que é a parte principal da alma, precisa mudar de direção. Romanos 8:6 diz que a mente posta na carne dá para a morte; mas no Espírito, para vida e paz. A mente é a parte líder da alma, e esta precisa estar no espírito para cogitar das coisas de Deus (Mt 16:23). Para colocá-la no espírito, a vida natural e independente da alma tem de ser negada; nossos pensamentos naturais e caídos precisam ser rejeitados. Quando isso acontece, a vida de Deus que está em nosso espírito tem espaço e passa a nos governar. O resultado é vida e paz.

O arrependimento está ligado a negar a nós mesmos e é fundamental para o reino que há de vir. Quanto mais você nega a vida da alma nesta era, permitindo que a vida de Deus cresça em seu interior, mais habilitado estará para governar o mundo vindouro.

Além do crescimento em vida, precisamos ser aperfeiçoados para a obra do ministério. Na vida da igreja somos encorajados a usar os dons que recebemos de Deus para ganhar mais graça, que é o próprio Cristo acrescentado a nós. Dessa maneira, podemos ser mais úteis ao Senhor hoje e também na era vindoura.

Eis o tempo sobremodo oportuno para quem deseja reinar com o Senhor! O reino dos céus está próximo, portanto vamos aproveitar o tempo que temos e as oportunidades que o Senhor nos dá para negar a nós mesmos, rejeitando os pensamentos e opiniões naturais, e nos dispor a cumprir a obra do ministério. Aleluia!

20 junho, 2012

Nascer de novo, negar o ego e ser aperfeiçoado.

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra  (2 Tm 3:16-17)

Jo 3:3-5, 16; Rm 3:23

O livro de Romanos nos mostra o evangelho de Deus, que possui dois aspectos: o evangelho da graça e o evangelho do reino. Os dois juntos compõem a obra completa de Deus para o homem e resultam em sua entrada no reino dos céus.

Para alguém entrar no reino dos céus, em primeiro lugar, precisa resolver a questão dos pecados e nascer de novo, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3:23; Jo 3:3-5). Por isso o evangelho da graça mostra que Jesus Cristo, o Filho de Deus, morreu e foi crucificado pelos pecados da humanidade, derramando Seu sangue para purificá-la de todo pecado. Quando os pecadores creem no nome do Senhor Jesus, são salvos pela graça; não perecerão, mas terão a vida eterna (Jo 3:16).

O segundo passo é ser colocado na vida da igreja. Quando fomos salvos, ganhamos a vida de Deus, mas ainda somos como um bebê recém-nascido que precisa de alimento para crescer (Gl 4:1-2; 1 Pe 2:2). A vida da igreja é o ambiente preparado por Deus para sermos supridos com a Palavra e crescermos na vida divina, negando a vida da alma. Nele somos aperfeiçoados para nos preparar para governar com Cristo no reino vindouro.

Antes, tínhamos o conceito de que seríamos povo no reino dos céus, mas o Senhor nos tem mostrado, à luz da Bíblia, que iremos governar juntamente com Ele sobre as nações no Seu reino milenar. Contudo, para ganhar tal responsabilidade, precisamos mais da vida de Deus. Para isso, sempre que nossa vida da alma se manifestar devemos renunciá-la, mantendo, assim, o nosso eu caído na cruz. À medida que negamos a vida natural, a vida de Deus cresce.

A crucificação de Jesus pôs fim ao velho homem uma vez por todas, mas, em nossa experiência, precisamos mortificar nosso ego caído. Quanto mais a vida da alma é negada, mais guiados pela vida divina seremos.

Por outro lado, a vida da igreja também nos aperfeiçoa para a obra do ministério. Esse aperfeiçoamento é necessário para sermos capacitados a administrar o mundo que há de vir. Sabemos que os ministérios se dividem em três categorias: da Palavra, dos serviços e das ofertas de riquezas materiais.

Graças ao Senhor, temos sido aperfeiçoados no ministério da Palavra. Somos estimulados a falar a Palavra de Deus e todos podemos fazê-lo compartilhando nas reuniões da igreja e pregando o evangelho. Também temos praticado os diversos aspectos dos serviços na igreja; e ainda somos encorajados a dispor de nossas riquezas materiais para ofertar para as necessidades da obra do Senhor.

