Por esta
razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela
imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de
covardia, mas de poder, de amor e de moderação (2 Tm 1:6-7)
At 20:18-31; Ef 3:1-12; 1 Tm 1:1-5
A
parábola do semeador se relaciona com a primeira das igrejas de
Apocalipse, a igreja em Éfeso, que simboliza a igreja na época dos
apóstolos. A igreja em Éfeso recebeu bastante cuidado do apóstolo Paulo
(At 19:8-10; 20:18-31). Ela deveria estar numa condição desejável, como o
próprio nome significa. Mas, na época de Paulo, não estava numa
condição tão boa.
Quando foi
aprisionado pelos judeus e enviado a Roma, Paulo escreveu quatro
epístolas: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Embora,
pessoalmente, não pudesse estar lá para ajudar na edificação da igreja,
esperava que os efésios tomassem suas palavras e assim edificassem a
igreja em Éfeso. O objetivo da epístola era que a igreja pudesse lê-la e
praticá-la. A carta aos efésios continha as revelações elevadas sobre a
economia neotestamentária de Deus, isto é, sobre a Fé objetiva ser
trabalhada em nossa fé subjetiva (cf. Ef 3:2-4, 8-9)¹.
Após ser solto de
seu primeiro aprisionamento, Paulo visitou novamente as igrejas da Ásia
e passou por Éfeso, porém não pôde permanecer no meio deles por tanto
tempo como anteriormente. Assim quando partiu deixou ali seu jovem
cooperador Timóteo, a quem mais tarde enviou uma epístola na qual pediu a
ele para que admoestasse certos irmãos que não ensinassem coisas
diferentes da economia de Deus (1 Tm 1:3-4)².
Porém, a situação em Éfeso era tão negativa e subjugadora que até mesmo
Timóteo ficou desencorajado. Paulo, então, lhe escreveu uma segunda
carta para animá-lo.
A igreja em Éfeso
naquela condição não era desejável. Nisso vemos a relação entre a
primeira parábola e a igreja em Éfeso. O coração dos santos ali talvez
estivesse como os três primeiros tipos de solo na parábola do semeador,
de modo que a Palavra não pôde frutificar. Timóteo, mesmo exortando-os a
não ensinar diferentemente, não conseguiu fazê-los permanecer firmes na
economia divina. Podemos dizer que os irmãos de Éfeso usaram a mente
para estudar e analisar os ensinamentos de Paulo, porém não o espírito
para absorvê-los. Por fim, apenas os consideravam como doutrina. Essa
nunca foi a intenção do apóstolo Paulo.
Hoje há muitos
cristãos que também tomam a Palavra de Deus como doutrina e até mesmo se
orgulham em ter maior conhecimento bíblico que os demais. Esse tipo de
atitude não produz crescimento espiritual, e sim o fortalecimento da
soberba, da vida da alma.
A situação
negativa da igreja em Éfeso e o desencorajamento de Timóteo diante dessa
situação motivaram o apóstolo Paulo a lhe escrever uma segunda
epístola, exortando-o a reavivar, ou reacender, o dom que havia nele (2
Tm 1:6). Igualmente, nós devemos exercitar nosso espírito ao ler a
Palavra e aplicá-la à nossa experiência, a fim de que se torne nossa
realidade. Desse modo, assim como a semente que caiu em boa terra, a
palavra do reino poderá germinar, crescer e dar fruto a cem, a sessenta e
a trinta por um.
¹A palavra “dispensação” no v. 2, na língua original grega, é “economia”.
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