Isso tudo faz parte do evangelho do reino, das boas-novas que nos foram anunciadas e que devemos proclamar a todos os filhos de Deus, para que possamos crescer, amadurecer espiritualmente e ser aperfeiçoados para reinar no mundo que há de vir.

18 junho, 2012

Refletindo...

Ansiedade

"NÃO ANDEIS ANSIOSOS DE COISA ALGUMA"
(FILIPENSES 4:6,7).

Todos nós supomos que há muitas desculpas para ficarmos ansiosos, mas Deus
não admite nenhuma razão para a nossa ansiedade. Para Deus toda ansiedade é
sem motivo e por isso nos instrui: "Não andeis ansiosos de coisa alguma" (Fp
4:6). Nenhuma ansiedade é legítima e permitida por Deus.
"Em tudo porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela
oração e pela súplica, com ações de graça" (Fp 4:6). Seria bom colocarmos
nas mãos de Deus todo o que enfrentamos. ORAR É UM PRIVILÉGIO DE TODO
CRISTÃO. Podemos orar não só por grandes e pequenas coisas, mas podemos orar
por tudo.

Temos Aquele a quem podemos tornar conhecidas as nossas petições, Aquele em
que podemos confiar e que carregará o nosso fardo. Não precisamos nos
preocupar, porque podemos confiar tudo a Deus pela oração. A ORAÇÃO É A
NOSSA SAÍDA, DEUS É A NOSSA SAÍDA.
De acordo com Filipenses 4:6 além da oração e súplica, também temos as ações
de graça. Precisamos nos lembrar: tudo o que nos sobrevêm e é colocado em
nossas mãos são provenientes das mãos que foram transpassadas e, é ordenado
pelo Senhor que morreu por nós. Por isso, podemos de antemão agradecer a
Deus: "Ó Deus, Tu não podes errar".
Orar é ganhar algo de Deus, ao passo que dar graças é apresentar-lhe nossa
oferta de ações de graça.

1 Pedro 5:7 diz-nos: "Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele
tem cuidado de vós". Isaías 53:4: "Certamente, ele tomou sobre si as nossas
enfermidades e as nossas dores levou sobre si".
Perceba que, exatamente agora, Deus quer que você lance sobre Ele tudo o que
te preocupa. Hoje, você não precisa preocupar-se mais! (Mateus 6:25-34;
Mateus 10:29-31).

"E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos
corações e as vossas mentes em Cristo Jesus" (Filipenses 4:7).
Deus ordena que em tudo, pela oração, súplica e ações de graça, tornemos
conhecidas as nossas petições a Ele. Ele também promete que permitirá que a
Sua própria paz haja como soldados a nos guardar, excluindo assim, todos os
distúrbios, intolerâncias e inquietações exteriores. Realmente, a paz de
Deus é a paz que transcende o nosso entendimento, você jamais imaginou tal
coisa. Se confiarmos Nele em tudo, a paz que homem algum pode imaginar irá
guardar nosso coração, capacitando-nos assim a atravessar com segurança toda
tempestade no mar que é este mundo. "Guardará os vossos corações e as vossas
mentes", não quer dizer guardar o ambiente ao seu redor, nem eliminar as
perturbações à sua volta, antes, quer dizer trazer paz ao seu coração.

(Fonte: Doze Cestos Cheios, Editora Árvore da Vida, volume 1)

A maneira de entrar no reino e governar com o Senhor.

Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 2:11)

Jo 3:3; Rm 6:6; 1 Co 12:3; Ef 4:7; Hb 2:5


Graças ao Senhor, Sua obra na cruz resolveu o problema do pecado e aniquilou nosso velho homem (Rm 6:6). Deus coloca todos aqueles que ouviram o evangelho da graça e receberam Sua vida na vida da igreja, um ambiente propício para negar a vida da alma e crescer na vida divina.

O nosso objetivo de crescer em vida é reinar com o Senhor no mundo que há de vir (Hb 2:5). Essas boas-novas se referem ao evangelho do reino, que possui duas exigências: a primeira é ter a vida de Deus (Jo 3:3), e a segunda é viver a vida da igreja.

Fomos justificados e santificados, e o problema dos pecados foi resolvido, por isso pudemos receber a vida de Deus. Agora essa vida precisa crescer a fim de apressarmos a vinda do Senhor com o Seu reino.

Para isso, em primeiro lugar, precisamos estar no espírito, invocando o nome do Senhor (1 Co 12:3). Quando dizemos: “Ó Senhor Jesus!”, estamos no espírito. Em segundo lugar, precisamos exercitar os dons que recebemos do Espírito. Quando usamos esses dons, a graça, que é o próprio Senhor Jesus, vem até nós (Ef 4:7). Quanto mais usamos os dons, mais a graça vem, e mais de Cristo nos é acrescentado.

O resultado dos dons acrescidos da graça é que se tornam ministérios. Na vida da igreja, também somos aperfeiçoados para desempenharmos a obra do ministério. Aperfeiçoados nessa obra, teremos as qualificações para entrar no reino dos céus. A igreja possui as chaves do reino dos céus (Mt 16:19) e, se vivermos adequadamente a vida da igreja, as portas dos céus estarão abertas para nós e para os que estão ao nosso redor.

A Bíblia nos mostra que o reino dos céus está próximo. Há pelo menos três trechos que falam da necessidade de arrepender-se, porque está próximo o reino dos céus. A primeira vez foi com João Batista, que pregava que estava próximo o reino dos céus (Mt 3:2). Depois, após ser batizado e ungido com o Espírito, Jesus passou a pregar sobre o arrependimento, pois estava próximo o reino dos céus (4:17). Então, na terceira vez, o Senhor Jesus escolheu doze discípulos, que passaram a ser chamados de apóstolos, e os enviou a pregar que o reino estava próximo (10:5). Aleluia!

Que sejamos despertados para o arrependimento a fim de fazer a vontade de Deus hoje e governar com o Senhor em Seu reino!

Suportar uns aos outros em amor.

Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4:1-3)

Gl 5:6; 1 Pe 1:6-7, 9; 4:8; 2 Pe 1:5-8


No passado tínhamos um conceito muito doutrinal acerca de 1 Coríntios 13. Mas fomos alcançados pela misericórdia do Senhor e hoje podemos não apenas entender, como também viver de acordo com essas palavras. Rogamos ao Senhor que o que está descrito ali seja cada vez mais visto em nosso meio.

O Senhor já resolveu o problema de nossos pecados; tomamos posse dessa realidade por meio da fé no poder de Seu sangue precioso. Quanto ao nosso corpo corruptível, temos a esperança da promessa de que seremos transformados em Sua segunda vinda. No entanto nossa responsabilidade hoje é obter a salvação da alma (1 Pe 1:9). Para isso usamos o fogo santificador que há em nosso espírito, para queimar as impurezas da alma (vs. 6-7). Todavia, para mantermos a chama da fé ardendo em nosso espírito, o caminho é vivermos intensamente a vida da igreja em amor (Gl 5:6; Ef 3:17-19). A fé regenerou nosso espírito, mas o fluir do amor de Deus em nós é o que transforma nossa alma.

Quando vivemos a realidade da vida da igreja, no espírito, passamos a lidar em amor com as diferenças entre os irmãos. Muitas divergências de opiniões e contendas entre irmãos surgem pela falta de crescimento na vida espiritual. É precisamente por isso que devemos exercitar o amor, que é o fluir da vida divina. Somente assim somos capazes de negarmos nosso ego e aceitar os outros como eles são.

Em Efésios 4:1-3 vemos que por meio do amor somos capazes de suportar-nos, ou seja, sustentar-nos uns aos outros, preservando a unidade do Espírito no vínculo da paz. Em nossos atos, comunhões e no cuidado para com os que nos cercam, o amor de Deus em nós é o que deve prevalecer.

Desse modo, ao sermos confrontados em nossas opiniões, não devemos discutir e tentar fazer prevalecer nossa vontade. Pacientemente esperamos, crendo que o Senhor está à nossa frente e cuidará de tudo. Nós também continuamos invocando o nome do Senhor, para que Cristo seja expresso em nós. Se ainda assim alguém insistir, não querendo negar o ego, devemos ser pacientes e orar por esse irmão, cobrindo-o com amor (1 Pe 4:8). Se procedermos assim, seremos guardados de todo falar maldizente e, por certo, um dia, o Senhor mudará esse irmão.

Por fim, em 2 Pedro 1:5-8 vemos que o fruto final produzido pela fé é o amor. Se as coisas relacionadas nesses versículos existirem em nós e em nós aumentarem, farão com que não sejamos nem inativos nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (v. 8).

Como resultado de andar no caminho sobremodo excelente do amor, não tropeçaremos em tempo algum, e assim nos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (vs. 10b-11). Que sejamos abundantes no viver da igreja, servindo com um espírito fervoroso e amando ardentemente uns aos outros. Amém!

16 junho, 2012

O amor é paciente.


Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas (Tg 5:7)


Mt 23:45-46; Rm 8:6; 1 Co 13:4-7; 1 Ts 2:7-12

Como vimos em mensagens passadas, a mente é a parte dominante da alma. Uma vez que inclinemos nossa mente para as coisas do espírito, ganhamos vida e paz (Rm 8:6). Essa vida se expressa em nós por meio do amor, manifestado nas atitudes de um caráter transformado.
À luz de nossa experiência podemos confirmar isso. Com o passar dos anos percebemos o trabalhar de Deus em muitos irmãos. Já não mais murmuram diante das dificuldades nem reclamam dos irmãos ou de suas características, pois estão cheios do amor de Deus. Estes são aqueles que buscam constantemente invocar o Senhor, vivendo intensamente a vida da igreja.
Esse amor também nos capacita a cuidar dos irmãos com paciência, alimentando-os com a Palavra (Mt 23:45-46). No passado lidamos com um grupo de jovens desobedientes, que vinham às conferências e causavam problemas. Eles não participavam das reuniões e ficavam dispersos. Contudo, com o passar do tempo, o Senhor, pouco a pouco, transformou o coração deles. Hoje vemos que a vida cresceu neles, pois desfrutam o Senhor e estão envolvidos com os serviços na igreja.
Isso é o resultado do labor do amor, pois no amor temos paciência (1 Co 13:4). Por meio dessa paciência aguardamos o trabalhar de Deus nos irmãos, e não nos inquietamos ou os desprezamos quando eles apresentam dificuldades por não negarem a si mesmos.
Para que sejamos iluminados em nosso coração acerca da maneira que temos tratado aqueles que nos cercam, precisamos ler com oração estes versículos: “O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (vs. 4-7).
O labor do amor é como cultivar uma plantação. Ao fazê-lo, não podemos forçar seu crescimento, tampouco exigir frutos dela. O lavrador pacientemente aguarda o fruto, com cuidado e nutrição, e seu amadurecimento (Tg 5:7). Essa paciência também deve ser vista na relação entre pais e filhos e em nosso cuidado para com os irmãos, tal qual Paulo descreve em 1 Tessalonicenses 2:7-12. Que o Senhor encha nosso coração com Seu incondicional amor a fim de cuidarmos uns dos outros da mesma maneira.

A pregação do evangelho é o fluir do amor


Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos (1 Jo 3:16)


Is 12:3-4
Quando pregamos o evangelho mais do amor de Deus cresce em nós, levando-nos a amar as pessoas como Deus as ama. Por amar o homem, Deus enviou Seu próprio Filho para nos salvar e dar a vida eterna (Jo 3:16). Glória a Deus!
Porque vivemos segundo a vida divina, o amor pelas pessoas é produzido em nós. Quanto mais invocamos o nome do Senhor Jesus, mais enchidos pelo Espírito somos e, assim, espontaneamente ganhamos o encargo de pregar o evangelho e permitir que esse amor flua para as pessoas.
Quando nosso alvo é apenas fluir esse amor, nossa preocupação não é ensinar ou debater doutrinas com as pessoas. Nosso interesse é tão somente pregar-lhes o evangelho da graça, para que a vida de Deus seja infundida naqueles que creem. Por isso procuramos ajudar as pessoas a receberem a vida de Deus por meio de invocar o nome do Senhor Jesus. Damos graças ao Senhor, pois isso é muito prático. Ao levar as pessoas a invocar esse nome maravilhoso, estamos ajudando-as a beber da fonte da salvação (Is 12:3-4).
No passado recebemos a visão do CEAPE (Centro de Aperfeiçoamento para Pregação do Evangelho), onde inicialmente os irmãos se consagravam por um ano para a obra do Senhor. Metade desse tempo era dedicada às lições bíblicas, e a outra metade era voltada para saídas às cidades para pregação do evangelho. Louvamos ao Senhor pela visão que recebemos acerca do CEAPE, e encorajamos os irmãos a se apresentarem para esse aperfeiçoamento.
Contudo, com o passar dos anos, o Senhor aumentou nossa visão sobre como conduzir esse aperfeiçoamento. Atualmente, vimos que, ao aperfeiçoar os irmãos, podemos ser mais práticos do que teóricos. Embora seja importante conhecermos as verdades sobre a salvação, o principal é ajudarmos os irmãos a ver a importância de invocar o nome do Senhor para ganhar a salvação e estar no espírito (At 2:21; Rm 10:13). Ao contatar as pessoas, elas precisam ser tocadas pelo amor de Deus e ajudadas a invocar o nome do Senhor crendo no coração (v. 9). Portanto o requisito para pregarmos o evangelho não é sabermos falar sobre as verdades bíblicas, mas simplesmente amar as pessoas, fluindo a vida de Deus para elas (1 Jo 3:16).
Nosso encargo deve ser prosseguir e ajudar os que já receberam o evangelho da graça, tendo crido no Senhor Jesus, a ver a necessidade de seguir o Senhor, negando a vida da alma. Nesse momento precisamos ajudá-las a se alimentar e desfrutar da Palavra de Deus e dos livros espirituais que nos ajudam a entendê-la, promovendo um tempo de leitura com elas. Também podemos encorajá-las a convidar seus amigos e parentes a participar dessas reuniões para que eles igualmente sejam supridos com a vida de Deus. Tudo isso faz parte do fluir do amor!

14 junho, 2012

Refletindo...

Antes de Tudo

Antes que possa haver uma vida cristã próspera, nobre, resistente ao mundo, firme na tentação, inabalável nas provações, cheia de bons frutos, deve haver uma estreita união com Deus em secreto.

Paul E. Billheimer

O caminho para o aperfeiçoamento.

Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição (Cl 3:13-14)

Mt 24:14; Rm 12:4-8; 1 Co 12:27-28, 31; Ef 4:11


Muitos cristãos dão atenção excessiva aos dons miraculosos, como o dom de falar em línguas ou de curar. Existem diversos dons espirituais, mas precisamos dar mais atenção aos melhores dons (1 Co 12:31). Os melhores dons sempre visam ao beneficio dos outros, e não meramente ao benefício próprio.

Tanto em 1 Coríntios 12:12-27 como em Romanos 12:4-5, vemos que cada um de nós foi constituído membro do Corpo de Cristo. Assim como todo membro do corpo possui sua função, também nós, como membros do Corpo de Cristo, quando desenvolvemos nossa função, passamos a ter um ministério.

Por exemplo, em um corpo humano normal as duas mãos possuem basicamente as mesmas funções, mas somente aquela que é treinada e aperfeiçoada consegue escrever bem. Podemos dizer que essa mão, por ter desenvolvido sua função mais do que a outra, possui o ministério de escrever.

O ministério está relacionado com a vida e com o aperfeiçoamento. Logo, quanto mais seu ministério amadurecer e for aperfeiçoado, maior será sua função no Corpo de Cristo. E tudo isso vem do exercício dos dons.

Para que alcancemos essa realidade, o amadurecimento de nossos dons e ministérios, precisamos da comunhão do Corpo de Cristo, do suprimento e ajuda mútua dos demais membros. Ainda em Colossenses 3:13-14 Paulo mostra-nos que o amor é o vínculo da perfeição, é o que nos leva a manter a unidade, mesmo diante de qualquer diferença que exista entre nós. E isso é o que chamamos de a vida da igreja.

Ao considerarmos nosso encargo de pregar o evangelho do reino e levar vida para todos, precisamos reconhecer nossa necessidade de aperfeiçoamento, pois o Senhor quer levar essa revelação para toda a terra habitada (Mt 24:14). A pregação do evangelho é um ministério que todos nós podemos desenvolver. Para tanto, precisamos cooperar uns com os outros, nos encorajando e admoestando mutuamente. Todavia tal objetivo somente poderá ser alcançado se houver amor, isto é, se a vida de Deus se manifestar por meio de nós.

Louvado seja o Senhor, o amor é o caminho sobremodo excelente para sermos aperfeiçoados e reinarmos com Cristo. Aleluia!

13 junho, 2012

Refletindo...

Andando sem tropeçar

Ele não permitirá que os teus pés vacilem. Salmos 121.3
Se o Senhor não permitirá isto, nem homens, nem demônios podem fazê-lo acontecer. Quão intensamente eles se regozijariam, se pudessem nos causar uma queda desastrosa, mover-nos de nossa posição e enterrar-nos sem deixarmos recordação! Eles seriam capazes de fazer tais coisas, para contentar seu próprio coração, se não houvesse apenas um obstáculo: o Senhor não permitirá. E, se Ele não o permitirá, nós não tropeçaremos.

O caminho da vida é semelhante a viajar pelos Alpes. Caminhando pelas veredas das montanhas, uma pessoa está constantemente exposta aos deslizes de seus pés. Onde o caminho é mais elevado, a cabeça mostra-se propensa a sentir tonturas, e, deste modo, os pés logo escorregam. Existem lugares lisos como o vidro, e outros que são bastante ásperos, com muitas pedras soltas. Em qualquer desses lugares, uma queda é difícil de ser evitada. Aquele que, durante toda a sua vida, é capacitado a preservar-se de pé e a andar sem tropeços tem muitas razões para ser grato a Deus. Nenhum filho de Deus permaneceria de pé, por um momento sequer, diante de abismos, armadilhas, fraquezas físicas e inimigos sutis, se não fosse por causa do fiel amor de Deus, que não permitirá que os pés de seus filhos vacilem.

Estou em pé, rodeado de armadilhas,

Por tua mão sustentado e guardado.

Tua mão invisível ainda me susterá

E ao teu monte santo me levará.



C.H.Spurgeon

12 junho, 2012

A estrutura da vida cristã.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor (1 Co 13:13)
Rm 10:17; 1 Co 12:31; 15:53; 1 Ts 1:2-3


Nesta semana daremos continuidade à nossa comunhão acerca dos dons espirituais, destacando o maior e principal deles, que é o amor. O desejo de Deus é nos conceder os maiores dons e, nesse propósito, nos revelar o caminho para alcançá-los. Em 1 Coríntios 12:31 Paulo menciona a existência de um caminho sobremodo excelente para encontrarmos os melhores dons e, no capítulo 13, ele descreve esse caminho.

No versículo 13 desse capítulo vemos: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”. Esses três constituem a estrutura da vida cristã. Em 1 Tessalonicenses também encontramos esses três itens essenciais: “Damos sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações, e sem cessar recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1:2-3). Nessa passagem encontramos a operosidade da fé, a abnegação do amor ou labor do amor e a firmeza da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo.

A fé possui relação com o nosso espírito humano. Por termos crido no Senhor Jesus e em Sua obra redentora, nosso espírito humano foi salvo. O amor está relacionado com a nossa alma. O amor de Deus é que nos constrange a não viver mais para nós mesmos, isto é, a negar a vida da alma, e seguir o Senhor, juntamente com nossos irmãos (2 Co 5:14-15). A esperança relaciona-se com o nosso corpo. No grande dia em que o Senhor retornar, irá transformar nosso corpo corruptível em um corpo de glória (1 Co 15:53).

Assim temos os itens que compõem a estrutura da vida cristã. A fé é o primeiro item da vida cristã, obtida por crer no Senhor, por ouvir Sua palavra (Rm 10:17 - VRC). Após crermos, podemos viver a vida da igreja, que compreende expressarmos o amor de Deus que recebemos por meio de Sua vida. Nossa esperança, por sua vez, está vinculada à volta do Senhor Jesus, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da Sua glória (Fp 3:21).

Dentre os três, o amor é o maior e principal item da vida cristã, por meio do qual podemos renunciar a nós mesmos em favor do Senhor e dos irmãos. Se o nosso viver e labor na obra do Senhor forem provenientes do amor, certamente haverá a expressão da vida de Deus, e a vontade do Senhor será feita.